Não consegui dizer nada, ficando um pouco perdida no rosto de Sky. Acho que em algum momento na Floresta Noturna, eu imaginei que jamais iria ver o rosto dele de novo. Ou falar com ele. Tinha certeza que ele tinha voltado pro acampamento, depois de ter conseguido o que queria da bruxa. Mas ele estava lá na saída da caverna quando os elementais chegaram. Ele quem me carregou de lá, quando eu não conseguia nem falar direito.
—O Raven cortou sua língua nesses dias que passou com ele? —Indagou, me fazendo soltar uma risada baixa e negar com a cabeça.
—Você pelo visto continua o mesmo. —Afirmei, sem saber se estava fazendo um elogio a ele ou não. Era difícil pensar quando Sky estava tão perto de mim.
—Ainda me acha um babaca, mesmo depois de eu ter te carregado até o Chalé Azul? —Indagou, levando a mão ao peito como se estivesse ofendido. —Eu estava esperando algum agradecimento.
—Obrigada. —Falei, sendo totalmente sincera, vendo a surpresa que tomou conta dos olhos dele. —Obrigada por ter me carregado e por ter ido salvar o meu tio. Nunca vou esquecer que fez isso. É importante pra mim. Então, obrigada, Sky.
—Nossa, eu não estava esperando por isso. —Ele soltou, mordendo o lábio como se realmente tivesse sido pego de surpresa. Sorri com aquilo, percebendo que tinha o deixado sem palavras do por agradecê-lo por algo que ele merecia. —Sabe, me empenhei bastante em encontrar você. Acho que eu mereço mais do que um obrigada.
—Claro que eu ia te dar a mão e você ia pedir o braço todo. —Exclamei, soltando uma risada, vendo-o abrir um sorriso inocente e dar de ombros, como se aquilo não fosse nada demais. Meu coração chegou a garganta, enquanto eu me perguntava o que estava acontecendo ali, entre nós dois. —Por que você ajudou, Sky? Não era obrigação sua. E Amélia nem queria vocês aqui.
—É, ela não esperou um segundo pra chutar nossas bundas daqui. —Sky riu ao dizer aquilo, mas a frustração não passou despercebida por mim. —Pensei que soubesse o porquê de eu ter ajudado. Eu teria ido ver você, se seu tio não ficasse igual um cão de guarda no seu quarto. Caio teve mais sorte que eu.
—Na verdade, eu não sei porque ajudou. —Afirmei, ignorando o calor que atravessou meu corpo com aquela afirmação de que ele teria ido me ver. Ele queria ir. —Você é bem difícil de interpretar as vezes.
—Eu fiz isso por você. —Não hesitou um segundo em responder, dando um passo na minha direção, o que me fez prender a respiração quando o senti tão próximo. Quando o perfume dele se chocou contra mim e aqueles olhos queimaram sobre os meus.
—Você não gosta de arcadianos. —Afirmei, engolindo em seco quando ele abriu um sorrisinho torto.
—Você não é de Arcádia. Não inteiramente, pelo menos. —Sussurrou, com a respiração atingindo meu rosto quando o rosto se inclinou para perto do meu. —E eu nunca disse que odiava arcadianos. Se quer mesmo saber, não gosto nem do meu próprio povo. Mas você sempre tem que complicar tudo, não é?
—Eu não estou complicando nada. Só estou tentando entender você. —Falei, umedecendo os lábios com a língua, enquanto sentia uma faísca percorrer o ar entre nós dois, enquanto não desviávamos os olhos um do outro. Aquele lugar se tornando absurdamente quente muito rápido. —O que você quer, Sky?
Prendi a respiração quando ele ergueu a mão e deslizou pela minha bochecha, levando alguns fios de cabelo para trás da minha orelha. Os dedos dele deixaram um rastro de fogo pela minha pele, que me fez estremecer até os ossos, sentindo a presença dele quase na minha alma. Ele era demais pra mim.
—De você eu quero muitas coisas, mas tenho a sensação que me mataria se soubesse da maioria delas. —Sussurrou, com a mão deslizando pelos meus cabelos até minha nuca, massageando a minha pele, enquanto eu sentia um arrepio percorrer meu corpo e amolecer minhas pernas. —Estou me perguntando se você vai tentar me matar depois...
—Depois do que? —Questionei, com minha voz saindo como um sussurro da minha voz, trêmula demais para passar despercebida por Sky.
Mas a mão dele massageando minha nuca. A proximidade. Os olhos que devoravam cada traço do meu rosto. Eu poderia mergulhar naquela imensidão cinzenta dos olhos dele e não sair mais. Ele era tempestade e fúria. Mas em vez de cair sobre minha cabeça e me destruir, estava caindo ao meu redor. Se moldando a mim.
—Depois que eu te beijar. —O nariz dele roçou no meu e eu precisei engolir muito lentamente e fechar os olhos por um momento, antes de os abrir e encarar os dele, vendo toda a determinação e o desejo que queimavam dentro dele.
—Você não vai me beijar.
—Tem certeza disso? —Questionou, erguendo de leve uma das sobrancelhas, antes dos lábios tocarem no meu como uma carícia suave.
Fechei os olhos, erguendo minhas mãos e agarrando os ombros dele, enquanto Sky puxava minha nuca e mergulhava a boca na minha. Gemi contra os lábios dele ao sentir seu gosto, quando sua língua entrou na minha boca. Ele me apertou contra ele, envolvendo minha cintura com as mãos, enquanto eu agarrava seus cabelos e puxava seu rosto mais pra mim, precisando mais dele. De mais daquilo que ele tinha pra me dar.
O som profundo que saiu da garganta dele quando puxei seus cabelos fez o calor atravessar meu corpo como um raio, se concentrando em uma parte específica que me fez desejar montar no colo dele e não sair mais, até conseguir o que queria. Sky deslizou as mãos pelo meu quadril, explorando o que conseguia até chegar nas minhas pernas.
Com um impulso, elas estavam ao redor do quadril dele, enquanto ele caminhava até aqueles fardos de feno. Não paramos de nos beijar um segundo sequer com isso, mesmo que eu não conseguisse respirar. Mas a cada mergulho da língua dele na minha boca, mais eu queria, agarrando ele com tanta força que tinha certeza que só o soltaria se desmaiasse.
—Porra, como você é perfeita! —Sibilou, mordendo meu lábio e o puxando, antes de me beijar com ainda mais força e necessidade.
Meu corpo foi colocado sobre aqueles fardos de feno e ele veio sobre mim. Calor envolveu cada centímetro da minha pele quando senti o peso do corpo dele contra o meu. A rigidez dos músculos que me mantinham presa embaixo dele. Sky segurou minha garganta, afastando os lábios dos meus, com a respiração tão alta que eu nem conseguia mais ouvir os guerreiros lá fora.
Abri os olhos, puxando o ar com força, sentindo meu peito subindo e descendo rápido demais. Os olhos dele estavam brilhantes. Duas estrelas enormes sobre mim. As bochechas coradas e os lábios vermelhos, além dos cabelos bagunçados pelas minhas mãos. Ele era lindo demais, a ponto de doer olhar pra ele.
—Você não está me olhando como se fosse me matar por isso. —Sussurrou, o dedo traçando círculos na minha garganta, enquanto ele ainda a segurava, como se precisasse disso pra não me beijar de novo.
—Você está me olhando como se eu fosse importante pra você. —Rebati, umedecendo os lábios com a língua, vendo-o desviar os olhos para a minha boca quando fiz isso. O desejo marcando cada parte daquele rosto sobrenaturalmente bonito.
—E quem disse que não é? —Retrucou, me arrancando um suspiro de supresa, antes de Sky me encarar como se fosse me consumir de dentro pra fora. Ele segurou meu queixo com força e me beijou de novo, me fazendo esquecer todos os motivos pelos quais aquilo era uma péssima ideia. Mas era uma péssima ideia boa demais.
Continua...
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As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1
FantasíaLIVRO 1 (AS CRÔNICAS DE SCOTT) Dois mundos divididos por uma barreira mágica. Arcádia, uma terra cinzenta e sem vida, onde os humanos lutam para sobreviver todos os dias, já que a fome e a miséria andam lado a lado com eles. Falésia, um mundo repl...