O Irmão Ogro 1ª Temporada

O Irmão Ogro IV

Marcos fez um sinal de que me ligaria e desceu. Continuei atrás e Bruno dirigiu rápido até em casa, acenando que não com a cabeça. Desceu rápido e bateu a força me arrancando uma piadinha:

- Eita, não precisa quebrar a porta não!

- Tá satisfeito?

- Pelo que?

- Por ter me deixado puto enquanto você dava em cima daquele viado?

- Então é por isso que você tá com essa cara de merda? Eu acho que minha relação com o Marcos não é da sua conta!

- Relação? Ah, faça-me o favor. Desde quando viados flertando é relação.

Achei melhor encerrar a conversa. Que cara chato! Até tentando ser educado e chamando pra sair ele conseguia mostrar que era insuportável.

Mas ainda mandou uma mensagem dizendo que tinha adorado nossa noite juntos. Se Bruno visse kkk. Dormi, pois estava cansado pra caramba, mas estava feliz como em poucos momentos da minha vida. Me sentia desejado, como se aquilo tivesse levantado muito minha autoestima.

Acordei e, como sempre, ninguém em casa. Fiquei quietinho, até a campainha tocar. Corri pro banheiro, me arrumei e fui atender. Era Marcos:

- Bom dia meu lindo. Sonhou comigo?

- Bom dia Marcos, entra.

- Tá tudo bem né?

- Tá sim, a gente precisa conversar mesmo.

Ele entrou, se sentou no sofá e ficou me encarando com aquele sorriso lindo. Eu precisava tirar algumas coisas a limpo:

- Marcos, eu acho que você podia me esclarecer o que tá rolando, acho que tô meio confuso.

- Esperava você dizer que estava contente...

- Tenho que confessar que tô contente, mas quero saber o que tá acontecendo.

- Vou ser bem direto então Carlos. Eu sempre quis você, desde quando a gente brincava junto no começo da adolescência eu só penso em te beijar, em ficar com você. Eu lutei muito contra isso, até hoje tento ser discreto, mas eu sei que eu te amo e que eu não consigo mudar isso.

Nossa! Imaginem o que eu fiz. Claro que eu o beijei muito depois dessa declaração. De fato, eu não o amava, até porque nunca tinha visto ele desse jeito, com um possível futuro, mas acho que só pela declaração ele merecia isso. Não me entendam mal, eu não pensei em fazer um favor pra ele, eu também queria, porém eu não sentia amor e isso estava muito claro.

Almoçamos juntos na minha casa e ficamos nos agarrando no sofá por um bom tempo. Assistimos um filme de comédia e ele sempre muito carinhoso. Esquecemos do tempo. Ele me contando sobre suas viagens (seu pai trabalha viajando e ele não fica muito tempo no mesmo lugar desde criança, mas sempre volta pra BH) e eu contando da faculdade.

Ele disse que precisava ir embora, que estava hospedado na casa da Thaís e ela meio que o vigiava. Pediu que eu não contasse nada a ninguém, já que ele ainda não tinha se assumido, mas faria isso em breve.

Por fim, um beijo maravilhoso. Que beijo!

Só não durou muito pela chegada de Bruno:

- Porra, vou ter que ficando vendo isso aqui em casa?

Decidi ignorar:

- Tchau Marcos, depois você me liga. Beijo.

- Tchau meu lindo, até mais. Tchau Bruno.

Ele nem respondeu.

Seguiu pra tomar um banho e eu fiquei na sala, até me lembrar que meu celular estava na minha cama. Fui beber água e subi pra pegar, quando o encontrei mexendo no meu aparelho:

- O que você tá fazendo Bruno?

- Agora o viadinho mais novo fica até dizendo que ama? Rápido vocês hein.

- Isso não é da sua conta, acho que você já percebeu.

- Já sim, nem sei por que me importo com essa viadagem.

- Eu sei muito bem por que você se importa tanto.

- Me fala então sabe tudo.

- Se importa tanto porque tá com inveja. Inveja que eu tô feliz e você não tem mais como me deixar pra baixo. É isso que você quer sempre né, me deixar pra baixo? Me colocar debaixo do seu pé só por que eu não gosto da mesma coisa que você. Mas eu cansei, seu idiota. Quem manda na minha vida sou eu e tô me lixando se o Marcos te incomoda.

Tomei o celular da mão dele e me desci sem dar direito de resposta! Estava cansado dele me tratar mal e eu ficar pra baixo. Já deu né. Estava disposto a ficar com Marcos, mesmo não amando ele. Diferente de todas as pessoas que eu já tinha ficado, ele pareceu realmente ser sincero ao falar de seus sentimentos por mim.

Marcamos de sair à noite e ele apareceu para me buscar. Meus pais adoraram vê-lo novamente. Já Bruno sempre fingia não ouvir seus cumprimentos e sequer o olhava. Minha relação com meu irmão estava cada dia melhor: ele falava o básico e eu respondia quando queria. Estava melhor, pois suas palavras vinham com certo cuidado. Bruno tinha entendido que eu não iria suportar tudo.

Uma semana depois, Marcos chega na minha casa correndo. Abri a porta e ele me beijou forte, Bruno estava em casa e foi pra cozinha ao ver a cena.

- Marcos, que fogo é esse? Até me assustou.

- Desculpa, mas eu preciso te falar uma coisa, urgente.

- Fala, você tá me assustando!

- Carlos, você aceita namorar comigo?

- Claro né, Marcos.

Ele tirou as alianças da caixinha e colocou uma no meu dedo e outra no seu. Nos beijamos com muito carinho.

Eu estava namorando o cara mais lindo mundo!

Nem me toquei que Bruno estava em casa. Ah, mas que se dane o Bruno.

Ficamos mais um tempo juntos até que ele decidiu ir embora. Me deu mais um beijo forte e foi. Subi pro quarto e vi uma cena que me deixou muito triste. Bruno estava encostado na janela, chorando baixo.

Hesitei um pouco, mas eu precisava saber o que ele tava sentindo. Não sei se era só curiosidade, mas de fato aquela situação me intrigava:

- Algum problema Bruno?

- Não, nada! Cheguei a uma conclusão aqui.

Ele se virou e pude ver seus olhos vermelhos, mesmo com suas mãos tentando tampar aquilo que estava me comovendo.

- Qual conclusão?

- Eu deveria ter ficado no Rio. Eu cheguei aqui, atrapalhei sua vida e minha cabeça tá mais pirada que nunca.

- Você quer conversar?

- Não. Ninguém vai entender não.

Ele saiu em disparada. Nossa, ver aquele ogro sensibilizado mexeu comigo. Ele era meu irmão poxa. Apesar de ser um cavalo, era meu irmão.