Capítulo 32 part 3

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Seth foi o primeiro deles a se retirar também, cansado, e se sentou ao meu lado.

- Desculpa, Sam. Eu acabei te forçando a fazer algo que você não queria, mesmo eu dizendo que respeitava seu espaço. Eu deveria ter me mantido ao seu lado, independentemente da curiosidade se você realmente conseguiria nos diferenciar daquela maneira...

Confirmei com a cabeça, mas não respondi.

Ele suspirou.

- Eu sei que você tem motivos de sobra pra não querer beijar nenhum de nós dois, e eu acho mais do que justo que você esteja com raiva – ele abriu a boca e fechou novamente, escolhendo as palavras com cuidado. – E eu sei que você só aceitou porque eu falei aquilo, o que me faz o principal culpado...

Me levantei e andei até o lado de fora da casa.

- Me dá um tempo pra esfriar a cabeça e colocar as ideias no lugar – finalmente falei quando Seth apareceu e se sentou do meu lado. – Eu realmente já não estou tão irritada quanto pareço. Eu estou fingindo que não aconteceu.

- Eu não sei o que te dizer que não seja um monte de pedido de desculpas... Eu não tenho nenhum argumento plausível pra ter colocado aquela pressão toda em você. E o que você disse também vale pra mim: eu não fiquei feliz em te ver beijar outro cara... – suspirou. – Bom, eu também não fiquei feliz em te beijar naquelas condições... Eu não pensei que isso fosse possível, mas eu realmente não senti nada além de culpa.

- Ótimo. Se esse nosso beijo te fez sentir assim, eu já posso te desculpar – sorri de canto e empurrei a garrafa pra ele, que deu uma golada generosa. Peguei de volta e bebi o pouco que faltava para acabar. – Eu também não senti nada, porque não era para ter acontecido e esse não é o beijo que eu quero te dar caso a gente se ajeite.

- Como você pode ser tão incrível? – acariciou meu rosto, ajeitando meu cabelo que o vento da madrugada estava jogando contra ele. – Eu pensei que dessa vez eu tinha realmente estragado tudo e que nem conversar mais comigo você iria querer. E quando você foi fria comigo lá dentro eu tive certeza absoluta que seria isso mesmo que você faria...

- Pode não parecer, mas eu prezo pela nossa amizade, Seth, e agora que o vôlei não vai mais fazer parte da minha vida, eu gostaria de poder manter você perto de mim. Eu não estou pronta para abrir mão de duas coisas tão importantes assim pra mim de uma vez.

Os olhos dele brilharam e um sorriso lindo tomou conta de seu rosto.

- Eu posso dizer que te amo ou vai ser muito errado fazer isso agora? – perguntou e eu dei de ombros. – Eu te amo, Sam – me abraçou forte.

Confesso que só deixei porque eu senti falta de ouvir isso.

- Eu também te amo – respondi quase de forma automática. – Eu acho que isso dificulta um pouco as coisas pra gente – comentei quando ele me soltou.

- Eu discordo. Eu sei que você tem muita responsabilidade afetiva e justamente por isso está sendo tão sincera comigo, mesmo agora, e isso me ajuda a lidar com o término – deitei minha cabeça em seu ombro e olhei para o céu, para poder observar as estrelas. – Seria muito pior se você estivesse, não sem motivos, claro, sendo distante e fria comigo.

- Eu sei. Depois que eu esfriei a cabeça e parei para pensar em tudo o que eu disse quando terminei contigo, eu percebi que eu te machuquei sem motivos – ele abriu a boca, mas eu interrompi. – Foi sem motivos, Seth. Eu não precisava ter dito nada daquilo para ter terminado. Desculpa, mas na hora eu estava tentando lidar com a mágoa e a raiva que estava se instalando dentro de mim, então eu não vou dizer que foi totalmente sem querer. Eu quis que você sentisse um pouco do que eu estava sentindo. E se não fosse por causa disso eu também sequer teria terminado com você ali. Ou talvez nem tivesse terminado em momento algum...

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