NINGUÉM volta a viver. Não de repente.
É necessário que mudanças no destino sejam feitas. Que céus e terra se movam em um constante conjunto fazendo o planeta gemer, para só então haver um equilíbrio.
Mas Sarah Willkins nunca gostou do equilíbrio.
Seus caminhos eram guiados pelas mãos de Satã, que tragava sua carne como um lobo faminto a domínio de sua presa.
Sarah havia feito tudo o que o vento a sussurava. Ela queimou em brasas ardentes sua essência com o álcool. Sacrificou sua pureza pela carne. Renunciando sua natureza, em troca do poder.
As noites frias e escuras levavam-na como uma folha seca a mercê do vento para o seu destino traçado.
Ela consumava sua vida como uma rosa plantada em um espinheiro. Que ao crescer morria sufocada com os espinhos que a perfuravam.
Envenenando sua alma, seu espírito. A sua humanidade.
Somente a terra tragando-a por inteiro, em sua primeira vida. Para então, haver uma próxima.
Somente assim, haveria um amanhã.
O equilíbrio.E então no seu leito de morte, Sarah Willkins abriria pela segunda vez os olhos de sua alma. Em preparo para pagar o preço daquilo a qual feriu.
Seu destino não estaria mais em suas mãos, e sim daquelas que lhe tomaram a vida.
Até o dia de sua redenção.
(...)
Sexta, 13 de Maio, 1998.
— Gisele, como ousa me desobedecer? Volte já aqui! — Uma mulher loira de meia idade gritava fortemente a porta da frente de sua casa enquanto via sua filha primogênita correndo em direção a rua. Em outras palavras "fugindo".
— Me deixa em paz! — Gisele gritou de volta, misturando suas lágrimas quentes com o calor de suas bochechas vermelhas que ferviam de odio.
'Ela estragou tudo' Pensou Gisele. Ao lembrar que a muito tempo ela vinha planejando milimetricamente a forma de comemorar aquela noite da forma correta para cumprir a sua parte do legado que sua familia carregava.
Uma tradição inútil composta apenas pela geração feminina.
Mas ainda sim, importante para ela.
Naquela noite, Gisele estava completando seus Vinte e três anos.
O pior Vinte e três anos de sua vida.
Estrelando uma noite desastrosa com mais uma briga 'feia' em família. Resultante de mais uma de suas fugas noturnas para esfriar a cabeça.
Mas dessa vez, Gisele não estava fugindo sozinha.
'Por que hoje? Por que assim?' Ela se perguntou enxugando suas lagrimas. Correndo contra o vento na direção oposta da sua rua.
Bradando com o som de seus passos largos e ligeiros, misturados com seu choro alto e estridente. Ela marcava caminho com seu All Star preto suas pegadas molhadas de refrigerante no asfalto, indo em direção a um único destino.
A floresta Negra.
Gisele pela primeira vez em sua vida, negava o som de sua voz interna, recusando seu alto controle ao decidir entrar na floresta mais perigosa de toda a Lost-Vill.
Ela estava cega de mais para notar que logo atrás de si. Um homem desconhecido a perseguia por entre as sombras dos postes. Examinando seus caminhos como um lobo sedento por tragar sua presa.
A briga havia sido intensa. Penetrante em sua alma. Destruidora.
As imagens, gritos, e xingamentos de seus pais e familiares não se disipavam de sua mente. Pelo contrário, elas a atormentavam.
O peito doia, e a cada batida mais forte e intensa que seu coração partido dava. Mais Gisele se distanciada da hipótese de que tudo voltaria ao normal novamente.
Dessa vez era diferente.
Ela estava convicta, de que não voltaria mais para casa tão cedo.
E então observando pela última vez a calada da noite escura sobre sua cabeça. Libertando sua alma para poder admirar o céu estrelado novamente. Gisele deu um último soluço, engolindo seu choro, disposta a dar um fim em seus problemas.
Parando frente a entrada da floresta. Ela olha para trás uma última vez pouco relutante de sua decisão, antes de seguir em frente para onde o destino a levaria.
— Está na hora de acabarmos de uma vez por todas com isso.— Ela repousou sua mão sobre a pequena protuberância que crescia em sua barriga. Um pequeno ser vivo que ali estava crescendo.
E então com um último suspiro, Gisele adentrou floresta adentro sendo observada pelas sombras que a perceguiam como expectadores ansiosos pela atração principal.
Isso incluia no desconhecido misterioso, que acabara de adentrar na floresta logo atrás de Gisele.
Trilhando suas pegadas com um rastro brilhante de pequenas gotinhas vermelhas que escorriam do metal pontiagudo que se encaixava em suas mãos.
Com seu rosto encapuzado por uma máscara negra. O desconhecido das sombras olhou uma última vez para a cidade. Sabendo exatamente quais passos ele daria nos próximos 15 minutos.
CONTINUA NO CAPITULO 01
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Mistério das 10 Vidas (Em Breve)
Mystery / ThrillerEm seu aniversário de 23 anos, Sarah Willkins se via a beira do precipício. Carregando consigo segredos e medos que ninguém mais sabia, ou ficaria sabendo. Ela não estava se sentindo feliz. Tudo andava de mal a pior. "Mas poderia algo dar mais erra...