Eu reli aquela legenda duas vezes antes de voltar meus olhos para a porta do banheiro que continuava fechada. Pelo barulho abafado podia dizer que P’Tul estava tomando banho. Eu não esperava menos dele depois de um longo treino, o banho ajudaria os músculos a relaxar. O problema era que eu estava me sentindo inquieto, o pé direito estava frenético batendo contra o assoalho e meus dedos deslizavam pelos comentários mesmo que eu não estivesse lendo o que aquelas pessoas diziam. Quer dizer, P’Tul gostava de mostrar o quão sexy o corpo dele é, ele se sentia orgulhoso de seus músculos e os fãs sempre incendiavam nossas notificações com mensagens e comentários impertinentes, para não dizer “safados”. Não os culpava por isso. Se você gosta de algo, você diz. Eu particularmente me pegava avaliando o corpo desse homem sempre que essas publicações vinham à tona. As fotos não faziam juz ao que ele realmente era.
Eu mesmo costumava traçar as linhas definidas de seu abdômen com os meus dedos e às vezes com a minha língua. Não tinha comparação, a realidade comparada a uma foto era até injusta. Eu salivei enquanto observava o sorriso safado na frente do espelho. A maneira como ele tensiona os músculos, os bíceps protuberantes. As veias marcadas pela maneira como ele ergue o braço para manter o celular no ângulo certo. Tudo naquela imagem foi perfeitamente organizado para deixá-lo apetitoso e quente e meu pau pulsou com interesse caindo naquela armadilha. Afinal, por que ele publicaria aquela foto se não fosse para chamar a minha atenção? A provocação estava implícita. “Garotos bons não vão a lugar nenhum”, era como se ele estivesse debochando da minha timidez. Me desafiando a exibir o que se escondia por baixo das minhas roupas. Não éramos muito diferentes em nossas constituições físicas, P’Tul poderia provar figurinos no meu lugar e eu não precisaria me preocupar com as medidas, nossas proporções eram exatamente as mesmas, com um ou dois centímetros de diferença de altura. Quando eu o abraçava poderia dizer com precisão que cada centímetro de seu corpo fora constituído para se encaixar perfeitamente ao meu. E eu amava isso.
Quando a porta do banheiro se abriu e eu vi o vulto de seu corpo molhado, com uma toalha enrolada abaixo da cintura se esgueirando pelo corredor, precisei silenciar o impulso de me levantar e agarrá-lo ali mesmo. “Garotos bons não vão a lugar nenhum” eu reli aquela legenda em voz alta, ouvi seus passos congelarem sobre o assoalho deste condomínio e a diversão em sua voz quando respondeu: “Você está chateado?”
Ah, era isso que ele pretendia com aquela publicação, me provocar. Eu estive me mantendo em silêncio nos últimos dias, apenas observando o duplo sentido nas escolhas de legendas em suas publicações. Me perguntei frequentemente “Com o que você está tão insatisfeito?” e a resposta veio tão naturalmente de seus lábios lascivos que eu não pude mais controlar o meu corpo.
Eu o vi semi-nu aplicando a loção sobre sua pele umedecida, aquele cheiro ia impregnar os lençóis e o próprio quarto. Aquele cheiro ia grudar no meu olfato a ponto de eu não conseguir deletar essa visão da minha cabeça. Eu teria sonhos molhados com essa cena, desejando cruelmente poder cavalgar sobre ele.
A pele cor de mel reluzia sobre a luz dourada de seu quarto e eu tive que manter minhas mãos firmes ao lado do corpo enquanto presenciava suas curvas se moverem com tanta devoção apenas para aplicar aquela maldita loção. Quer dizer, eu poderia passar horas apenas assistindo Tul se tocar e não reclamaria por ele fazer de menos ou fazer de mais. Tudo era na medida certa, ele sabia como obter minha atenção e quanto precisava se mexer para me atrair até ele como se fosse um imã.
Meus dedos reagiram por vontade própria, eu estava hipnotizado deslizando as pontas dos dedos sobre sua coluna, deixando aquele cheiro doce invadir minhas narinas, a sensação aveludada sobre as minhas terminações nervosas. Pelos céus, eu queria comê-lo. Eu queria ouvi-lo gritar o meu nome a noite toda.