Epílogo

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~ Dez anos depois

Molly agitava a barra do meu vestido incisivamente, me mostrando sua Barbie, como se fosse a coisa mais importante do mundo.

- O que quer agora, Molly? Mamãe está ocupada. - digo, tapando o telefone do meu lado da linha. Ela fez uma careta, e percebi ali que ela começaria a chorar. Me agacho para ficar mais próxima a ela e junto as sobrancelhas. - Ei, não faça isso, por favor...

De repente, Joshua aparece na cozinha, vestido de seu terno e gravata. Seu uniforme de trabalho.

Ele pega Molly no colo, e a mesma desfaz a careta no mesmo instante. "Papai!" Diz, entusiasmada. Molly tem cinco anos, e fazem cinco anos que fica toda animada toda vez que vê seu pai. Eu a entendo. Fazem dez anos que estamos juntos, seis que estamos casados e eu ainda compartilho do mesmo frio da barriga de sempre, ao vê-lo.

- Desculpe, Sra. Watson ... Estava tratando de...assuntos familiares. Quer me encontrar em meia hora, no meu consultório? - digo ao telefone.

- Oh, você faria isto por mim? Ficarei muito grata, estou precisando falar com alguém. - minha paciente diz, do outro lado da linha.

- Claro que sim - respondo - não tenho ninguém marcado para este horário. Posso te encaixar. Mas terá de ser uma sessão breve, pois tenho uma consulta marcada para as nove.

- Claro, estarei lá. Muito obrigada, Any.

- Até mais, Margot. - digo e desligo o telefone.

Josh se aproximou e me deu um selinho.

- Como consegue ser ainda mais deslumbrante a cada manhã que passa? - ele diz.

- Lhe pergunto o mesmo - sorrio.

Joshua se tornou um advogado. Eu, psicóloga. Há oito anos atrás, quando ele começou a fazer Direito, disse que faria justiça, sempre. Jamais aceitaria um caso que não fosse para defender uma pessoa que seja realmente inocente. Sei que tomou essa decisão por conta do que passou, e também sei que hoje, ele é muito feliz com o que faz.

Eu, quando decidi entrar para a Psicologia, fiz isso por mim, porque eu acreditava que nenhuma pessoa deveria viver em torno de seus traumas ou problemas. Descobri que, a maioria das pessoas possuem traumas, nem que sejam "pequenos", mas que à partir deles, desenvolvem medos e inseguranças muito grandes. E muitas delas sequer sabem os frutos desses medos. Por isso, fico cada vez mais apaixonada pelo meu trabalho. Me sinto contente em poder ajudar as pessoas a se libertarem dessas inseguranças, a descobrirem o que verdadeiramente as atormenta, e poderem se livrar disso, ou pelo menos, aprender a controlar este sentimento.

Termino de tomar o meu café e me viro para Josh.

- Amor, terei de sair mais cedo hoje. Pode ficar com a Molly até a babá chegar? Ela chega às 8:30.

- Tudo bem, pode ir. Ouvi você falar ao telefone. Uma paciente com urgência?

- Pode- se dizer que sim. É a Sra. Watson. Ela tem me preocupado bastante. Sabe, recentemente perdeu o marido e tem sido difícil para ela aceitar.

- Oh, amor. Você não deveria estar se preocupando com isso. Imagina se fosse ficar preocupada com os problemas de todos que conhece? Você não teria vida.

- Está bem. Prometo que vou tentar não... esquentar a cabeça.

Ele coloca Molly no chão e se aproxima, me abraçando fortemente e me dando um beijo na testa.

- Só não quero que acabe se estressando demais, okay?

Olho em seus olhos e sorrio.

- Só se prometer que vamos jantar fora esta noite. É sexta-feira.

- Claro, querida. Já até fiz reserva no seu restaurante favorito.

- Jura!?

- Sim. Não temos tido muito tempo juntos ultimamente. E, por falar nisso, tenho outra surpresa.

- Josh, sabe que se não me contar agora, vou ficar ansiosa pensando nisso o dia todo.

Ele assentiu, e tirou dos papéis do bolso. Tive de espremer os olhos quando ele me mostrou, para decifrar o que era. Quando percebi, eles se arregalaram na mesma hora.

- Passagens para Dubai!?

Ele balançou a cabeça positivamente, com um sorriso maroto de uma criança. Molly então deixou o pote com o qual estava brincando de lado, e veio até nós.

- A gente vai viajar, papai? - perguntou, atenta.

- Vamos sim, meu amor - digo a ela.

- Daqui a duas semanas - ele diz. E depois se vira para mim. - Consegui férias de dez dias. Não marque nada na sua agenda para esses dias está bem, querida?

Meus olhos brilhavam, como se fosse a nossa primeira viagem juntos. O que me intriga, é que Josh me conhece como ninguém, e sabe sempre exatamente do que eu preciso. Tenho andado exausta os últimos dias, e sei que ele deve ter percebido. Semana passada, eu estava lendo um prospecto de viagem ao seu lado, na cama. Entre algumas opções, estava Dubai, e então comentei com ele que gostaria de visitar. Ele estava virado para o lado oposto da cama, e quando fui ver, estava com os olhos fechados. No dia, achei que ele tivesse pegado no sono, mas provavelmente, estava apenas fingindo para me surpreender agora.

Envolvi meus braços sobre seus ombros e lhe dei um beijo demorado o suficiente para Molly dizer "Eca!", o que nos fez dar risada.

Molly as vezes é surpreendentemente inteligente, além de linda, e talentosa. Ela herdou o dom de seu pai para desenhar. Mesmo tão novinha, se vê de longe o potencial que ela tem voltado a arte. Ela é uma mistura minha e do Josh. Puxou meus cabelos encaracolados, minha boca e nariz, mas seus olhos azuis vibrantes são totalmente os dele.

Olhando para os dois, percebo a família incrível que construímos. E disso, não me arrependo nem um pouco.

- Amor, eu tenho que ir, ou vou me atrasar - dei-lhe o último selinho de despedida. Me aproximei de Molly e fiquei de joelhos na frente dela. - Mamãe vai trabalhar agora, mas prometo que quando chegar, nós brincamos de Barbie, tudo bem? - digo, para compensar mais cedo, quando ela queria tanto que eu brincasse com ela e eu não dei atenção.

- Tabom - ela sorriu e pulou no meu pescoço, me dando um abraço apertado.

- Está bem, lindinha, agora, tenho que ir. Tem alguém precisando de mim agora.

Ela me soltou e franziu os lábios.

- Hoje vamos comer no restaurante? - ela pergunta.

Sorrio.

- Vamos sim. Mais uma coisa que seu pai planejou para nós.

- Eba! Vou querer o peixinho frio! - dou risada. Ela sempre se refere à comida japonesa desta forma. Se tem outra coisa que Molly puxou a mim, é sua paixão por comida japonesa. Ao contrário de nós, Josh não gosta muito, mas ele sempre nos leva lá, pois sabe que é nossa comida favorita.

- Está bem.

Me levanto e pego a minha bolsa na bancada da cozinha, atrás de nós. Antes que eu passe pela a porta da frente, Josh diz:

- Ei! - eu me viro. - Eu te amo.

Sorrio.

- Eu amo vocês.

FIM

Oi, gente! Como vocês estão? Espero que tenham gostado do epílogo. Vi que algumas pessoas estavam pedindo então eu trouxe para vocês. Sei que demorou um pouco, mas tá feito kkkk.

Eu tenho pensado um pouco e estou pensando em trazer a parte dois da fic. Uma versão "pós-epílogo". O que acham? Comentem aí por favor, podem ser sinceros.

Agradeço novamente a todo mundo.

Ass: Mari.

♥️

"Who?" - Short Fic Beauany (+13)Onde histórias criam vida. Descubra agora