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Nunca tinha visto Eris ficar tão pálido. Ele me olha com os olhos arregalados e senta na beirada da cama.

—Te peço que não me expulse. Não quero sair daqui — falo e observo o rosto dele permanecer em choque.

—Se seu pai souber, estou ferrado — ele fala baixinho com os olhos fixos em mim.

—Não se eu falar com ele que estou aqui por vontade própria — falo a primeira coisa que me vem à cabeça, não gosto de ver Eris desse jeito.

Ele parece refletir sobre o assunto e coloca as mãos na cabeça.

—Nyx estava aqui — ele fala e eu cruzo os braços e assinto. O olhar dele é tomado por pânico.

Me sento ao lado dele na cama e falo tudo, desde a ideia para viajar até ontem. Não sou de falar muito da minha vida para as pessoas mas eu faria de tudo para não sair dessa cidade. Tem alguma coisa que me prende nesse lugar e me faz querer ficar aqui para sempre. Talvez seja o calor.

—Então você gosta daqui? — ele pergunta e um brilho diferente ilumina o olhar de Eris. Fico alguns segundos apenas olhando para ele e concordo com a cabeça. — Sabe que vou jogar isso na cara de Cassian quando tiver a oportunidade, não é? — ele pergunta e eu reviro os olhos. Realmente, isso não vai ser fácil.

—Tente não piorar as coisas — cruzo os braços e Eris sorri de lado.

—Vai ficar bem pior, pode ter certeza — ele encara minha boca e eu olho para ele confusa.

—Mas você pode se esforçar para não piorar — me levanto e me afasto um pouco, fazendo com que Eris sorrisse satisfeito. Não entendo como ele pode ter tanto efeito sobre mim e odeio o fato de eu não conseguir esconder isso 

—Talvez — ele dá de ombros e se levanta também, vindo na minha direção. Recuo até encostar em uma janela enorme. Eris apoia o braço no vidro atrás de mim e me observa. — Vejo que você se esforça bastante para não piorar as coisas — ele sorri e aproxima o nariz do meu pescoço. A proximidade do corpo dele com o meu me faz ficar em chamas e seguro a vontade de chutá-lo para sair logo daqui.

—Acho melhor se afastar — falo e fecho os olhos com força ao ouvir minha voz falhar. Eris solta uma risadinha e sinto a respiração dele em meu pescoço, fazendo cócegas e me esquentando.

—Quero saber até onde vai seu autocontrole — ele sussurra no meu ouvido e morde minha orelha. Coloco minhas mãos atrás das costas para evitar puxar ele mais para perto de mim. Eris começa a morder meu pescoço e mordo os lábios para não demonstrar o quanto já estava ofegante. A mão de Eris aperta minha cintura e sem querer solto um suspiro. Rezo para que ele não tenha ouvido. — Eu ouvi isso — ele se afasta e sorri malicioso, ainda segurando minha cintura. — Talvez você não precise ter tanto autocontrole com Grewn. O quarto dele é o logo ao lado do seu — ele dá de ombros e se afasta de mim.

Fico sem reação. Eris está com ciúmes? Desde quando? Tento estabilizar a respiração e vejo Eris deitar na cama como se eu não estivesse aqui. Ele não pode estar com ciúmes, nós não temos nada. Nada mesmo.

—Vou me despir para dormir. Quer ver? — ele pergunta malicioso e começa a tirar as calças. Corro para a porta e saio do quarto sem me despedir.

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Depois que voltei do quarto de Eris, dormi como pedra e o calor do corpo dele no meu me acompanhou até a hora em que levantei para me banhar.

Hoje, decidi ir tomar café na mesa e recebi olhares surpresos de Grewn e Eris. Fiz questão de sentar ao lado de Grewn, bem longe de Eris. O mesmo sorriu mas eu vi alguma sombra passar em seu olhar.

Cortes de Chamas e MemóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora