As Horas Antecedem os Dias

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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

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AS HORAS ANTECEDEM OS DIAS...

Com o tempo, todos na mansão, sem exceções, acostumam-se à presença da telecinética. Afinal, ela estava mesmo muito feliz ali, na sua mais nova família. Todos os X-Men, tanto os fixos como os de passagem tinham uma boa impressão dela. Tanto Jubileu como Jean acostumaram-se a presença dela, esta última de tal modo que ambas se tornam ótimas amigas e confidentes. Talvez, por Jean ter, através de Ohana, seus anseios realizados. Já da parte da telecinética, foi por pura afinidade... Logan não cabia em si de contente! Esse "estado alterado" durou alguns meses e fez com que todos o estranhassem! Andava sempre sorrindo; vivia dando flores, bombons e outros presentes; pensava em passar algum tempo no shopping e, acima de tudo, abdicava; por livre vontade, de sua solidão. Ele mostrou-se até um pouco "abelhudo", pois queria inteirar-se da vida de todos e parecia estar sempre correndo atrás do "tempo perdido"... Mas isso durou apenas alguns meses. O retorno aos treinos, a rotina sempre tão agitada e a nova onda de mutantes querendo ter seu "lugar ao sol" na base da força. A morte de Erik Lensher... Tudo isso fez com que Logan voltasse ao normal. Ficasse até um tanto frio, às vezes...

Ohana dominava ainda mais sua mutação. Descobriu-se que seu cérebro podia usar, ao mesmo tempo e em pontos distintos, 70% da capacidade mental. Também seus treinamentos de artes marciais; a cargo de Logan, renderam-lhe um ótimo conhecimento de autodefesa, além de definirem seu físico. Em suma: os melhores anos de sua vida.

Apesar da relação com Logan não avançar – por mais de uma vez ela achou que ia ser pedida em casamento, mas não... – ela também não regredia e, como ele mesmo dizia: "cada dia comigo é sempre único, gata", isso não a permitia reclamar já que, realmente, não havia monotonia! Em alguns poucos meses ela teve o desprazer de conhecer Lady Letal e Cyber. Isso sem contar alguns tantos outros que sempre encrencavam com ele em bares, cinemas, restaurantes...

Ela já havia tecido uma teoria de esse ser o vício dele e isso fez com ela e Jean dessem boas risadas:

- Não, Jean! Não pode ser outra coisa! E o pior de tudo é que ele nunca começa...

- Mas sempre termina, não? – a telepata completa.

- Sim! Isso mesmo! Do mesmo jeito que eu fujo dessas brigas é o jeito que ele foge quando toco no assunto "filhos"... – diz, resignada.

- É, nesse ponto, ele e o Scott são idênticos. – Jean diz e sorri.

Ambas se olham e caem na gargalhada.

- Você acredita que eu não posso parar para admirar uma roupinha, um carrinho, que ele já vem dizendo: "nada disso, Sra. Summers, nada dessas ideias..."

Novamente riem. A imitação de Jean é impagável!

- É... Já Logan diz que esse mundo é só sofrimento e que não quer "botar um nenê nele". Mas eu tenho vivido momentos tão felizes que queria compartilhá-los com um bebê. – as risadas param. As duas abraçam-se e ficam assim por algum tempo.

Nesse momento, como escrevi anteriormente, o número de mutantes "delinquentes" havia aumentado drasticamente! Como era de se esperar, apesar de ainda a maior parte da população ser de Homo sapiens sapiens, a balança estava ficando equilibrada para ambos.

O modo de ação dos X-Men variou um pouco. Agora, eles capturavam mutantes, davam-lhes a oportunidade de mudar de lado e, até mesmo, de ingressar nos X-Men e, se persistissem em suas maldades, tanto Charles quanto Jean viam-se obrigados a interceder mentalmente. É de se imaginar que com esse crescente aumento do número de mutantes, o casal "Logan" já tenha conhecido vários perigos e enfrentado-os no dia-a-dia, sempre unidos e não pensando muito no amanhã. Dentro dessa filosofia, tinham vivido muito bem. Desse modo, Logan não sofria tanto e, assim, acreditava preservar o seu amor da insanidade do mundo. Ele cria piamente nisso, apesar de seus sentimentos o contradizerem...

Já do lado dos vilões, após algum tempo, eles perceberam que a ruiva era o "calcanhar de Aquiles" do canadense; várias vezes tentaram drogá-la, raptá-la, esquartejá-la, matá-la; mas todas as vezes, saía ilesa e isso sempre aumentava a paixão de ambos e os unia mais. Os ataques mais sérios precisaram da intervenção dos poucos amigos que tinham, mas que podiam contar, pois o "dar a vida" era recíproco.

Mas chega um dia em que, até os mais burros, percebem o óbvio: A união faz a força; mesmo a união das mentes criminosas. A força dos "mocinhos" está na união e, o único motivo pelo qual ganham dos outros é o caos e a desorganização na qual estes vivem.

Com o estrondoso crescimento dos mentalmente manipulados para o lado do bem, os poucos reincidentes no crime resolveram unir-se. Já não importava a quantidade, mas a qualidade; estavam armando um plano que acabaria com a soberania dos X-Men e, desse modo, a quantidade viria, com o tempo...

Sob a liderança de Metabolisis, um mutante capaz de alterar o metabolismo das coisas, foi criado um grupo chamado "NeoGênesis". Este grupo possuía por volta de 50 membros, todos muito bem treinados e alguns em nível alfa...

O vácuo criado pela morte de Magneto durou apenas o tempo necessário para que este outro poderoso mutante chegasse. Afinal, não existe vácuo no poder e o fato de ser mutante não o torna imediatamente um bom sujeito; o Homo sapiens superior não deixa de ser um ser humano normal, em seus problemas morais, com um extra produzido pela mutação.

Wolverine - Momentos da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora