Capitulo 1

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Notas da autora:

Olá, muito obrigada a todos que chegaram aqui. Essa é uma fanfic de releitura e modificação de Sombra e Ossos, com foco Darklina em breve. Teremos um pouco de mitologia grega e a exploração do passado de Alina vindo por aí também. Estou me baseando nos livros, mas posso ter algum flerte com a série da Netflix, então se preparem. Realmente não gosto do Maly nos livros, então mantive sua importancia como familia na vida de Alina, mas adaptei boa parte dos seus traços. A protagonista também tem algumas características mais fortes, que na trilogia são mais desenvolvidas apartir do segundo livro, mas decidi trazer isso desde o começo, como se ela tivesse herdado de seu pai.













Meses. Eu mal podia acreditar nisso. O que parecia ser uma piada de mal gosto, um engano, um truque barato, havia se mostrado real. Eu e Maly — meu melhor amigo desde sempre — estávamos em Ravka, uma terra longe de tudo o que nos acostumamos, o país que deixamos á doze anos.

Naquela época, não éramos nada mais que dois órfãos de Keramzim, agraciados por um homem que nos concedeu uma passagem para longe, a promessa de uma casa sem broncas de Ana Kuya e brigas com as outras crianças. O homem alto com os olhos idênticos aos meus nos deixou em um mosteiro improvisado no território Zemeni. Meu pai — era assim que ele se intitulava, embora para os religiosos que nos terminaram de criar ele fosse alguma criatura divina. Quando agradeci, ele disse que era o mínimo que podia fazer após sua filha ter estado por tantos anos fora de seu conhecimento. Zeus. Esse foi o único nome que ele me deu. Nunca mais o vi. Pelo menos não fora dos dias em que eu acordava jurando que ele estava bem ali, ao pé da cama estreita e dura.

Dessa vez, fomos enviados por alguma artimanha cruel dos sacerdotes zemenis — os malucos que pensavam receber respostas dos antigos deuses. Zeus, Hera, Poseidon, Deméter, Hades... Incontáveis divindades que a muito já haviam sido esquecidas pelas nações, pouco parecidos com os Santos de Ravka e seus martírios.

Como em uma das histórias malucas que haviam nos contado quando criança, em uma hora estávamos em uma casa buscando contato com meu pai e os outros deuses e em outra estávamos na Polisnaya. Sem navio. Sem continente atravessado. Sem semanas de viagem. Passamos dias questionando se aquilo era um sonho ou se havíamos enlouquecido.

— Alina, nós precisamos resolver o que fazer — disse Maly na época, estávamos em uma estalagem na beira da estrada à uma semana, sem mais dinheiro para pagar o quarto, perdidos após a volta para nosso país.

— Eu sei.

— Talvez, se nós...

— Não — o cortei. Lá vinha ele com a ladainha dos últimos dias. — Nós precisamos dar um jeito de sair daqui Maly, não de ir servir no exército do rei. E nem comece com esse papo de destino.

— Não nos mandaram aqui à toa — disse ele, resignado em sua posição. — E não dá para simplesmente voltar a Novyi Zem.

— Eu sei.

— Vamos levar meses para contornar a Dobra por Shu Han ou Fjerda. E com que dinheiro faríamos isso tudo e pagaríamos a passagem no navio?

Era verdade o que ele falava. Mas como entrar no exército ajudaria em alguma coisa? Maly, é claro, acreditava que essa era parte de um "plano maior" para nós, o real motivo de termos parado bem na porta do centro de recrutas da Polisnaya. Além disso, não era como se ele não tivesse sonhado loucamente quando criança em servir como rastreador. Talvez a brasa daquele sonho ainda estivesse queimando em seu coração.

— Se estivéssemos no Primeiro Exército, pelo menos teríamos dinheiro para a próxima semana nessa espelunca.

— Ou talvez só signifique perder mais tempo aqui — rebati.

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