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Mountobbani House, Londres

 Londres e seus curiosos saboreiam as deliciosas novidades, que alcançaram os ouvidos desta autora rapidamente. 
 Há boatos que vão de filhos ilegítimos descobertos, traições recentes e muitas desonras. A capital nunca encontrou-se tão fervorosa, queridos leitores. 

Crônicas da Sociedade Britânica 
28 de maio de 1811

Catarina estava na galeria da família Mountobbani, diante da pintura da antiga condessa, admirando-a. 

Isabella Mountobbani era uma das mulheres mais lindas que Catarina conhecera. 

Bom, ela não a conhecera de verdade, mas seu quadro destacava sua beleza, e não havia dúvidas de que ela era uma verdadeira jóia.

Ela tinha a pele escura como a de James, e os olhos... Ah, os olhos eram tão penetrantes e intensos como os dele. 

Os detalhes de seu rosto haviam sido capturados com maestria pelo pintor, principalmente as maçãs e os lábios repuxados para conter um sorriso, do mesmo jeito que James os repuxava para prender os seus. Ele era idêntico à mãe.

Catarina ainda não havia desbravado a residência para conhecer todos os cantos do seu novo lar. Ela tinha a intenção de fazer isso assim que levantara-se aquela manhã, mas ficara presa à pintura de Isabella pelo o que ela acreditava ser, no mínimo, uns quinze minutos, assim que descera as escadas e se deparara com a galeria.

Ela aparentava ser uma mulher muito doce e gentil. E era bonita. Muito bonita mesmo. Isabella deveria ser dona de uma grande graciosidade, Catarina constatou.

Ela desejava ter tido a chance de conhecê-la, mas sabia que não era possível, afinal, Isabella estava morta há 23 anos, e Catarina somente possuía 18.

Havia muitos outros quadros da família Mountobbani nas paredes da galeria, e Catarina também parara para observar melhor Anthony, o falecido conde, pai de James. 

Não era extremamente parecido com o filho, afinal, ele havia herdado tudo – ou quase tudo – de Isabella, mas tinha algo em suas feições que indicavam que ele era seu pai. 

Catarina não sabia exatamente o quê, mas havia algo no rosto do falecido que deixava explícito que Anthony Mountobbani era o pai de James, assim como ela tinha pleno conhecimento de que havia algo em seu rosto que demonstrava que ela era uma Mounbridge. 

Certas coisas não tinham explicação, e não eram erradas por isso.

Ela saiu do seu transe ao ouvir um pigarro, e virou seu rosto um pouco para a direita para vislumbrar quem interrompia seus devaneios.

James encontrava-se a poucos metros de distância, encarando-a com curiosidade, enquanto seus braços se cruzaram e uma de suas sobrancelhas arqueou-se quando ela enfim o notou.

— O que você tanto olha? — questionou ele, aproximando-se mais.

— Sua família.

Após responder, Catarina voltou a encarar o falecido, que fora pintado com um olhar bastante sério. Era, sem dúvidas, um homem que detinha de muito poder.

Nossa família — corrigiu James, agora ao lado da esposa. Ela o encarou no mesmo instante, piscando, atordoada, seus brilhantes e grandes olhos, e ruborizando logo após.

Catarina esperava um dia acostumar-se com isso. Ela estava casada, afinal. A família do seu marido era a sua família também. Ela agora era uma Mountobbani. 

O Lorde Mountobbani - Mounbridge 01Onde histórias criam vida. Descubra agora