Kwashiorkor-marasmático

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● Jeong Yunho;

Um mês depois, dia da prova de reclassificação;

Bati a caneta na minha carteira, em cima do pedaço de papel que iria decidir a minha permanência — ou não permanência — na turma por mais um tempo. Respirei fundo e tentei colocar a minha cabeça no lugar, mas não estava conseguindo. Estou muito, muito agitado.

Minhas pernas não param de tremer embaixo da mesa, minhas mãos estão com uns pontinhos brancos, ou melhor, manchas mesmo. Minha cabeça dói e de alguma forma sinto que meu coração está batendo tão rápido a um ponto que eu consigo escutar — mesmo tapando o meu ouvido com as minhas duas mãos — e tudo o que quero fazer é fugir, me esconder e chorar. Sinto minha respiração tão, tão descompassada.

O que é isso? Porque eu estou assim?

Comecei a sentir toda a pressão que colocaram em cima de mim nos últimos tempos, desde quando subi para cá. Meus ombros estavam pesados, como se estivessem com uma bigorna em cada lado.

Eu vou ficar louco.

Não consigo fazer isso.

Eu sou idiota. Minha vida inteira eu não fui nada mais que um imbecil. Todo mundo acha que você é um imbecil e burro.

Quando estava prestes a ter um surto psicótico, escutei um barulho bem alto vir da minha direita, o que me tirou completamente do meu transe.

Dei um pulo quando me toquei que Dak-Ho desmaiou. Ele caiu para o lado direito — que graças a deus não era o lado da janela — e olhei em volta, vendo uma cara surpresa em todos os presentes da sala. 

Fui o primeiro a levantar da minha cadeira e ir até a dele. 

— Não se amontoem, continuem fazendo a prova! — O professor de Biologia disse, vindo até nós dois. Com cuidado, arrumei o menino nas minhas costas. Ele é tão leve. Nossa. — Yunho, pode levá-lo a enfermaria? Não se preocupe com a prova, irei explicar a situação para a diretora e vocês fazem a prova depois. 

— Claro, não se preocupe. Continue aplicando a prova, eu o levarei na enfermeira. 

O professor me deu espaço e levei ele até a enfermaria. 

— Deixe ele aqui. — A mulher apontou para uma das macas vazias e com cuidado, deixei ele deitado na maca. — Me ajude a abrir os botões da camiseta, se ele vomitar pode acabar sufocando.

Abri os botões da parte de cima da camiseta dele e a enfermeira o deixou deitado de lado. Não pude evitar de olhar para o corpo dele, ele está super magro.

— Você também, sente-se. — Ela virou para mim, a pessoa que está se tremendo inteiro e roendo a própria unha. — Consigo ver de longe que você está tendo um ataque de pânico, então sente também.

— N-Não, eu estou completamente bem!

Ela me sentou à força na cadeira e olhei em volta, me sentindo perdido. Não sei muito bem o que eu deveria fazer.

— Tente fazer exercícios de respiração. Conte de 0 a 100.

— Ele vai ficar bem, certo? — Mexi a minha cabeça na direção dele e senti uma pontada de dor no meu peito. É tão difícil respirar, puta merda.

— Acho que você deveria se preocupar com você primeiro. — Ela olhou para o menino na maca. O que será que aconteceu? Demora tanto tempo assim para recuperar a consciência? — Você sabe se ele estava doente?

— Acho que não. — Ele não parece doente, não para mim. Na entrada ele estava bem. — Demora tanto assim para recuperar a consciência?

— Não. Irei esperar mais um pouco, se ele não acordar, irei chamar uma ambulância e ele terá que ir até o hospital e ser examinado. Normalmente são minutos ou até mesmo segundos. E você, se concentre em você!

━ highschool days; jeong yunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora