Capítulo 2.

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O grande dia havia chegado, finalmente e infelizmente. Estávamos terminando de colocar o último doce meio azul e meio rosa na mesa, Artur aguardava o táxi para o aeroporto e Vitor chegaria no dia seguinte em casa, depois de oito dias difíceis e conturbados no hospital. O seu irmão até fez questão de comprar uma cadeira de rodas moderna, já que o médico disse que ele não voltaria a andar sem antes boas sessões de fisioterapia, mas o importante era que ele estava vivo e bem.

— Eu ainda estou com raiva porque a Hermione não confiou o teste a mim. — Will resmungou, pela quinta vez a mesma coisa, enquanto ajeitava a toalha da mesa. — Também não sei porque você não aceitou a festa ser naquela casa do seu ex e do seu atual.

— Talvez porque você não saiba guardar segredos. E eu não aceitei porque não pretendo voltar lá, uma pessoa morreu no jardim e acho que vivi o pior momento da vida naquele lugar. — falei, olhei o celular e havia algumas mensagens da minha mãe avisando que estavam chegando. O nosso apartamento não era pequeno, mas o nosso coração era enorme, ia caber todos que amamos nos poucos metros quadrados.

— Você é tão... chata! — bufou. — Hermione está demorando demais, até parece que vai casar. Por que ela não se arrumou aqui?

— Porque ela estava com medo que eu revelasse o sexo antes da hora. Falando nisso, você viu o balão preto? — perguntei, olhei pelos cantos e avistei a Jade brincando com ele, balancei a cabeça negativamente e fui em sua direção.

— Achei isso tão brega. Essa história de balão está tão passada, por que você não concordou em jogarmos um balde de tinta nela? — o olhei e arqueei a sobrancelha, peguei o balão preto e deixei em um lugar qualquer que ficasse fora do alcance da cadela de cor bege.

A campainha tocou e eu fui atender enquanto Will comia alguns doces e terminava a decoração, abri a porta e ele entrou depressa, cabisbaixo e com algumas malas em mãos.

— O que aconteceu, Artur? — perguntei, observando o jeito brusco que ele entrou e ficou andando de um lado para o outro enquanto colocava as malas no chão.

— O voo foi adiado. — coçou a cabeça.

— Que belezinha, você vai ficar aqui conosco! — Will bateu palminhas e sorriu, ele estava diferente de Artur, estava animado, e quando percebeu a sua expressão, desfez o sorriso. — Quer dizer, sinto muito. Mas tem bolo.

— Para quando? Por que você não fica? — me aproximei e sentei em seu colo.

— Hoje à noite. Isso é estressante. — suspirou e começou a roer a unha. — Não posso ficar, os planos não eram esses.

— E você tem planos para quando chegar a Gales? — perguntei.

— Sim, organizar a nossa vida, nossas coisas. Você mesma sugeriu isso, esqueceu? — ele sorriu de canto e me deu um beijo. — Eu já havia marcado uma visita para a nossa nova casa.

— Você já tem uma casa. — apoiei a mão em sua perna e suspirei, me levantei e Will me encarava boquiaberto, ele adorava a ideia de eu estar sendo mimada e vivendo no luxo junto com Artur, mas eu não queria que ele gastasse um dinheirão comigo, mesmo ele tendo conquistado tudo, eu também precisava conquistar algumas coisas junto com ele.

— Mas precisamos de uma que se pareça com você, com nós dois.

— Acho que vocês deviam parar com esse papo de casa nova porque eu me sinto mais pobre do que já sou. Além do mais... você trouxe as fraldas, Artur? — o moreno se aproximou da gente e juntou as próprias mãos, ele estabeleceu a regra de que: hoje só entrariam nessa casa com as fraldas, e o Artur sabia disso.

Meu Amado VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora