Capitulo 08

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— Se me permite perguntar...o comendador acha que ela tem mesmo alguém?— Josué perguntou "pisando em ovos".

O comendador rodava o anel no dedo, sinal de que estava formulando uma resposta.

— Marta com um namorado? É ridículo. Mesmo a gente vivendo em pé de guerra a vida toda, ela não teria coragem. Duvido muito. Tenho certeza que isso é mais uma invenção dela para implicar comigo por causa de Isis — ele respondeu convencido.

— É, pode ser. Mas e se ela realmente tiver alguém? Oque o comendador pensa em fazer?

— Ela não tem!  Mas, antes que ela pense em ter, eu já vou estar a cinco passos a frente dela. E você vai me ajudar.

— Oque quiser.

— Você vai seguir ela, fazer oque for preciso para descobrir oque ela faz, onde faz e com quem faz. Quero saber tudo, me traga até o tipo sanguíneo da pessoa, se é que ela realmente existe.

— Pode deixar!

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— Maurílio, eu nem sei oque dizer. É um presente lindo.

— Apenas aceite e use no dia da festa. Acho que você sabe porque escolhi justo essa pedra.

— Porque?

— Porque é uma das únicas que combina com seus olhos, uma safira legítima. Eu já te conhecia das revistas, sites e tudo mais, e um amigo uma vez se referiu a você como "a imperatriz dos olhos de safira". E acabou que isso ficou na minha cabeça, então, pedi para fazer esse colar e brincos, exclusivamente para você.

A explicação dele deixou Marta ainda mais admirada com tanto bom gosto, admiração e beleza de Maurílio. Ela não sabia oque iria acontecer, mas já projetada que uma amizade com ele seria boa.

— Acho que seremos bons amigos.

— Tenho certeza que sim!— ele levou a taça de champanhe.

Marta fez o mesmo e tilintavam as taças. 

— Quer dizer que lá fora, eu sou conhecida como a imperatriz dos olhos de safira?— Ela perguntou sorrindo.

— Na verdade você é conhecida por sua beleza e sobrenome. Mas esse meu amigo e alguns outros que eu tenho, te rotulam assim. E quem sou eu para discordar. Com todo respeito, você é linda Marta. Comendador realmente é um homem de sorte.

— Acontece que tem gente que não sabe aproveitar a sorte que tem! Por isso vou dar o troco nele, troco esse muito merecido. 

— E eu vou te ajudar. 

Eles se olharam.

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— Que cara é essa?— Magnólia perguntou vindo da cozinha.

— Cara de quem tá morrendo de ódio disso tudo. Não consigo aceitar isso. Eu queria estar lá, ir nessa festa, entrar de braços dados com ele, desfilar as jóias, até no Carnaval eu queria ir. Mesmo detestando lugar cheio de gente.— exclamou Isis em descontentamento.

— É, também acho. Mas não adianta colocar o carro na frente dos bois. Ficar irritada, não ajuda a pensar direito.

— Ah, então você que é praticamente a reencarnação de Buda, me diz, tem alguma ideia?

— Para o seu governo, eu tenho sim. Você não quer tanto ir à festa da Império? Pois então vá...

— Ficou maluca, mãe? Os filhos dele me odeiam. A Marta nem se fala, o dia que ela me viu no restaurante com ele, só faltou me comer viva com os olhos.

— Idai, você tem medo dela?

Isis soltou uma gargalhada irônica.

— Eu? Medo da Maria Marta? Ah,  por favor, né!

— Então vá a festa. Eu duvido muito que o comendador, que tem os quatro pneus arriados por você, vai te tirar de lá. Apareça, linda, bem vestida, chame mais atenção que ela, faça todos te olharem, faça os almofadinhas dos filhos dele, te aceitar na marra se for preciso.

Isis analisou a proposta da mãe.

— Não é uma ideia ruim. Pensando por esse lado, você até tem razão. Mas como vou entrar se não tenho o convite?

— Isso "mamys" dá um jeito. Seu único trabalho vai ser ficar mais linda do que já é — Magnólia piscou, com um ar de quem tinha tudo sob controle. 

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No dia seguinte, ainda cedo, Josué entrou na sala de Zé Alfredo. 

— Com licença comendador, Bom dia. Recolhi tudo oque eu consegui sobre esse tal sujeito que a dona Marta está saindo — Josué parou ainda em pé, frente a mesa do patrão. 

O homem de preto se virou na cadeira.

— Como assim? Ele existe mesmo?

— Existe sim. Se chama Maurílio Ferreira. É o mesmo Maurílio que está trazendo a joalheria da família dele para o Brasil — ele colocou uma espécie de pasta sobre a mesa.

Zé imediatamente pegou e começou a devorar todas as informações. Aquilo não o deixou nada contente. Muito pelo contrário, um "alerta" acendeu em sua cabeça. 

— Não gostei nada desse Maurílio, tem cara de lobo em pele de cordeiro. Não sei não. Marta vai ter que me contar isso direitinho — ele se levantou e saiu da sala.

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Naquele dia, Marta havia resolvido que só iria mais tarde para a Império, por tanto, estava relaxando num banho de espumas, com uma música bem suave tocando ao fundo e os olhos cobertos por duas rodelas de pepinos.

Zé voltou à mansão dos Medeiros e subiu diretamente para o quarto dela, no caminho percebeu que a casa estava vazia.
A porta do quarto dela não está trancada apenas encostada. Por tanto, sem cerimônias, ele entrou, procurou por ela pelo ambiente como um cão farejador. Até escutar a música tocando e deduzir que ela estava no banheiro.

Com sua típica cara de "nojo" ele parou de pé, olhando ela submersa por espumas.

— Quem é esse tal de Maurílio?

— Será possível? Que isso? Agora deu para entrar sem bater? Se não percebeu, eu estou tomando banho — Ela tirou os pepinos dos olhos e encarou ele com indignação. 

— Isso é o de menos. Nada em você me surpreende mais Marta, nada disso é novidade.

Ela ergueu as sobrancelhas e balançou a cabeça apertando os olhos.

— Se não é novidade, e se eu pedir para você se virar, você não vai...— Ela simplesmente levantou e saiu da banheira.

Era praticamente IMPOSSÍVEL não olhar. 

— Ah, por favor Marta — ele se virou e saiu.

Ela riu, pegou a toalha e se enrolou.

Ele até podia não ter mais nada com ela, podia até dizer que não sentia nada, mas o fato de falar, é bem diferente de sentir! E oque ele sentiu ao vê-la nua, foi bem diferente do que as palavras que já havia dito ou poderia dizer.

— Ah, agora sim. Da próxima vez me avise, para eu não ter um passamento — ele foi irônico.

— Ué, mas quem entrou no meu quarto sem bater, foi você. Que eu saiba, eu estou no meu território, o intruso à vida alheia aqui é você. 

— A questão aqui não é essa, e sim esse tal de Maurílio. Quem é esse homem?

Marta o encarou com seus olhos extremamente azuis e intimidadores. 

Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora