Compreendi a situação, e como de bom entendimento, a razão cobriu em silêncio.Naquela hora eu só pude sentar junto a ela, e compartilhar de sua dor, e não, eu não fazia ideia do que pudera ter acontecido.
'E comigo...?!! Não saberá ela a escuridão da qual vivi na noite.' pensei, mas pouco importava meu eu, pois estava ela em minha frente, debruçando rios profundos dos quais estavam misteriosos para mim naquele momento, e meu pensamento sobre aquele momento era o que mais importava. Esperei ela se acalmar, e meu silêncio fora a porta para o fim do seu prantear.
- O que aconteceu??! Por favor, diga para mim. -Perguntei a ela.
Ainda trêmula na voz, ouvi aos poucos algumas palavras.
- Sab...sabe, tenho um amigo que conheço faz vários anos, e fiquei agora pouco sabendo de uma notícia que eu não queria que fosse verdade. Cara!! Ele morreu Bob!! Ele morreu... Faz anos que eu não o via, e embora mantivéssemos contato, poucos meses antes de te conhecer, havíamos tido uma discursão, e eu não havia me desculpado com ele, e por orgulho preferi manter minha razão na história e ir aos poucos parando de conversar. Eu sabia que estava errada, mas eu não queria admitir, e ele foi paciente comigo, e eu histérica, naquela hora eu havia utilizado da maior arrogância possível, e para quê?!! Pra eu vim e saber dessa notícia?!! Por estar desesperada em saber que ele foi embora para sempre e que eu nunca mais o verei?! Nunca mais poderei mandar uma mensagem para ele e esperar por sua resposta calma e serena aceitando minhas desculpas. Bob!! Me ajuda, o remoço esta me consumindo, não estou dando conta dessa dor.
Assim que ela pôs fim em sua fala, debruçou-se mais uma vez sobre meus ombros, e pude sentir águas mornas sobre minha pele. Sim! O silêncio fora minha melhor escolha, palavras naquela hora eu havia de ter, mas em seu término, pensei em quem era eu pra falar sobre dar conta de uma dor, sendo que nem eu próprio dominara a minha. Observei-a as frestas e fiz um cafuné para seu alívio.
Foi uma visão triste para mim, foi um sentimento que eu não queria ter que sentir, a famosa impotência estava pairando sobre minhas atitudes, e meu castigo por ser fraco foi o lamento.
- Lamento não poder te ajudar! Ai se eu pudesse pegar uma parte dessa dor, colocaria tudo em meu coração, apenas pra ver teu semblante mais leve, mais feliz.
Não me deixes triste, amo teu rosto alegre, seu sorriso muda meu amanhã, e hoje ele está vulnerável, hoje você me tornou vulnerável. Eu apenas quero que você partilhe de sua história ao meu lado, mas quero que entenda a frustração que me causa em não poder te ajudar em nada quando sequer conheço o decorrer de sua caminhada. Por isso quero conhecer mais da sua história, conhecer-te mais!! Sair mais ao seu lado, conhecer sua rotina com amigos, e nessa interação de sentimentos, termos um momento a sós, apenas nós dois, para processarmos o dia, para processarmos o momento, rirmos de asneiras e enfraquecer o tempo. Quero tornar mais claro meus sentimentos, e meu jeito de demostrar isso você só entenderá com o tempo. Mas apenas quero que saiba que eu gosto muito de você, muito e muito, e mesmo que eu esteja com tantas dúvidas, mesmo com meu passado me condenando, entendo a necessidade desse amor, quero formalizar nossa paixão, e mesmo que você ouça isso nessa aglomerações de sentimentos, tudo que eu pude fazer, foram essas palavras que talvez foram que nem espumas ao vento.
Encerrei minha fala e fechei meus olhos, e me toquei que não deveria ter dito o que eu acabara de falar. Poderia ser em qualquer outro momento, poderia ser em qualquer outra ocasião, mas por algum motivo, senti bem no fundo que aquele nosso pequeno mundo estava em sincronia, e mesmo sentindo superficialmente que meu erro fora um ponto intermediário entre o que viria a acontecer de bom ou ruim, fiquei de olhos fechados, pensava no desfecho da história. Logo senti ela colocar sua cabeça sobre meu colo, e com um leve gesto, arrumou uma fresta do seu cabelo, e pude perceber um leve sorriso de alívio, ela dormiu sobre o silêncio nocivo.
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Amor Heterogêneo
RomantizmComo seria amar uma pessoa com pensamentos iguais aos seus, porém, com atitudes diferentes. Um amor recíproco, ou desigual? Um amor verdadeiro? Ou apenas mais uma inda e vinda do amor.