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Acordar naquela manhã e ver que Crystal não estava em lugar algum foi apavorante, todas as suas coisas haviam desaparecido.

O bilhete depositado sobre o balcão nunca sairia da minha memória.

"Não posso fazer isso, não estou pronta. Espero que me perdoe um dia.

-Crystal"

O som do microondas apitando me despertou, pinguei um pouco do leite nas costas da mão para ver a temperatura. Era exatamente 02h00 da madrugada, Margot não parava de chorar no berço.

Me sentei com ela na cadeira de balanço para dar a mamadeira. Seus olhos brilhantes encontraram os meus enquanto sugava o líquido da mamadeira, não pude deixar de sorrir.

Após colocá-la para arrotar arrumei o berço e a deitei.

— você tem que dormir meu amor, papai tem que descansar também — acariciei seus ralos cabelos loiros com meu mindinho.

Alguns minutos depois ela estava dormindo profundamente. Tinha total visão de Margot da minha cama, o apartamento era pequeno e tinha apenas um quarto para nós dois, mas não era problema.

Eu até preferia pois tinha o hábito de acordar algumas vezes e ir até o berço checar tudo, até mesmo verificar se ela estava respirando, parece coisa de doido mas para mim é muito necessário.

Deitei finalmente a cabeça no travesseiro e fechei os olhos, não demorei muito a dormir por conta do cansaço.

As 05h00 em ponto o despertador do meu relógio tocou, rapidamente desliguei para não acordar Margot. Me levantei e fui tomar um banho rápido para me arrumar, antes que minha mãe começasse a me ligar.

Todos os dias eu levava Margot até a casa dela antes de ir para a faculdade, não confiava em deixar com babás.

Ela acordou chorando, bem alto. Troquei sua fralda e a roupa, dei mamadeira e a enrolei nos pequenos cobertores cor de rosa, aconcheguei o estofado do bebê conforto e peguei ambas as bolsas.

Era um saco não ter carro, todos os dias tinha que ir andando até a casa da minha mãe, não tinha sequer um ponto de ônibus perto do meu apartamento.

Fui entrando assim que cheguei e deixei a bolsa no sofá ao lado da cadeirinha, Margot dormia como um anjinho.

— Já chegou, querido — minha mãe veio me dar um abraço. — Preparei um café reforçado, tenho certeza que saiu sem comer nada.

— Você é a melhor! — beijei sua testa e fui até a cozinha.

Após tomar meu café notei que estava quase atrasado, voltei para a sala e minha mãe brincava com Margot que por algum motivo assoprava e fazia pequenas bolhas com a própria baba.

— Eu já vou indo, até mais tarde mãe — a abracei. — Se comporte pequena — acariciei a bochecha da minha bebê.

Assim que cheguei na faculdade fui me encontrar com os meninos. Haviamos começado o segundo ano a poucos dias

— Ei, como esta minha sobrinha? — Zayn jogou um pedaço de tomate em mim quando me sentei no gramado.

— Ótima, acordando as duas da madrugada como sempre — Comi o pedaço do tomate.

Margot Onde histórias criam vida. Descubra agora