Conflito Interno

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Ela podia jurar que estava delirando.

Encarou — ainda sem acreditar — Sasuke de braços cruzados, os olhos cor ônix brilhando com uma fúria que ela já conhecia bem. Olhou para Neji, a pergunta em seus olhos: porque não tinha mandado-o embora? A verdade era que ver o Uchiha ali, bem em sua porta, era um choque pelo qual Sakura não havia gostado de passar.

— Ei, Sakura, podemos conversar? — Pediu, com uma ternura que a rosada não via há muito tempo. Imediatamente, sua mão buscou a do Hyuuga e quando se tocaram levemente, a Haruno desistiu do contato. Não queria parecer desesperada ou amedrontada.

Mas também não queria conversar.

— Se precisar de mim, estarei na cozinha, sim? — A voz calma do moreno se fez ouvir, ela encarou aqueles olhos perolados e a serenidade que eles transmitiam. Um sorriso mínimo se estendeu por seus lábios, ela se deu por vencida.

Ele não desistiria. Era melhor acabar com aquela situação de uma vez por todas.

— Obrigada, amor. — E o homem se foi, despedindo-se dela com um selar de lábios. A garota o observou desaparecer pela porta, sem fechá-la, e disse a si mesma que estava tudo bem.

Neji estava ali. Ela estava segura.

Virou-se apenas para encontrar a expressão magoada do Uchiha.

— Você não precisa fazer isso, sabe disso, não sabe? Eu já percebi.

— O que você quer, Sasuke? — Questionou a rosada, um tanto quanto sem paciência. Queria mandá-lo embora logo. — Não temos nada pra conversar.

— Como não temos nada para conversar? A nossa vida tá toda bagunçada, Sakura. — O garoto expirou, apoiando as mãos na cintura. — Vamos consertar isso.

— Se com "bagunça" você quis dizer que estamos afastados depois de todas as traições, daquele término humilhante e todo o seu desprezo depois dele, eu prefiro que continue assim, Sasuke. — O tom duro da Haruno surpreendeu os dois. Nem mesmo ela acreditara que finalmente tinha dito aquilo. — Estou muito bem, obrigada.

— Eu estava cego, Sakura. — Confessou o Uchiha, amargo. Ele olhou dentro das orbes cor jade e continuou, uma súplica: — Estava louco, me deixei levar...

— Eu percebi. — Foi apenas o que a rosada respondeu, firme. Cruzou os braços na altura do peito, gesto que fechou ainda mais seu roupão, e resolveu continuar: — Mas agora é tarde para querer resolver isso.

— Não fala isso! — O Uchiha disse, alto, dando um passo enérgico em direção a rosada, que recuou, quase entrando na própria sala. — Não fala assim, a gente ainda não acabou, você sabe que ainda me ama.

A reação foi imediata. Sakura sentiu sua garganta fechar, o ar não passava por seus pulmões e quando enfim conseguiu liberá-lo em um arquejo indignado, foi o que falou:

Amar você? Depois de tudo o que você fez? — Seu tom foi alto, ela descruzou os braços, encarando-o, erguendo a cabeça. — Você tem razão, realmente enlouqueceu. Por favor, vai embora, Sasuke. Sua escolha foi feita, agora me deixa em paz.

— Você só está com raiva, babe. — Outro passo, e desta vez Sakura não se moveu: o Uchiha sorriu, vitorioso. Acariciou seu rosto enquanto dizia, a voz como um leve ronronar: — E você tem razão, eu sei. Sei que exagerei, mas prometo: isso nunca mais vai acontecer. Você é a deusa da minha vida, minha rainha, você faz parte de tudo.

— Sasuke. — Começou ela, em tom surpreso. — Se realmente acredita que vai me convencer com esse papinho furado, você está sendo ridículo, para dizer o mínimo.

Qᴜᴀɴᴅᴏ (Nãᴏ) Cᴏɴᴛʀᴀᴛᴀʀ Uᴍ Nᴀᴍᴏʀᴀᴅᴏ ᴅᴇ Aʟᴜɢᴜᴇʟ, NᴇᴊɪSᴀᴋᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora