Catástrofes, e mais catástrofes. Uma após a outra. Dentro do meu ser, tomando a minha vida.
Demônios da encruzilhada vindo me buscar. Injustos eles. Afinal, onde estão os dias de glória que me foram prometidos?
Vendi minha alma, ainda pura e intacta. Depois a destruí com amores não correspondidos, whisky e muitas doses de melancolia, sabendo que o dia chegaria. E chegou.
Minha alma, que já não pertencia mais à mim, está indo embora. Serei apenas mais um corpo vagando por aí.
Não me sentirei sozinha, não sentirei dor e muito menos prazer. Serei apenas um ser, sem alma e nem receio. Não terei mais medo.
A vida que já andava mal, agora se sustentará com pequenas doses de apatia, oito vezes ao dia.
Frieza, como em túmulos de cemitérios abandonados. Rosto pálido e olheiras. A visão da morte à minha frente. Mas ela parece nunca chegar.
Serpentes, corais verdadeiras e tudo de mais peçonhento que há nas profundezas do mundo, rastejam aos meus pés.
Sou a nova rainha do inferno, tentando impôr ordem nessas almas torturadas pelas chamas de um fogo ardente.
Correntes, marcas nos pulsos e cordas na garganta. Chegamos ao destino final. Talvez eu seja a minha própria morte e esteja fugindo dela, adiando a inevitável tragédia de se libertar da dor.