Capítulo 4

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—Onde você está querendo chegar? — Calum falou enquanto suas mãos estavam na cintura da mesma — Quanto você bebeu?

Sabe aquele momento que já está tudo dando errado, mas sempre tem um jeito de piorar? Foi assim que Ravena se sentiu nos braços de Calum.

"O universo me odeia" foi a primeira coisa que se passou na cabeça dela, talvez depois de um xingamento.

—Me solta — Ela falou assim que conseguiu ficar em pé novamente.

Seus olhos estavam encarando os deles, podia estar bêbada, mas consegui ver que ele estava preocupado. E aquilo a deixava ainda mais puta.

"Calum Hood se preocupando comigo agora? Depois de tudo? Ele consegue ser mais falso?"

—Aonde você quer ir, Ravena?

—No banheiro, agora deixa eu ir antes que eu vomite na sua cara.

—Vem, eu te ajudo.

Uma risada saiu da boca da garota, era tão irônico Hood querer ajudar alguém.

—Você? Me ajudar? Eu prefiro ir sozinha mesmo.

—Para de ser teimosa, você mal consegue ficar em pé.

—Eu não sou teimosa, eu apenas sei que esse teatrinho de bom moço é tudo mentira. Eles podem acreditar em você, mas eu não, Calum.

—Você está morta de bêbada, se quer brigar vai fazer isso sozinha.

—Sabe o que eu acho engraçado? Você anda por aí como se não tivesse feito nada, porque pelo menos uma vez na sua vida não age como uma pessoa decente?

—Eu não fiz nada, Ravena —As feições do garoto se fecharam, era possível ver que ele tentava ao máximo continuar calmo.

—É Calum, você não fez nada —O tom de voz da garota estava aumentando cada vez mais— E é por isso que eu nunca foi te perdoar

O garoto ficou imóvel por alguns segundos, realmente não queria ter aquela discussão, muito menos com a situação dela.

—Anda, Calum! Olha nos meus olhos e me fala que você não é um egoísta de merda

—Eu aceito você me odiando. Mas não venha falar que eu sou isso ou aquilo, a gente ficou meses sem se ver e, como você mesmo já me disse, não éramos amigos antes, você não me conhece.

—Como eu não vou te achar um merda, Calum? Até

meses atrás eu mal te via sóbrio, agora fica fingindo de garoto perfeito, capitão do time de basquete, novas perfeitas e amado por todo mundo. Aceita que você não é o Alec.

—Acha mesmo que o Alec era tão perfeitinho assim? —Uma risada saiu de seus lábios negando com a cabeça.

—Não abra a merda dessa sua boca pra falar dele —O sangue dela fervia, tinha álcool o suficiente em seu corpo para um homicídio passar entre seus pensamentos— Não depois que você fez

—E o que eu fiz, Ravena? —O garoto deu um passo para frente, seus olhos estavam mais escuros do que de costume.

—Você matou o Alec! —A menina gritou sentindo as lágrimas escorrerem de seu rosto— Você matou ele, você matou meu namorado.

—Eu tentei ao máximo tentar preservar a memória que você tinha dele, mas eu cansei de você me tratando desse jeito, você quer a verdade, Ravena? —Ele parou por alguns segundos tentando controlar as lágrimas— A verdade é que naquela noite eu estava sóbrio, mas ele não, ele acabou usando tanta coisa que estava levando ele para casa antes que tivesse uma overdose. No caminho ele ficou quieto, até demais, eu fiquei desesperado na hora e acabei perdendo o controle do carro. Não te falei porque seria que você não ficasse sabendo desse lado dele que tanto queria esconder.

—Você é uma merda, Calum Hood —Um grito saiu de seus lábios e avançou para cima do menino— Ainda tem a coragem de inventar isso para mim? —Em um momento de raiva e alcoolismo, começou a distribuir socos pelo peitoral do mesmo— Você que deveria ter morrido naquela noite.

Hood tinha passado por meses sombrios, se sentia culpado por ter matado seu melhor amigo, por ter matado o namorado de Ravena, por ter matado o único filho dos Posey. Ele não morreu naquela noite, mas alguma coisa dentro dele tinha morrido.

Calum naquele momento ficou extremamente vulnerável, por um segundo tinha ficado zonzo com as palavras da garota. Não ligava para ser o saco de pancada dela, sabia que a dor dela era insuportável, mas aquelas oito palavras realmente tinham machucado.

Tudo estava em câmera lenta naquele instante, mal podia escutar os mil xingamentos que ela estava falando. Só voltou ao normal quando viu Ashton puxando a menina e os socos cessando, os dois saíram dali em direção ao banheiro.

Pela segunda vez, Ashton viu Ravena caindo em sua própria tristeza e desespero.

Quando Lexie falou sobre as cartas ele sabia que estava acontecendo novamente. Logo depois da morte de seu pai, a garota começou a escrever várias cartas e deixar no túmulo dele, uma forma de continuar mantendo contato. E isso estava acontecendo novamente com a morte do Alex.

O desespero, nervosismo, ansiedade tomaram conta de seu corpo. Tentava respirar da forma mais controlada possível, mas parecia que faltava ar naquele cômodo.

Irwin pegou a menina no colo colocando debaixo do chuveiro, suas lágrimas agora escorriam junto com a água gelada.

—Eu estou aqui, eu estou aqui—Ashton repetia várias vezes junto com algumas palavras de reconforto.

Já tinham passado mais de dez minutos e ela finalmente tinha parado de chorar, Irwin desligou o chuveiro pegando uma toalha que tinha ali enrolando no corpo dela.

A única reação dela foi ir até o vaso e vomitar e colocando tudo para fora. Quando ela terminou Ashton ajudou a se sentar no vaso, a garota não tinha nenhuma expressão e não falava nada.

—Eu vou pegar minha mochila, fica aqui.

Ela não respondeu. Quando ele desceu para o primeiro andar da casa procurando sua mochila, como ele sabia que iria dormir na casa de Calum tinha levado um par de roupas.

—O que aconteceu? —Michael se aproximou do mesmo pegando em seu ombro.

—É complicado demais, depois eu te explico, tá? —Ashton falou olhando para o mesmo— Eu só preciso achar minha mochila

—Tá bom, a Fallon mais cedo tinha colado as mochilas aqui — Michael abriu uma porta, era um cômodo pequeno que a família guardava algumas coisas— Aqui.

—Valeu, tem como você ir ver o Calum?

Michael apenas concordou com a cabeça subindo as escadas procurando o garoto.

Quando ele entrou no banheiro ela permanecia na mesma posição com os olhos fixos na parede.

—Rav, você precisa trocar de roupa —Ele não recebeu uma resposta— Vou te ajudar, tá bom?

A menina apenas levantou seus braços ajudando ele a tirar sua blusa, a garota estava tão sensível e em choque, e seu melhor amigo queria ajudá-la. Depois que tirou toda a roupa e sapatos molhados, ele colocou uma calça e uma blusa sua nela.

—Queria arrumar seu cabelo, mas eu vou acabar piorando —Deu uma risada baixa pegando a toalha tirando o excesso de água dos seus cabelos e por fim, fazendo um coque.

O coração dele doía por ver ela naquele estado novamente, se sentia até um pouco culpado por não ter percebido o que estava acontecendo antes, já tinha notado que ela e Calum mal trocavam duas palavras, mas pensava que era algo bobo.

—Vem, vamos para casa

Ashton dirigiu até sua casa. Ravena ficou calada o trajeto inteiro, tudo que se passava em sua cabeça era Alec, sabia que meses antes do acidente ele estava diferente, mas pensava que era a pressão dos olheiros da faculdade nos jogos.

"Ele não era um drogado, não é possível que ele fosse um drogado"

Era o que ela estava pensando, Calum Hood era um fodido mentiroso, não conseguia admitir sua culpa e colocava a culpa no namorado morto.

Quando o menino terminou de trocar de roupa e se deitou na cama junto com Ravena, ela se encolheu nos braços do garoto.

—Obrigado —Foi a única coisa que ela falou depois de tudo.

Place In Me • c.t.hOnde histórias criam vida. Descubra agora