Julie Molina, produtora de uma gravadora muito influente em New York foi obrigada a deixar o trabalho para tirar férias, já que desde que se formou na escola, se dedicou 100% ao trabalho. Mesmo com suas relutância e argumentos totalmente ignorados...
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LUKE
Eu sentia meu coração batendo extremamente rápido como nunca bateu antes. Achei por um momento que fosse pela adrenalina de ter reduzido quase 1h do percurso do Ihop até aqui, mas eu já estava no lobby do hotel e ainda conseguia sentir o cheiro delicioso do perfume dela, que era uma mistura delicada de flores onde os aromas de laranja e morango se sobressaíam entre os demais, isso pareceu ter ficado impregnado no meu nariz invadindo os meus sentidos de forma avassaladora e me dei conta de que mais do que nunca, morango e laranja a partir de agora, já não são mais só frutas. Isso com certeza vai me perseguir aonde eu for. Talvez eu não a veja mais, mas onde eu olhar vou lembrar desse perfume e consequentemente, da turista irritadinha. Eu tô fudido!
— Luke, oi... — A voz doce ecoou pela minha cabeça me tirando dos meus devaneios. — Tudo bem? — Sorriu acenando da recepção. — Oi Amber, eu estou ótimo. — Menti. To cansado pra caralho e morrendo de dor nas pernas. — E você, como está? — Sorri me aproximando de onde ela estava. — Pode me dar um pouco de água por favor? — Eu precisava de água, precisava MUITO! — Eu estou bem! — Disse com um sorriso maior ainda pegando a água que eu havia pedido no bebedouro atrás dela. — Sabe, eu estava pensando — Sorriu fraco me entregando a água. — amanhã é sua folga né, eu trabalho durante a noite... O que acha de tomarmos um suco, não sei, talvez dar uma volta pela praia... — Disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto eu bebia minha água. Ela está me chamando pra sair? É isso mesmo? — Vai ser legal. — Sorri jogando o copo no lixo. — Eu te mando mensagem para combinar certinho! — Dei uma piscadela com um sorrisinho de lado. — A gente se vê amanhã então. — Ela sorriu. — A gente se vê amanhã. — Dei uma leve batida no balcão antes de sair.
Montei na minha bicicleta e comecei a pedalar. Dessa vez eu pensei em fazer o percurso com calma, mesmo que levasse 1h:44m do hotel até a minha casa, eu precisava respirar e tentar colocar a cabeça em ordem. A cacheada conseguiu me desestabilizar.
A noite estava fria com uma garoa fina e por causa da falta de iluminação na Rotatória Maui Lani Pkwy estava ainda mais escura, me fazendo lembrar daquele olhar penetrante, e aqui estou de novo pela milésima vez desde que sai do hotel pensando na tal Julie, até um chorinho baixo me chamar a atenção. Parei descendo da bicicleta e ascendi a lanterna do celular caminhando no acostamento, abrindo os arbustos com a mão tentando achar a criaturinha que fazia aquele barulho, até finalmente encontrar aqueles olhinhos brilhantes e o choro ficou mais alto quando me aproximei. Pela escuridão eu quase não o vi de tão pretinho que é.
— Hey, calma amiguinho. — Sorri fraco me aproximando com cautela para não assusta-lo ainda mais. Ele tremia e chorava, parecia com fome. Finalmente consegui me aproximar o suficiente pra tirar ele daquele meio de mato com espinhos sem me importar se estava me arranhando e o peguei com cuidado. Puta merda, ele é muito fofinho! — Você ta perdido?! — Perguntei como se ele pudesse me responder. — Vou te levar pra casa.
