Capítulo 7

146 20 3
                                    

O primeiro pensamento de Reki ao atravessar a porta da frente da casa era em como ele teve sorte em não ser atingido por nenhum veículo durante o trajeto; já não bastava a experiência que teve com o Tadashi. A mente dele estava uma bagunça, não precisava piorar tudo conseguindo acabar também com o próprio corpo.

Aquele dia não poderia lhe causar mais problemas. O único consolo era que aquele beijo não tinha acontecido durante a peça na frente de todo mundo, isso sim teria sido o fim.

— Ei oni-san! — saudou Koyomi na sala. — Não achava que você chegaria tão cedo. — O ruivo não devia estar com uma expressão muito boa, pois logo o olhar dela mudou para preocupação. — Está tudo bem?

— Ah sim, só estou um pouco cansado por causa de toda correria do festival.

— Entendo — na verdade Koyomi não parecia totalmente convencida, mas o ruivo achava melhor não dar chance para a irmã continuar a conversa.

— Eu vou me deitar.

— Não vai nem ao menos jantar?

— Já comi muito durante o festival — aquilo não era uma completa mentira. — Vou só relaxar um pouco, estou com dor de cabeça.

Reki fechou a porta do quarto e se jogou na cama. A mente dele não dava sossego. Ele sentiu o celular vibrar no bolso. Ao abrir a conversa, viu que era Langa.

Langa: Reki, você chegou bem?

Arg, isso era tão do canadense, qualquer outra pessoa iria querer uma explicação sobre o que o levou a fazer... bem o que ele fez; ao invés disso, Langa estava preocupado com ele. Mas pelo menos, por enquanto, não queria pensar no que diria ao amigo.

Reki: Sim. Tudo bem. Amanhã a gente se encontra na Dope.

Deve ter chegado outra mensagem de Langa depois dessa resposta curta, mas Reki não tinha forças para responder. Ele deslizou os dedos por sobre os lábios, lembrando-se da sensação que ainda parecia sentir. Ele nunca pensou que os lábios do amigo poderiam se encaixar de tal forma aos seus.

Porque ele queria tanto repetir essa experiência?

Ele não deveria estar muito bem da cabeça...

Os dois estavam sempre juntos desde que encontrou o canadense do lado de fora do escritório de Cherry. Ele viu Langa andar de skate pela primeira vez contra Shadow, sendo que o canadense não tinha nem conseguido ficar em pé sobre a prancha horas antes, mas mesmo assim, Langa tentou andar de skate, apenas usando o que conhecia do snowboard.

Reki acreditava que aquela cena ficaria gravada para sempre na memória dele. A forma como Langa patinava o fez ver neve em meio a uma noite quente de Okinawa. E um dos principais motivos para Langa ter entrado na corrida foi para impedir Reki de patinar com o braço machucado. Mesmo que essa atitude de Langa fosse ainda mais perigosa do que o ruivo se arriscar.

Como ele poderia não ser amigo dele?

A primeira impressão, Langa aparentava uma grande indiferença, mas depois, Reki entendeu que parte disso se originava da tristeza que o azulado sentia em relação a perda do pai, não conseguir mais praticar snowboard com o mesmo entusiasmo de antes e depois se mudar para outro país; mas Reki, depois de ensinar skate e conviver mais com Langa, deu-se conta de que sentia-se um grande sortudo por estar ao lado dele.

Mas agora... O que estava acontecendo entre eles?

Reki pegou o celular de novo. A primeira coisa que viu foi a outra mensagem de Langa e suas palavras o atingiram diretamente.

Um Conto de Fadas RadicalOnde histórias criam vida. Descubra agora