Ainda Existe Esperança!

Capítulo 18 | Dos lugares improváveis

Capítulo 18     Dos lugares improváveis

AS COISAS SEMPRE DAVAM um jeito de se repetir na vida da Monroe. Seus irmãos achavam que ela só chegaria no domingo de manhã, por isso nem se preocuparam em buscá-la no aeroporto. Entretanto, Katrina tinha uma missão: promover uma tal de Rita Castro de Assis, comumente chamada como a mãe de Bárbara.

A Monroe deu um sorriso tentando esconder sua agitação. Tinha conversado bastante com Kevin sobre dona Rita e tinha descoberto que ela era uma excelente funcionária. De fato, a jovem não poderia entrar na empresa que tinha aberto mão e promover do dia para noite a mãe de Bárbara. Mas a Monroe confiava em seu pai o bastante para saber que ele não negaria um pedido seu ainda mais se mostrasse um relatório mais que excelente do trabalho de dona Rita.

O Instituto Internacional de Ciência e Tecnologia mais parecia uma empresa digital. Com uma fachada inteligente coberta por EIFS, algumas mudas de samambaia, onze horas e outras plantas ornamentais. Não tinha uma cara de prédio de governo tedioso. O IIST tinha sido construído baseado em inovação e era a inovação que mandava no pedaço.

A jovem lembrou na hora porque tinha aberto mão do comando. Eram coisas demais em jogo. Não, ela não se achava corajosa o suficiente para isso. A Monroe balançou a cabeça ao sentir um pouco de náusea quando entrou no prédio. Faziam dois anos que Katrina não punha os pés ali. Foco, disse para si mesma, a promoção da dona Rita. Não surta.

A porta de entrada era automática e um saguão luxuoso estavam à sua espera. Quadros de Thereza Monroe enfeitavam as paredes em uma espécie de trajetória até aquele amplo espaço. No primeiro quadro, Hector com apenas 12 anos e sua mãe. A pintura retratava um dos momentos mais preciosos da vida de Hector, sua família tinha se unido como nunca quando Martina tinha descoberto um câncer em fase terminal. Martina Lopes Monroe faleceu nem um ano depois da descoberta do câncer mas deixara vivo na mente do único filho uma sede por inovação. Seu Hernandez, o marido de Martina, tinha largado as coisas no Brasil e partido para os Estados Unidos em busca de oportunidades. O segundo quadro retratava exatamente isso: Hernandez, Hector e um punhado de malas na frente do navio St. Luiz que os tinha trazido para a "Terra das Oportunidades".

Hector tinha conhecido umas pessoas que conheciam outras e enfim, no terceiro, todos estavam de terno, em um cartório e segurando um papel. Hector Monroe, Jonathan Lula e o pai de Kevin ( esse último mudaria de ramo, anos mais tarde, para ficar mais tempo com a família ) , mais conhecidos como fundadores do IIST. Nesse meio tempo, o instituto já estava bem encaminhado, mas faltava alguém importante. Então, no quarto quadro, o primeiro encontro dos pais de Katrina no Central Park com o pôr do sol atrás deles. No quinto, já era o casamento que também ocorreu no Central Park. Os quadros se seguiam por mais um infinidade mas um em especial chamou a atenção de Katrina. O antepenúltimo, mostrava a Monroe abrindo mão do comando da IIST. Katrina se sentiu traída, ninguém tinha lhe falado do quadro. Pior que isso. A pintura havia sido intitulada de Asas ao deserto, e tinha a assinatura de Thereza na lateral esquerda "tA". É isso? Katrina berrou em pensamento, o único quadro com nome e com a assinatura da mamãe é esse aqui?

Os olhos da jovem começaram a lacrimejar. Ela se aproximou e sentiu a raiva e tristeza das pinceladas de Thereza Monroe. Inevitavelmente, sua mão se ergueu e tocou sua face e a dos familiares pintados no quadro.

Asas ao deserto, era a história de uma garota sem rumo. Determinada mas sem rumo. Que sofreu, se espatifou, e no final, depois de tudo, virou um monte de areia seca que não servia para nada. Katrina detestava essa história. Detestava o quadro e queria sumir. Que Bárbara a perdoasse, mas Katrina nunca mais colocaria os pés no IIST novamente. Essa era sua palavra final.