• Baekhyun vision. 24 de julho,1950.
O cheiro de terra molhada. Era a única coisa que conseguia sentir após anos com o cheiro de pólvora e sangue dos campos, que antes eram iluminados por belas flores. Por vezes, dava para ver os agricultores plantando imensas quantidades de arroz sobre a água. Era bem bonito para se dizer.
Os coronéis disseram que agora as coisas iriam melhorar, mas eu sei que eles estavam mentindo. No começo, eu era bem ingênuo. Acreditava que com acordos e ambos os lados se entendendo haveria paz. No entanto, esse não é o mundo real.
Não é a primeira guerra que enfrento desde que nasci, mas a primeira que destruiu mais mentes do que a minha acabou apenas em 45. A Segunda Guerra começou e um rapaz de 18 anos não tinha como fugir, abandonar os meus sonhos foi bem difícil, mas foi o começo de um amadurecimento forçado. Tinha acabado de ingressar na faculdade de medicina em Londres quando tudo aconteceu.
Claro que os meus dias já não estavam bons no começo. Um asiático em meio aos britânicos? "Ele pediu para se foder neste lugar", eles disseram. Ingleses nojentos e seus micróbios colonizados..
Embora sabendo que essas falácias sempre iriam acompanhar-me, sabia que meu conhecimento era a única coisa que iria me salvar naquele lugar. E mesmo que com pouco tempo na faculdade, eu dei tudo de mim para cada exame que estivesse ao meu alcance. E no dia 1 de setembro de 1939, foi anunciado que os alemães tinham atacado o corredor Polonês. Foi assim que tudo começou.- Tenente Byun, o senhor foi convocado para a base 23 na sala do Coronel Jung. "Apresente-se imediatamente", palavras do coronel.
A voz do recruta tirou-me do transe que estava durante toda a viagem naquele Jeep. Saí do automóvel um tanto apreensivo sem saber o que iria me aguardar exatamente. Conhecia aquele tipo de ambiente, mas era a primeira vez que um Coronel me chamava para sua sala. Agora como Tenente talvez as coisas mudassem para mim.Quando fui recrutado pela primeira vez, fui obrigado a me alistar no exército britânico. Eles me tratavam como lixo. Afinal, eu era como um Infiltrado. Um sem raça no meio dos reis do mundo. A cada vez que olhava para um deles recebia um olhar angustiado que sempre deixava-me em dúvida do porque ainda estava vivo. Talvez eles precisassem de algum prisioneiro de guerra quando os japoneses reagissem. Outros que eu queria que fossem aniquilados.
Odiava os ingleses, mas os japoneses assombravam a minha alma muito antes deles. Não somente a minha, mas também a de todo o meu povo. Já faz muito tempo que eles tomaram todo o território Coreano. Minha mãe dizia que meu avô era bem pequeno quando as invasões começaram. Uma de cada vez, até que nenhuma terra tinha sobrado. Eles tinham conquistado tudo.
Milhões morreram durante todo esse processo e os que ficaram? Viraram escravos. Entre esses escravos estava o meu pai: Byun Jun-Seo. Um homem rígido e totalmente reservado. Quando era criança, eu pensava que ele tinha esse jeito porque era um grande guerreiro e não podia revelar sua identidade. As vezes pensar desse modo esclarecia o fato dele nunca olhar na minha cara ou falar comigo direito. Isso era duro demais para um garotinho.
Viver no campo até que não era tão ruim. Podia brincar na natureza e comer frutas frescas direto do pé. Era como ter o Éden de baixo do pessegueiro que eu e meus amigos sempre bricavamos. Tudo era perfeito...até os meus quatro anos de idade.
Meu pai parecia ficar bem agitado a noite com a minha mãe. Fechava meus olhos e tampava meus ouvidos com muita força para não escutar os gritos femininos que sempre causavam uma pontada no meu peito, até pegar no sono. E foi assim por longas noites, longos meses. No dia seguinte, minha mãe sempre aparecia com marcas em sua pele. Roxas a vermelhas.
Eu perguntava o que era aquilo bem preocupado, mas ela sempre me respondia que era catapora e que iria melhorar logo. Acabei acreditando e insistindo para ela ir ao médico, mesmo que éramos pobres demais para pagar por um.
Hoje eu sei que catapora só dá em crianças.- Sente-se. - mandou o Coronel logo após a minha entrada no recinto. E o obedeci depois de prestar a continência.
Permaneci em silêncio. Minha curiosidade sempre me levou a caminhos doloridos nesta vida, então preferia deixa-la calada por um tempo. Olhava em volta para qualquer canto da sala para acalmar a minha ansiedade enquanto o Coronel acendia outro cachimbo. Tragando com vontade o que tinha em mãos.
- Quer? - comentou oferecendo o outro cachimbo em minha direção.
- Agradeço, senhor. Mas eu não fumo. - "Que cheiro deplorável." Realmente odeio qualquer adaptação do tabaco.
- Presumo que já esteja ciente da situação atual e do porquê o chamei aqui.
Claro, eu estava ciente dos problemas atuais. Era um dos motivos para eu estar novamente em um batalhão contra a minha própria vontade. Desde que a União soviética e os Estados Unidos resolveram iniciar uma jornada para caminhos mais estreitos, não foram somente as duas potências que foram afetadas com essa brincadeira de Casinha. Por fim, resolveram ajudar países inferiores aos seus olhos. Bela desculpa para deixar sua marca em povos que nunca poderiam dizer não para eles. Era cruel e completamente desumano.
Poderia ter consciência de tudo ao meu redor, mas ainda era uma dúvida em minha cabeça o motivo do Coronel ter convocado-me.
- Sim, senhor. Admito que sei da gravidade da situação que estamos, mas não faço ideia do motivo de eu estar aqui.
A cada segundo que se passava aquela sala parecia ficar cada vez mais pequena. O meu nervosismo deixava tudo pior fazendo-me suar pelas mãos e fazendo minha mente ficar rodeada de pensamentos ruins. Sem os meus remédios agora, essas ocasiões seriam frequentes.
O Coronel levantou-se de sua poltrona e após um longo suspiro começou a andar em volta do cômodo, olhando cada objeto. Todos os passos que o mesmo dava pesavam de forma inconsciente em minha alma, e conseguia perceber que ele também estava tenso.- O Capitão Park foi capturado do outro lado da fronteira em setembro do ano passado. - fez uma pausa. - Fui informado que ele estava voltando para casa após não precisar mais dar assistência às forças britânicas. No entanto, quando voltou sua casa tinha sido invadida pelos apoiadores dos soviéticos e em seguida a divisa foi implementada. Ou seja, não pudemos fazer seu resgate e...Tenente?
Não tinha palavras. Foi como um tiro certeiro em todo o meu corpo. Agora tudo fazia sentido...Esse era o motivo dele não responder mais as minhas cartas! E eu sempre pensei que era porque Chanyeol não queria mais falar comigo depois do que aconteceu. Me sentia um completo estorvo e com esse sentimento vinha a total angústia. Ele está nas mãos daqueles farsantes a bastante tempo, a possibilidade ele estar morto era gigantesca e pensar nisso só fazia-me desejar a morte cada vez mais.
Byun Baekhyun, você é um inútil.- Irei atrás dele.
- Eu ainda não terminei de falar, Baekhyun. Além de arriscado, você não poderá ir sozinho. - Respondeu o superior de forma decisiva. Ele sabia que eu poderia agir pela emoção se simplesmente deixasse eu ir, mesmo que no momento não gostei da resposta era inegável que o Coronel estava certo.
- Então, mande mais soldados para irem comigo. Não me importo. - Não iria desistir facilmente. Chanyeol é o meu amigo, e não o deixaria nessa situação.
O silêncio ponderou por longos segundos naquela sala. A ansiedade poderia matar-me em qualquer momento mas não sairia do contato visual com o Coronel até que obtivesse minha resposta. E por fim, o mesmo desviou por vencido com um semblante preocupado.
- Confiarei em você. Não é qualquer soldado que cruza a fronteira e sai vivo, você sabe disso. Então, tome cuidado e volte em segurança.
Levantei de forma imediata da cadeira curvando-me em forma de respeito. Meu coração acalmou-se naquele exato momento. Mesmo não tendo a mínima ideia do que o capitão estava passando do outro lado da divisa, tinha certeza que faria o possível e o impossível para encontra-lo.
- Não irá se decepcionar, Coronel. Voltarei quando finalizar a minha missão. - Prestei continência e sai da sala sem olhar para trás.
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O Amuleto de Jade
Historical FictionApós tentar resgatar o seu amigo em meio a Guerra da Coreia, Byun Baekhyun acaba indo para um lugar diferente da sua realidade. Capaz de fazer o rapaz mudar totalmente seus valores e principalmente as suas paixões. Plágio é crime. Todos os direitos...