Cap. 1

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 Alexande era nada mais, nada menos, que o típico rapaz de 16 anos. Todos os dias se levantava, tomava o pequeno-almoço, cravava dinheiro à mãe para o almoço, ia para a escola, aulas das 9 às 17:30 e voltar a casa. Computador, tpc’s e TV. Comer e ir dormir. No dia seguinte é só copiar e colar.

 Todos os dias, desde os seus 12 anos, esta era a sua rotina semanal. Aos fins-de-semana ficava em casa, a ganhar bolor sentado no sofá, ou saía com os amigos, se tivessem planos.

 Tinha também uma namorada, Susannah. A sua Susie era o sonho de qualquer rapaz. Era bonita, simpática, preocupada e era uma das mais populares na escola. E ele era louco por ela.

 No início do ano, ele decidiu que ia passar três dias a acampar. O antes, o durante e o depois do seu aniversário. Por sorte, não nascera no dia 13, mas sim no 12. Ainda assim, ia passar a quinta-feira dia 11, a sexta-feira dia 12 e o sábado 13 a acampar na floresta à saída da sua cidade natal.

 -Alex, porque não me deixas ir contigo. Como tua namorada, era normal que passasses os teus anos a celebrar comigo…

 -Acho que a floresta não é lugar para ti… Quando eu regressar, deixo que me organizes uma festa, mas no meu dia escolho eu.

 -Muito bem. O aniversário é teu, tu é que decides. Vemo-nos depois.

 «Porque é que ela tem de insistir tanto? Os meus amigos também não vão. Só eu e a floresta. Ela nem gosta do ar livre…»

 O tempo passou. Ele tinha tudo pronto e quando o dia chegou, ele foi para a floresta, onde brincou quando era miúdo, antes de se mudar para a casa onde vive agora.

 Montou a tenda e lanchou. Foi até à queda de água e mandou uns mergulhos.. Subiu pelas pedras e deu uns saltos. Quando subiu se preparava para saltar do posto mais alto, escorregou, perdeu os sentidos e caiu na água sem jeito.

Quando recuperou, estava na praia, fora de água e estava uma rapariga a fazer respiração boca-a-boca. Ele acordou quando ela pressionava o seu peito e quando ela voltou a pousar a sua boca na dele, ele beijou-a. Não sabia porquê, mas desde que se apercebera dela ali, sentia-se como se já a conhecesse, e gostava dela.

Ela, a princípio, não lutou contra o beijo, mas quando deu conta do que se estava a passar, afastou-se de olhos arregalados, em direção ao meio da floresta.

-Espera! Não vás!

Ele tinha-se magoado no pé, quando escorregou das pedras, mas mesmo assim foi atrás dela. Não estava pronto para desistir da pessoa que o salvara de morrer afogado, na véspera dos seus 17 anos.

Mesmo mancando, conseguiu alcançá-la. Ela estava meia assustada e estava sempre a olhar para trás, o que deu em algumas quedas por parte dela. Quando chegou ao pé dele, ela encolheu-se no chão, onde caíra novamente.

-Desculpa, não te queria afugentar.

Estendeu-lhe a mão para a ajudar a levantar-se. Ela apenas se encolheu ainda mais.

-O meu nome é Alexander, mas todos me chamam por Alex, ou Al, cenas desse género… Qual é o teu nome?

-Sapheera – respondeu ela, encarando-o.

Então, ele achou que o nome lhe assentava como uma luva. Ela tinha os olhos de um azul tao carregado que eram da mesma cor do céu, quando não há nuvens e o sol brilha quente…

-Sapheera, obrigado por me teres salvo.

Ela começou a sorrir, timidamente.

-Posso fazer-te uma pergunta?

Novamente, ela não falou. Simplesmente acenou afirmativamente.

-O que estás a fazer na floresta?

-Bom…eu vivo aqui.

Ele ficou visivelmente surpreendido

-Estou, tipo, a fugir… Como não tenho para onde ir, fico na floresta.

-Bom, se quiseres, acho que podes vir para minha casa. Afinal, salvaste-me a vida…

Ela tinha ficado a olhar para o chão desde que confessara que era uma fugitiva, mas quando ouviu o convite dele, ergueu os olhos para ele e mostrou uma imensa esperança de que assim fosse.

-Eu ainda vou passar aqui os próximos dias, mas quando voltar a casa, podias ir comigo. Isto é, se tu quiseres…

-Seria maravilhoso… - demonstrou um sorriso e, por um momento, ele sentiu um calor a percorrer-lhe a espinha. «Como é belo, o sorriso dela…»

Foram os dois juntos até o acampamento dele, onde comeram e falaram. Principalmente sobre aventuras passadas na floresta. Quando anoiteceu, a conversa mudou de rumo…

-Onde vais dormir?

-Tenho dormido numa gruta, não muito longe da cascata onde nos conhecemos.

-Se quiseres, podes dormir na tenda. É muito mais quente, e eu trouxe uns cobertores. Monto o saco-cama cá fora para mim e podes ficar com os cobertores lá dentro.

-Não me sinto bem por te tirar da tua tenda…

-Eu planeava passar uma noite cá fora de qualquer maneira. O céu estrelado é uma das minhas coisas preferidas aqui.

-Se não te importas que pergunte, porque vieste até aqui, sozinho?

-O meu 17º aniversário é amanhã e queria festejar aqui, longe da confusão e aproveitar para pensar em algumas coisas que me têm assombrado a mente…

-Que horas são?

-Faltam dez minutos para a meia-noite. Já é tarde, devíamos dormir. Boa noite.

-Boa noite.

Foram ambos instalar-se para a noite. Dez minutos depois de estarem ambos deitados, ela na tenda, e ele sob as estrelas, ouviu-se novamente a ainda tímida voz dela.

-Parabéns, Alexander. Feliz 17º aniversário. – Ele ficou um pouco comovido por este gesto. Sorriu para si próprio, mas não lhe disse nada. – Boa noite.

-Boa noite, pequena e doce safira. – Sussurrou para os seus botões, depois de dar tempo para que ela adormecesse e não corresse o risco de ouvi-lo, no silêncio sepulcral da noite na floresta.

Black SapheeraWhere stories live. Discover now