O que Encre fazia antes da batida na porta se tornou uma memória nebulosa que não conseguiria elaborar além de "me preparando para visitar meu amante que tinha deixado esperando" assim que a abriu, e a figura no outro lado pareceu tão chocada quanto ele.
Não ter interesse físico em mulheres não significava que ficava cego quando chegava perto de uma, então podia dizer com segurança: Eterna havia se tornado mais bonita com vinte e oito do que com vinte e um, com a musculatura mais visível sem perder de vez as curvas, além do próprio rosto mais maduro.
Queria chorar, ah se queria! Abraçar e lhe importunar até dizer o que aconteceu no burgo enquanto esteve longe; provavelmente o teria feito, se quase imediatamente após o sentimento crescer, um medo justificado emergir.E podia dizer que não era o único no meio de um turbilhão. Com o choque passado, os olhos grandes e os cantos da boca trêmulos entregavam que a velha amiga também não tinha certeza de como seguiria - as mãos hesitantemente se erguendo lhe davam sua única dica: teria uma parte física.
Acabou parando em um estranho meio termo, quando foi pego pelos braços antes mesmo de alguma palavra ser dita. O olho visível dizia muita coisa e nada ao mesmo, e a sua dona foi quem rompeu o silêncio tenso:
-- Eu achei que você estava morto.
Mesmo o aperto tinha ambiguidade - era um dos modos como começava abraços, mas apertava o bastante para doer. Eu mereço. Era até pouco. Era tão fofinho que a mesma cabeça quente que vivia arranjando brigas quando era pequena hoje tenta ao máximo evitar dano colateral.
-- Eu achei que você estava morto e só tinha ido embora e não dito nada."Eu ia estar se não tivesse saído" emergiu e tentou subir pela garganta, mas o deteve. Não, não assim, é brincar com fogo, seria com qualquer pessoa.
-- Eu tive uma boa razão...
-- Que boa razão?
Foi a visão do sorriso torto que o fez se questionar o porquê ela havia ido lá se parecia surpresa de o ver.
-- Você lembra do que teve antes da minha saída? Que eu saí por algum tempo.
-- Eu lembro, e também lembro que era longe daqui, então não ajuda.
Pelo menos a pressão em seus braços aliviou, no lugar da dor de pressão, o formigamento e ardência comum para essas situações.
-- Na verdade ajuda, porque eu... -- é perigoso, em vários sentidos, se contenha -- ... fiz coisas moralmente erradas, e sabendo como palavra corre por lá...
-- Você cometeu um crime?
Meu pobre bracinho...
-- Não! Não foi um crime -- levantou as mãos defensivamente, e em parte como uma forma de comprar tempo -- não mundano, quero dizer...
Droga, não estava bonito, isso com certeza. A quanto tempo ela estava no arredor? O bastante para ter visto?... Não, não poderia ter sido, se fosse já teria se preocupado de contar... ou ao menos esperava que sim. Sequer podia dizer que a conhecia naquele ponto? Oh não, se demorar demais provavelmente vai ficar brava, mas como...
-- Mãe?
A trilha de pensamentos foi cortada, e em vez de retornar, fez o pintor desejar se ajoelhar no chão e perguntar às deusas se aquilo era alguma brincadeira de natureza questionável.
Mas a (ex?) amiga olhou na direção da voz, e por impulso Encre seguiu a linha de visão dela, onde estava o que era ao mesmo sua bênção e seu infortúnio.
Langer estava de boca fechada, felizmente, e puxando o seu capuz de tal maneira que somente a parte preta era visível. Mas não sabia se era bom o bastante, não era como se tivesse feito parte da sua "pesquisa" com ela, como saber se era dona de um olho treinado?
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Vampire Verse - Sun and Moon
Fiksi PenggemarEm uma área longe da capital, em um país essencialmente mandado pela igreja, festividades não cristãs eram o próprio fruto proibido. Mas, seria inocência demais achar que quem quer não daria um jeito. Encre podia não ter crenças, fossem cristãs ou...