aonde foram as borboletas • volume 1

"eu te entendo"

Quantas vezes eu estive sem lar
Mas você me resgatou
Me disse para esperar
Me reconfortou

Nenhuma palavra é suficiente
Para expressar tudo que eu tenho guardado
Tantos momentos ao seu lado
Que hoje me fizeram chorar

Lembra daquele dia
Em que eu te liguei chorando?
Você me ouviu berrando
E nem por isso me abandonou

Conheceu o pior de mim
Meu egoísmo, inveja e narcisismo
Aturou cada briga, nunca largou minha mão
Talvez seja por isso que meus pés ainda estão no chão

Por isso, eu não quero ouvir "eu te entendo"
Não, você não me entende
Você nem ao menos pretende
Algum dia, talvez, entender

E eu não posso dizer "eu te entendo"
Pois meu coração não para de doer
É tão estranho quando penso
Talvez o meu egoísmo esteja prestes a me corroer

Eu sinto como se estivesse afundando
Cada vez mais, em um poço sem fundo
A pressão da água está prestes a me matar
Mas tudo bem, as profundezas do oceano sempre foram o meu lar

Quanto mais fundo, melhor
Eu seria incapaz de te desejar o pior
Você é, e sempre será, a minha outra metade
Mesmo que eu não fique feliz com essa nova realidade

Quantas vezes eu estive a mercê
Vagando por um oceano infinito
Mas você me abraçou
E me acalmou quando estava aflito

Eu ainda espero que seja mentira
Apenas uma piada de mau-gosto
Uma brincadeira sem graça
Ou um pesadelo maldoso

Por diversas vezes, você esteve lá
Pra me dizer que tudo iria mudar
Eu acreditei, continuo acreditando
Talvez seja por isso que o mundo continue girando

Eu não quero ouvir "eu te entendo"
Pois nem eu consigo me entender
Continuo andando em círculos
Mas, dessa vez, sem você

E eu não posso dizer "eu te entendo"
Pois eu estou longe de te entender
Minha mente continua embaçada
Mas eu não perco o medo de te perder

Eu sinto como se estivesse caindo
Do penhasco mais alto
A queda, sem dúvidas, vai me matar
Mas as profundezas do oceano sempre foram o meu lar