Peguei você

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As sirenes e as luzes zumbiam em seus ouvidos e faziam seus olhos doerem para um inferno, deixando S/N tonta com tudo aquilo que ocorria.
Sentiu-se enjoada com o que ficou sabendo, mas aliviada ao ver a Sra. Saito sendo levada aos berros para a viatura. A mulher relutava com tudo contra os policiais, em vão.

Para conter a sua teimosia em ser levada com eles, a Sra. Saito recebeu spray de pimenta em seus olhos, o que lhe arrancou mais gritos porém a fez deixar de relutar.

Ao seu lado, estava o Sr. Michel Will, que também observava todo aquele escândalo.

Aimi Saito e Hiroshi Tatibama eram jovens pertencentes a mesma escola, amigos de infância, ambos moravam no condomínio.
Entretanto, a moça Aimi, de 17 anos na época, desenvolveu uma paixão platônica pelo rapaz Hiroshi, que não a correspondia da mesma forma.

Aimi confessou em uma carta, junto à faca usada no crime ainda suja pelo sangue de Hiroshi, o motivo de seu surto. Ela não aceitava o fato de Hiroshi não amá-la, e viu-se no direito de não deixar que ele fosse de outra pessoa, alguém que não fosse ela.
Ela manteve essa prova guardada dentro de uma caixa preta, com fotos dela e de Hiroshi consigo.

— S/N? Está tudo bem com você? - Michel Will ofereceu a ela um chá, que havia comprado na esquina ao ver a menina claramente assustada demais com aquilo tudo.
— Hum? Oh... Eu não sei. - Ela aceitou o chá de bom grado, sem conseguir encarar Michel.

A reação dela foi mais do que esperada, assim como a de Katsuki, que se mantinha concentrado em abraçar a sua mãe à alguns metros de distância deles. A família ali, parecia estar bem concentrada em algo. Michel não podia ouvir, estava longe demais para isso.

— Você é estagiária, certo?
— Sim, mas o meu próximo estágio só será ano que vem.
— O que acha de trabalhar na delegacia de polícia?
— O que? Sr. Michel, eu não sei se tenho estômago para lidar com casos criminais, eu quase morri de ansiedade nesse!
— O primeiro é o mais difícil, isso eu tenho que concordar com você. Mas você é corajosa, você e aquele garoto foram corajosos.

~ Ou burros.
Ela pensa, mas não dá uma única palavra ao detetive.

— Bom, você quem sabe. Estou indo para a delegacia agora, tenho certeza absoluta de que Saito não tem como negar o seu feito, e agora com certeza será condenada.

S/N quer dormir, mas está agitada demais para isso. Sem dar uma única palavra à ninguém, ela adentra o próprio apartamento, evitando ao máximo esbarrar com qualquer curioso que queira saber sobre o que houve com a Sr. Saito.

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O Tic e Tac do relógio não a deixava dormir de jeito nenhum.

Mais uma vez, ela prestou atenção em quão calma estava aquela noite, agora ela não tinha mais tanto medo, até porque sabia que não estava ali sozinha. Ela sorriu boba, deixando-se adormecer, envolvida nos lençóis quentes de sua cama.

— Sabe, enquanto a Aimi me esfaqueava, eu me perguntava se alguém um dia conseguiria pegá-la. Você não tem noção de quantas vezes eu esperei pela polícia, rezando para que a levassem antes que fizesse o mesmo com outra pessoa. - Hiroshi disse à ela, frente a frente, em um cenário não reconhecido para ela, mas que era extremamente reconfortante.

Ela sorriu, satisfeita por ter dado atenção ao seu terceiro olho. Hiroshi a encarava com seus olhos verdes, covinhas se formando conforme sorria de volta para ela.

S/N acordou, não em pulo, não assustada como da última vez. Estava com a respiração regular, mas com uma sensação de vazio percorrendo o seu corpo, sentia falta de algo.

Ela levantou-se para tomar um copo d'água e quem sabe comer alguma coisa, já que não quis jantar aquela noite. Entretanto, quando ela olhou para a cama, viu o próprio corpo sentado, não era ela que estava controlando.

O próprio corpo virou o rosto e sorriu para ela, olhos verdes que se destacavam no escuro, e as tão adoráveis covinhas de Hiroshi formando-se em seu rosto. O corpo acenou com a mão, e S/N apagou completamente.

Quando acordou, se viu deitada na cama, mas não da mesma forma que antes. Ela olhou pro lado, mais especificamente para a porta do quarto. Hiroshi estava ali, sorrindo genuinamente com grande doçura notável, estava agradecido pela ajuda.

— Obrigado por tudo. - S/N piscou, e Hiroshi não estava mais em sua porta... Ela nunca mais o veria.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Onde histórias criam vida. Descubra agora