Prologue

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Votem e comentem <3

⚠️🧫⚠️

ㅡ Jimin.

ㅡHmm...

ㅡ Acorda, seu dorminhoco. Vai acabar se atrasando.

ㅡ Hmm...?

ㅡ Escola, Ji. Vai se atrasar se demorar demais na cama. Sabe o que acontece quando seu pai acorda primeiro e te vê saindo.

ㅡ Bom dia, mamãe. Ok, acordei. Já vou me arrumar e saio em dez minutos. Já pegou a Chae? ㅡ pergunto ainda meio sonolento.

ㅡ Já, ela está na cama dela esperando. Se apresse.

E assim se seguem meus dias. Minha mãe entra em meu quarto após chegar do plantão do outro lado da cidade, me acorda como meu despertador matinal preferido e pega minha irmãzinha nos braços a levando com ela para o hospital durante o período em que me ausento em casa e vou para a escola.
Se torna extremamente perigoso para uma criança de dois anos e meio como Chae permanecer em um ambiente como o de nossa casa, não importa por quanto tempo, ela não estará segura aqui.

Já quase pronto, termino de calçar meu all star velho e desbotado às pressas, alcanço minha mochila escondida em cima do guarda-roupas debaixo de pilhas de jornais e corro para dar um beijo de despedida na bochecha de Park Yumi e Chaeyoung ao seu lado. Minha mãe sorri para mim em resposta e em seguida atravessa o portão enferrujado de casa indo para o trabalho com minha irmã.

Assim que a silhueta da mulher que me trouxe ao mundo não é mais visível para mim, passo os olhos no lugar que chamo de casa e consigo ver algumas garrafas, todos os tipos de cervejas possíveis são encontradas ali, quebradas e outras amontoadas por todo o chão da garagem.

Dizem que lar é onde seu coração e alma descansam, definitivamente, esse não é meu lar.

A caminho da escola chuto algumas pedrinhas soltas no chão enquanto me esforço para lembrar tópicos de conteúdos importantes das aulas, minhas provas haviam começado a dois dias atrás então eu precisava de um reforço mental.

Eu não tinha tempo e condições de estudar dentro do ambiente de casa, me restava prestar bastante atenção durante as aulas e palestras e torcer para ter uma boa memória. Com certeza eu não era o melhor exemplo de boas notas dentro da minha turma, mas conseguia passar de ano sem muitas dificuldades.

Ah! E eu não sou repetente, mas estou atrasado em relação a meus outros colegas. Atualmente curso o terceiro ano do ensino médio, e tenho dezenove anos de idade.

Dois anos de atraso acumulado, isso se deu por conta de caprichos de meu pai que perturbava minha mãe a obrigando a ser uma escrava pessoal dele, proibindo-a de sair de casa para trabalhar e servir somente a ele, portanto eu tive que assumir o papel dela, saía de casa e procurava alguns bicos pela cidade para tentar manter ao menos a mim, minha mãe e irmã recém nascida alimentados.

Nunca entendi os motivos de minha mãe ter se casado com ele, meu pai nunca a valorizou como mulher, mãe, esposa ou sequer amiga. O chamo pai por obrigação.

Passando o dia todo fora tentando conseguir dinheiro, não conseguia tempo para estudar, foram longos dois anos até que por um lapso minha mãe criara coragem para pedir ajuda a algum amigo da polícia. Mas ela só conseguiu após muito tempo, quando aconteceu uma pequena tragédia dentro de casa.

Com algumas ameaças de levá-lo em cárcere vindas de uma autoridade policial, o homem que eu me recuso a dar o título de meu pai, desiste e deixa a esposa sair de casa.

O período em que tudo isso aconteceu em minha vida foi extremamente turbulento, e algo que eu, definitivamente, não gosto de relembrar.

Já a cem metros do portão de entrada, avisto Taehyung entretido mexendo no celular enquanto espera pela minha chegada encostado no muro fora dos domínios da escola.

ㅡ Tete, cheguei. ㅡ disse sorrindo para ele.

Taehyung é meu melhor amigo. Somos o apoio físico e emocional um do outro, ele me dá forças para continuar quando estou um pouquinho longe da mamãe, assim como eu sou o apoio e suporte dele sempre que ele precisa, e outra que eu também não vivo sem minha dupla de fofoca.

Apesar de não saber de toda a situação recorrente em minha casa, ele é continuamente atento às minhas reações.

ㅡ Oi, Ji. Vamos entrar? Você se atrasou um pouco, está tudo bem? ㅡ ele me pergunta com o semblante um pouco preocupado.

ㅡ Acabei dormindo demais e perdi o horário. Vamos. ㅡ já passando por ele com pressa para não entrar depois dos professores e receber uma bronca logo no início do dia, eu corro por entre os outros alunos de mãos dadas com Tae.

O lugar não é muito grande, mas fica fácil se atrasar na primeira aula quando há a presença da movimentação frenética de chegada dos alunos e professores nos corredores de acesso às salas de aula.

Assim que achamos nossa sala e nos sentamos, ele me chama novamente:

ㅡ Ji, aquela usina 'tá com problemas de novo. Aquilo é um risco diário para Carsilísia, ㅡ ele cita a usina e minha respiração entra em descompasso ㅡ mas ninguém nunca se pronuncia em nada.

ㅡ A usina nuclear? Como assim? Mas já não tinham dito que iam fechar por ela ter sido construída numa área tão perigosa e ainda por cima dentro da cidade? ㅡ tento respirar fundo para não entrar em desespero com o fato de que minha mãe trabalha a poucos minutos daquele lugar.

ㅡ Pois é. Ainda não sei o que houve na prefeitura para prorrogarem o fechamento ㅡ um breve momento de silêncio se instala e Taehyung, atento como é, vendo a instabilidade em meu respirar, encerra o assunto. ㅡ Estudou para a prova de química?

⚗️

A manhã se passou tranquila durante as aulas e consegui terminar a avaliação sem muita dificuldade.
Já estava com Tae passando novamente pela saída lotada de pessoas, agora indo para suas respectivas casas.

ㅡ Tae, você acha que eles vão fechar de vez aquela usina? ㅡ pergunto ansioso demais para quem não está tentando esconder algo do melhor amigo.

Ele também não sabe sobre a localização do único trabalho que sustenta a casa em que moro e as pessoas dentro dela.

ㅡ Sinceramente, eu... ㅡ Taehyung é cortado.

O responsável por cortar meu amigo não é exatamente "quem", e sim "o que". Um ruído?

Não sei, não consigo identificar, está machucando meus ouvidos.

O timbre agudo e agoniante permanece, infinitamente, me deixando completamente atordoado. Era alto, muito alto, e parecia ecoar por todos os cantos da cidade. Meu tímpanos imploram por um segundo de silêncio e com isso, minha cabeça começa a doer. O zumbido não cessava de forma nenhuma. Eu já ficava zonzo. Olho para os lados para tentar me orientar e vejo alunos, professores, serventes e seguranças correndo em desespero no pátio, todos vindo em direção a saída no caos completo, volto a atenção para minha frente e me encontro ainda mais instável depois de tantos movimentos feitos do meu pescoço.

ㅡ Jimin? ㅡ é Tae, eu consigo escutá-lo, mas onde? ㅡ Jimin, olha pra mim. Ei! Eu estou aqui.

Eu ouço o som da sua voz, mas não sei de onde vem. Me atento a localização dele e dou dois passos para frente em sua busca quando sinto um toque em meu antebraço. No puro reflexo tento me esquivar mas escuto novamente:

ㅡ Ji! Ei, sou eu! ㅡ finalmente encontro meu amigo, entretanto ainda não consigo vê-lo, minha visão está completamente embaçada, me possibilitando identificar sua silhueta mas sem detalhes nítidos. ㅡ Está tudo bem? A sirene de alerta nuclear foi ativada e está pela cidade toda, temos que sair daqui rápido. Vem, vou te levar para casa.

Assinto e me deixo ser guiado por ele, mas assim que movo meu corpo três centímetros à frente sinto tudo sair de órbita, meus pés fraquejam e eu vou ao chão sem cerimônias.

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⏰ Última atualização: Oct 15, 2021 ⏰

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