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— Lalisa!

Rosé choramingou, olhando para a esposa que corria desesperada de um lado para o outro. A cena seria extremamente cômica se não fosse trágica.

A situação era a seguinte. Uma Roseanne grávida de 8 meses e sentindo pontadas na barriga enquanto uma Lisa completamente fora de controle revirava a casa delas em busca da bolsa de maternidade. Um spoiler, estava em cima da cama ao lado da loira.

— Está tudo bem querida! Respire, fique calma! Fique calma! — Ela disse, histérica. A esposa riu, segurando as mãos dela e olhando-a nos olhos.

— Lis, a Jade não vai nascer, ok?

— Não vai? — Ela perguntou confusa. Rosé negou.

— Não vai.

— Mas você disse...—Lisa passou a mão pelos cabelos, bufando. A loira soltou um riso e deixou um leve selar nos lábios da esposa.

— Ela só chutou mais forte do que de costume, fique calma.

Os lábios de Lisa formaram um bico e ela caiu sentada na cama de braços cruzados, a expressão brava. Roseanne se divertia, pois todas as mudanças de humor que deveriam acontecer com ela vinham de Lisa. A tailandesa havia se tornado a personificação humana de bipolaridade desde que as duas decidiram que iriam formar, finalmente, uma família.

Rosé e Lisa se conheceram na Universidade. A neozelandesa cursando Psicologia e a tailandesa cursando Direito. Ficaram amigas na biblioteca e meses depois, quando o sentimento evoluiu, começaram a namorar. Noivaram no penúltimo ano e se casaram assim que terminaram. Elas viviam na Austrália, onde a loira viveu antes de se mudar para Coréia, e tentaram a fertilização por células femininas por quase 2 anos. Lisa já estava perdendo as esperanças, pois engravidar com as células de uma mulher era bem mais caro e difícil, e ela odiava ver sua esposa triste pelos cantos. E então, elas conseguiram.

Lembrava-se do dia em que chegou em casa cansada depois de um caso difícil no trabalho e encontrou a mulher de sua vida parada bem no hall, um sorriso imenso no rosto enquanto em uma mão segurava um pedaço de papel e no outro um sapatinho de bebê. Lisa chorou descontroladamente, abraçada à mulher e caída na escada, enquanto Rosé ria com a cabeça jogada para trás e acariciava os cabelos castanhos e curtos da esposa. Todos os amigos receberam a notícia com uma felicidade que quase ultrapassou a das mamães, e Lisa falava para quem quisesse ouvir que sua esposa estava grávida de um filho dela. Dela. Não de um homem através da fertilização, mas dela.

Rosé teve uma gravidez saudável desde o início. Continuou trabalhando, porém foi reduzindo a carga horária aos poucos, enquanto Lisa surtava por qualquer coisa que ela considerasse anormal. As mudanças de humor divertiam e muito a grávida, que sempre dizia à obstreta dela que Lisa era quem sentia o bebê. Isso deixava sua esposa emburrada arrancava risadas da doutora Kim, uma grande amiga do casal. Lisa era uma eterna mãe babona, passando horas agarrada na barriga da esposa e cantando em um tom propositalmente desafinado, já que ela tinha um voz incrível, para que sua filha ficasse confortável com ela.

Rosé não achava que poderia ficar tão feliz quanto estava. Era formada no que gostava, tinha a mulher que amava consigo e estava quase dando a luz ao fruto do amor delas. Embora ela fosse de planejar, não pôde deixar de rir quando Lisa assumiu esse papel um dia quando, aos três meses de gravidez, Rosé chegou em casa e a encontrou ao telefone falando com uma faculdade australiana para o futuro do bebê. Ela riu por horas no telefone com sua irmã Alice, sentada na mesa da cozinha, enquanto Lisa ficava emburrada na sala de braços cruzados resmungando que no futuro as vagas universitárias poderiam acabar e sua filha ficar sem nada.

Elas sempre se referiam ao bebê como filha, diziam que já sentiam que seriam mamães de uma menininha, o sonho delas. E dizer que Lisa chorou na confirmação do chá de bebê foi pouco. A mulher entrou em um desespero tão real que sua esposa quase pôs a criança para fora após Lisa desmaiar em cima do fotógrafo. O final da festa foi com a Manoban no hospital tomando soro. Mas Rosé não trocaria esses momentos por nada.

L.O.V.E • Chaelisa • Onde histórias criam vida. Descubra agora