Narradora: TERESA
Pedro estava lendo, como sempre. Io amava mio marito e admirava muito nele a sua inteligência e o seu gosto pela leitura. Se dependesse de mim poderia passar horas observando-o ler e fazer comentários sobre os livros e as matérias jornalísticas que fossem de seu interesse no momento. Infelizmente, era tarde da noite e nós dois tínhamos compromisso no dia seguinte. Estava deitada na cama há quase uma hora, mas não podia dormir sabendo que l'imperatore del Brasile poderia se atrasar para um compromisso real porque la tua imperatrice havia se descuidado com o horário de se recolher. Então, me levantei da cama, já que aparentemente estava com insônia, e caminhei até sua sala de leitura, onde o encontrei debruçado sobre Il Principe, de Niccolò Machiavelli.
- Pedro, Vieni qui – chamei-o. Ele levantou a cabeça de supetão, como se estivesse tão imerso em seu livro de teoria política que havia se esquecido da realidade que se desenrolava ao seu redor.
- Ah, Teresa! Que surpresa! La mia imperatrice já não deveria estar dormindo?
- Suppongo di sì, ma anche l'imperatore sarebbe dovuto andare a letto molto tempo fa. (Eu suponho que sim, mas o imperador também já deveria ter ido para a cama há muito tempo.)
- Mi scusi. Estava tão envolvido com Machiavelli que não percebi a hora passar.
Enquanto Pedro falava, ele fechava o livro, levantava-se da poltrona onde estava lendo, e caminhava ao meu encontro, perto do batente da porta. Homens são, normalmente, mais altos do que as mulheres, mas nós dois sempre tivemos uma diferença de altura mais gritante do que a da maioria. Nunca vou esquecer do momento em que eu o vi pela primeira vez, um belo jovem imperador de 17 anos de idade, com olhos azuis límpidos e adoráveis madeixas loiras. Mal passava de um menino recém-saído da adolescência, mas já era um homem de 1,90m, governante de um império. Io sono una donna piccola, tenho um pouco mais de 1,50m de altura. Quando estamos distantes, sentados ou deitados a altura não se apresenta como uma questão. Mas quando ele se aproxima de mim do modo que ele está agora, eu me sinto afetada por sua imponência. A distância que separa os nossos corpos é mínima, e eu posso sentir o calor que emana de seu torso chegando ao meu. Consigo imaginar nossas carnes colidindo, sua considerável compleição física pressionando contra a minha. Só de ter tais pensamentos sinto meus seios ficando mais pesados e meus mamilos intumescendo. Devido ao calor do Rio de Janeiro, uso apenas uma leve camisola branca com um simples penhoar azul, o que faz pouco para ocultar as reações naturais do meu corpo. Obviamente, Pedro percebe a mudança em meu olhar e a reação de meus seios. Contudo, ele é um cavalheiro e simplesmente pega a minha mão e a leva para seus lábios, depositando nela um beijo casto.
– Vamos dormir? – disse-me Pedro
- Si, amore mio. – Respondi
Fomos andando de mãos dadas aos nossos aposentos. Tanto eu quando Pedro possuíamos quartos de vestir onde também poderíamos dormir, mas preferíamos passar as noites juntos. Quem nos visse agora mal poderia imaginar que o nosso primeiro encontro foi um desastre.
A priori, nosso casamento foi um acordo entre reinos. O quadro que haviam pintado de mim e enviado para ele tinha me retratado com uma beleza idealizada, típica das expressões artísticas do período romântico, que não correspondiam à realidade. Ao me encontrar no navio, Pedro esperava uma beldade idílica, e encontrou com uma mulher de verdade, feita de carne e osso, que tinha feições realistas e não beleza irreal. Nunca fui feia, muito menos manca, apenas não correspondia à uma concepção idealizada de mulher feita por um jovem de 17 anos. O nosso primeiro ano de casamento foi marcado pela decepção desse contato inicial. Após um ano sem consumar o casamento, eu me rebelei e declarei que voltaria para a minha Napoli. Então Pedro concordou em ter relações comigo. Eu era uma virgem inexperiente, mas detinha um amplo conhecimento sobre a mitologia clássica greco-romana, cheia das aventuras sexuais dos deuses do Olimpo. Pedro já havia tido algumas relações, mas todas elas com mulheres que ele não precisava encontrar no dia seguinte, muito menos conviver diariamente. Foder uma mulher qualquer é muito diferente de fazer relações com a sua esposa, a futura mãe dos seus filhos, a imperatriz do Brasil.
