27 músicas para nós, 10 para mim, 10 para você e 7 para o fim.

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- Eu...
O estômago de Laura embrulhou, ela finalmente falou.
- Podemos ir pro...
Outono andou rápido em direção a garota nervosa, agarrou seu rosto com toda a delicadeza e força e começou a dar uma sequência de beijos, beijos longos, beijos curtos, rápidos, lentos.
- Espera - Laura estava se afogando naquilo - Outono.
Ele parou e encarou ela.
- Eu também te amo... Não - ele pensou um pouco - eu te amo, Laura. Obrigado por fazer os melhores dois meses de todos.
- Bobo.
- O quê?
- Seu bobo, bocó, bobão, chato.
- Eu sou?
- É... É o bobão mais bonito do mundo.
- Ei.
- Fala, apaixonado.
- A gente não ia banhar?
- E nós vamos - Laura pegou a toalha e saiu correndo - O último a chegar limpa o banheiro - gritou de longe.
- Laura!!! - e Outono saiu atrás da garota rápida.

- Sabe... - Outono deixou o pensamento pairar no banheiro gelado, enquanto passeava por baixo do chuveiro e observava Laura parecendo um boneco de neve feito de espuma.
- O quê? - ela se virou e o garoto se sentiu hipnotizado por meio segundo, mas então olhou para o moicano de shampoo e rio.
- Ei, isso era moda em 2009 - disse Laura.
- Para, você tá me distraindo.
- Estou é? - aquele sorriso de canto de boca e a sobrancelha direita arqueada pra cima.
Outono não falou nada, apenas se aproximou e sentiu o calor de Laura, no meio daquele monte de espuma, puxou ela pra água gelada que caia do chuveiro. Não era um beijo na chuva, mas para os dois era tão romântico quanto.
- Lembrei o que eu queria falar - ele trouxe o assunto de novo, a água caindo no topo da cabeça, escorrendo pelos lados do rosto e pingando na face calma e alegre de Laura. - Acho que já tô pronto pra conhecer teus pais. 
- Eu não sei... Eles.
- Já conheço a tua vó e ela é bem rebugenta.
- Não sei se é legal ouvir ofensas a minha vó enquanto estou pelada.
- Ah, desculpa - ele rio sem graça.
- Vamos pro quarto, se vestir, daí a gente conversa. Okay?
- Hummm tá.

Passados alguns minutos, ninguém se vestiu, ocorreu movimentos diferentes, falaram pouco, certamente um casal jovem resolvendo problemas.
Encarando o teto, deitado na cama com Laura em cima dele, depois de outro banho e finalmente vestido da cintura pra baixo.

- Isso não vale - ele protestou.
- O quê?
- Me calar com sexo - ele encarou ela deitada e brincando com os dedos dele.
- Não te calei, você se ocupou sozinho.
- Laura, calada. É sério, qual o problema com teus pais? Por que não...
- É difícil - ela sentiu o coração apertar. - Não sei explicar,  na real, eu sei. Eles são carrascos, vivem no trabalho e sobra pra minha vó ser legal.
- Que descrição bizarra.
- Se você realmente quiser, a gente pode fazer, eles vão passar uma semana aqui em casa como uma espécie de férias.
- Qual o trabalho deles?
- Meu pai é diretor de novelas e telenovelas e a minha mãe é escritora.  Na maioria das vezes eles trabalham juntos. Mas isso nem importa, quando fazem trabalhos diferentes, viajam por meses do mesmo jeito.
- Que massa.
Laura encarou aquele rosto com uma barba de uma semana.
- Você decide. Eu realmente quero que vocês se conheçam, mas tenho medo deles serem horríveis.
- Olha, se formos comparar com aquela parada que meus pais fizeram - Outono não achou tão ruim pais chatos.
- Eles ficaram cinco minutos rindo da nossa cara quando você disse que estávamos namorando.
- Nunca senti tanta vergonha na minha vida - ele ainda tinha pesadelos com aquilo.
- Eu curti, depois encheram a gente de felicitações.
- Você é estranha.
Laura se levantou com pressa e sentou na barriga do namorado.
- E você gosta.
Outono puxou ela para um abraço e para saciar o vício que tinha desenvolvido no cheiro da garota.
- Eu quero conhecer eles - ele acariciou a nuca dela, um pouco de receio, um pouco de curiosidade. - Na quarta, de noite, as sete horas. Pode ser?
Laura se deixou derreter sobre o peito meio magro do garoto.
- Pode - um momento de silêncio - vou torcer pra dar certo.
- Não se preocupa - segurou o rosto dela e lhe deu um beijo na testa - vou tá com você em todas as estações do ano.
Ela adorava aquilo, uma frase tão cafona e sem graça. Mas ela adorava.
- Tá bom, senhor "bom de papo". Quarta feira teremos um jantar com seus sogros.
- A palavra "sogro" é bem assustadora.
- Irônico, porquê minha mãe foi militar.
- Sério? Que incrível.
- Qualquer coisa ela te imobiliza e obriga a gente a se casar.
Outono ficou em silêncio.
- Eu tô brincando, idiota.
Ele tossiu um pouco.
- Ainda bem.

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