A Florista, Kaiser/Cesar Cohen

Rosa 'Ingrid Bergman'

Eu sou tão romântica
Nunca me lembro como as coisas realmente acontecem
Eu acho você atraente
Ou algo do tipo
— Flamin Hot Cheetos.

Cesar Cohen

Já se passou algumas semanas e Beatrice me mandou uma mensagem dizendo que os tons do casamento seriam vermelho, amarelo e branco. Já era hora de ir escolher as flores. Eu poderia pedir pela internet e torcer para que tudo ocorresse bem mas talvez fosse melhor não estragar tudo.

Me arrumei com uma calça preta, um coturno e um casaco com capuz. Sair na rua sem chamar atenção era um desafio mas era necessário. Já fazia algum tempo que o meu trabalho para superar o pânico tinha começado e ele estava indo bem. Preciso ser forte.

Andei pelas ruas com a cabeça baixa até chegar na floricultura que ela recomendou.

Na faxada estava escrito Lunaris Floricultura. Flores de tons diversos decoravam a frente e do lado de fora dava para ver pelas vidraças um casal perto do balcão esperando provavelmente a atendente. Entrei devagar ficando em um canto esperando que o casal se retirasse para assim fazer o meu pedido.

Ouvi passos que pareciam ser de alguém descendo uma escada e continuei meu caminho. Vi os vasos com algumas flores plantadas, cactos pequenos e arranjos pré-prontos além de rosas, muitas rosas.

– Ela é muito educada. – uma voz feminina se fez presente e logo após uma masculina.

– Nosso casamento vai ficar lindo.

–

Após alguns segundos o sino da porta toca e ela é fechada. Kaiser permanece olhando as rosas e pega uma para ver mais de perto. Eram lindas e delicadas igualmente a fita que foi colocada em cada uma delas.

– Cuidado para não se machucar. – uma voz feminina se faz presente um pouco perto demais. – Posso ter esquecido de algum espinho.

O homem de cabelos pretos olha para o lado um pouco assustado e vê uma moça com mais ou menos 1.60 de altura, seus cabelos eram ondulados e loiros até a cintura, sua pele era bronzeada e seus olhos verdes. Ela sorriu ainda sem manter contato visual com ele pegando uma das rosas e a cheirando de forma suave.

A florista não olhou diretamente para o mais velho que pensou que ainda daria tempo de sair da loja e pedir pela internet em um lapso de coragem.

– Vai querer uma? Essa é uma Rosa Ingrid Bergman. – ela vira para Kaiser que desvia o olhar. – Para a namorada talvez?

O mais alto olha para ela um pouco assustado com a insinuação. Seus olhos violeta se arregalam um pouco.

A loira passa alguns segundo analisando o rosto do homem. Talvez a cor incomum nos olhos ou a queimadura a deixaram intrigada e curiosa.

– Me chamo Lunária, mas pode me chamar de Luna. – ela diz sorrindo.

– Casamento. – fala com a voz mais baixa.

Analisava a loira como se ela fosse um animal exótico. Lunária não ligou para sua aparência e isso diminuiu um pouco do medo dele.

– Flores para um casamento. – falei com a voz mais firme.

– Então não é para uma namorada. – ela diz colocando a rosa de volta no seu local e indo até o balcão. – Já tem ideias?

Cesar passou alguns segundos racíocinando o que a mais baixa disse enquanto a seguia até o balcão.

– Não, não sou eu que vou casar. – diz chegando no balcão e vendo um gato peludo com os pelos dourados deitado no balcão. – É para um casal de colegas meus.

– Certo, vou buscar algumas flores. – Lunária ao perceber a fixação do mais velho no felino sorriu. – Se quiser pode encostar. – disse saíndo de trás do balcão e indo até algumas flores em um canto da loja.

O mais alto aproximou devagar a mão até o gato que encostou o nariz gelado em seu dedo e empurrou a própria cabeça em direção da mão procurando carinho. Cesar sorriu lembrando de Jeniffer e começou a acareciar o gato que aos poucos levantou e pulou em seu colo.

Kaiser estava envergonhado pela aúdacia o gato mas não iria deixar o mesmo cair então continuou o carinho com ele ainda em seu colo.

– Para de ser atirado, Biscoito. – a mais loira grita de um lado da loja assustando Cesar.

– Ta tudo bem... – o moreno fala. – Né papaizinho. – diz baixo para o gato que se aconchega em seu colo.

A loira volta para o balcão devagar para não atrapalhar a brincadeira dos dois. Coloca algumas flores no balcão e um tablet.

– Ele gostou de você. – Lunária fala sorrindo.

– Também gostei dele.

O gato boceja e escala a cabeça do mais alto tirando seu capuz no caminho e depois pula para o chão.

– Retiro o que eu disse. – fala e escuta uma risadinha vindo da loira que arrumava algumas flores no balcão.

– Queria te mostrar mais opções mas meu tablet quebrou e até agora o cara que ia consertar... não veio.

– As cores do casamento é vermelho, amarelo e branco. – falou olhando para as que estavam na mesa. – Estava pensando em rosas e lírios amarelos. – disse Kaiser pegando as flores que estavam no balcão.

Luna pareceu pensativa até que se abaixou e pegou um girassol que tinha caído no chão.

– Girassóis! – disse animado.

– Rosas, lírios amarelos e girassóis. – disse pegando as flores de forma delicada das mãos de Kaiser. – Você tem um bom gosto então.

O mesmo ficou envergonha e voltou a olhar fixamente para o balcão.

– Vou deixar anotado. – ela disse pegando o tablet. – Está quebrado. Você poderia pegar meu número e me mandar mensagem talvez... o tablet da loja não está funcionando.

– Posso consertar para você. – disse baixo.

– É sério? – Luna fala sorrindo. – Você estaria salvando minha vida. Tipo meu herói.

Kaiser pareceu pensativo mas decidiu de imediato o que iria fazer.

– Eu vou levar o tablet comigo e trago ele consertado para você.

A loira pegou um cartão da loja escrevendo um número atrás antes de entregar para o moreno.

– Aqui. Pode me ligar no meu celular pessoal.

Ao olhar para cima, seu olhar foi de encontro ao roxo vibrante dos olhos de Kaiser. Os seus próprios olhos brilharam como se tivesse acabado de ter uma ideia incrível. Subiu as escadas que estavam atrás dela de forma rápida.

– Merda. – suspirou guardando o cartão no bolso da calça. – Assustei ela. – Colocou novamente o capuz o abaixando o máximo que dava.

Novamente ouviu passos descendo a escada e a loira apareceu com dois vasos de flores.

– Essa aqui é amor-perfeito. – disse colocando em um espaço livre no balcão. – e essa é...

– Cineraria-dos-floristas. – completou Kaiser quando ela colocou o vaso no balcão.

Luna olhou para cima sorrindo olhando nos olhos de Kaiser que desviou com vergonha.

– Leva. – disse a mais nova pegando o vaso de tamanho médio e indo até o lado de Kaiser.

– Como assim? – gaguejou enquanto pegava o tablet.

– Um presente por se oferecer a me ajudar com o tablet. – Luna entregou o vaso de cinerária para o mais alto.

– Mas não foi nad-

– Eu insisto, ela combina com seus olhos.

– Tudo bem... – diz pegando o vaso.

– Fala comigo mais tarde? Para resolver horário e dia?

Kaiser confirma rapidamente com a cabeça e sai da loja a passos rápidos. Talvez não fosse tão ruim assim ser responsável pelas flores.

–