Lilium candidum

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Tu é a Valquíria que me leva ao céu sem ir à óbito
Eu sou um simples Druida preocupado e com remorso
Tu é tipo harpia , só que seu canto é mais dócil
Quit Cat. —

Cesar Cohen

Estava no meu quarto, trancado e ouvindo música quando o Arthur me chamou com batidinhas na porta. Ia fazer uma semana dês de minha ida até a floricultura, consertei o tablet e entreguei para ela, fazendo também os pedidos das flores para o casamento.

Lunária tinha me chamado para tomar um café na padaria do lado da floricultura ao qual recusei de primeira mas depois de tanta insistencia, tanto dela quanto dos meus amigos, acabei aceitando.

Já estava perto do horário e eu precisava ir logo se não quisesse chegar atrasado. Pausei a música e fui atender a porta, Arthur estava me esperando segurando alguns cabines com roupas dele.

– Oie! – disse entrando e espalhando as roupas por cima da minha cama. – Trouxe algumas para você escolher. Essa é minha favorita. – mostrou a jaqueta de couro com simbolo dos Abutres.

– Não entendi. – disse confuso andando até o lado dele.

– Roupas para você ir no encontro.

– Não é um encontro... – disse e comecei a andar de um lado para o outro. – É para resolver as flores.

– Mas você disse que já tinha resol-

– Não resolvi! – interrompi rápido e percebi que ele estava querendo rir. – E eu vou assim. – disse apontando para mim mesmo.

Estava com uma calça jeans, um suéter gola alta e um casaco com capuz. 

– Não vai ficar muito calor não? – disse colocando a jaqueta na cama e apontando para o suéter e o casaco.

– Vai ficar tudo bem, aliás, você sabe onde está meu tênis? – disse saíndo do quarto e sendo acompanhado por ele.

– Estão molhados, menino. – disse Ivete aparecendo com um cesto de roupa limpa. – Foram lavados ontem.

– Espera ai. 

Arthur foi correndo até meu quarto e voltou trazendo uma caixa de sapatos que parecia intocada.

– Até hoje você não usou o coturno que compramos para você. 

– Certo, certo. Preciso ir antes que me atrase. – disse pegando a caixa da mão do Arthur e sentando no chão para calçar.

– Crianças crescem tão rápido. – Arthur fala e escuto Ivete rir.


Lunária 

Dês de que conheci ele comecei a ter sonhos estranhos de vidas que eu não vivi mas não eram ruins. Em todos eles tinha uma pessoa comigo e ela sempre estava ao meu lado, e seus olhos eram tão parecidos com o do Kaiser. Talvez isso tenha afetado o meu discernimento o que me fez chamar ele para tomar um café. Eu posso estar ficando louca mas o pedido já foi feito e não posso dar para trás. 

Comecei a cantoralar a música que tocava em um dos sonhos mas logo parei quando o sino da porta tocou.

– Estamos fechados por hoje. – falo arrumando um vaso de lírios que estava torto em uma das prateleiras.

– Sou eu... 

Olho para a porta e vejo ele. Parecia ter tentado arrumar o cabelo de forma que escondesse a cicatriz em seu rosto. Me aproximo dele aos poucos como se estivesse hipnotizada. 


Kaiser tremia um pouco mais a cada passo que ela dava em sua direção. Ela estava perto demais. Lunária estendeu a mão a alguns centímetros do rosto de Kaiser que paralizou e fechou os olhos com um certo receio. O toque da ponta dos dedos da loira tocaram o nariz do programador e foi subindo até sua testa sem encostar no limite da queimadura.

O toque era familiar, estranhamente familiar. Como se já tivesse acontecido antes... a muito tempo atrás. 

A mão da florista foi de encontro ao capuz que foi abaixado em seguida.

 – D-desculpa! – se assustou a florista ao perceber o que estava fazendo. 

– Tudo bem... – disse ele com a voz falhada.

– Posso pegar algo para gente aqui do lado e sei lá... tomar contigo no andar de cima.

– Andar de cima?

– Tem um pequeno terraço. É onde coloco as plantas que precisam de sol direto. – disse a florista se afastando alguns passos dele.

– Aah tudo bem por mim. 

– O que vai querer?

– Um café preto.

– Com áçucar? –pergunta a loira tirando o avental verde da floricultura.

Lunária usava um vestido florido curto, em uma cor parecida com creme e com estampa de flores liláses. Kaiser passou algum tempo observando a mais baixa antes de responder.

– Com áçucar.

– Certinho. Volto daqui a alguns minutos, se quiser pode subir as escadas.


As escadas davam em uma porta de madeira escura. Ao abri-la dava-se de cara com várias plantas e vasos de flores de diversas cores. Em um canto tinha uma namoradeira e duas cadeiras de madeira. Kaiser ficou com os olhos brilhando pois parecia algo que sua mãe adoraria. 

Ao andar mais um pouco viu que tinha uma mesa em um canto provavelmente para não ocupar tanto espaço. era como um pequeno pedaço de paraíso. Talvez fosse um pecado tentar fumar um cigarro naquele local.

Cesar andou em direção a pequena mesa e com facilidade a colocou perto das cadeiras e da namoradeira onde sentou para esperar a loira. Respirou fundo e por alguns segundos esqueceu toda a confusão que o esperava na Ordem.

– Esperou muito? – perguntou Lunária.

– Não. – disse baixo enquanto observava o local. – Aqui é muito bonito.

– Obrigada. – a loira entregou um copo de café para o progamador ficando com um para si mesma. – Me disseram que eu ficava bastante tempo aqui quando era menor.

– Te disseram? – perguntou curioso.

– Não lembro muito bem do meu passado, não tanto quanto gostaria. – respirou fundo. – Amo as flores e todo esse lugar, é como meu paraíso particular.

– Entendo. – o de cabelos pretos deu um gole no café fazendo sons de aprovação logo depois.

– Gostou? Eles são os melhores.

– É muito bom. Pode continuar falando, seus olhos brilham quando fala sobre a floricultura.


A Florista, Kaiser/Cesar CohenOnde histórias criam vida. Descubra agora