Único

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Narrado por Itachi. Boa leitura!


Era um domingo ensolarado, felizmente, já que isso impediu que meus pais questionassem a respeito dos óculos escuros. Seria difícil explicar a razão de eu ter passado a noite em claro e, por conta disso, meus olhos estarem vermelhos e inchados - embora o choro fosse tão culpado quanto o sono.

Não é fácil lidar com términos.

Menos ainda quando você tem que estar presente em um almoço de família no dia seguinte.

Eu teria inventado uma desculpa para justificar minha ausência, mas minha família iria recepcionar alguns parentes distantes e fazia questão que eu estivesse lá.

Eles disseram algo sobre um primo de terceiro grau com o qual tive contato na minha infância. Shisui. Eu me lembrava vagamente dele e posso dizer que assim que ele chegou, algumas lembranças retornaram, ele sempre chamou atenção, de qualquer forma. O sorriso imenso permanecia o mesmo, assim como os seus cabelos rebeldes.

Ele se aproximou enquanto eu me torturava nas redes sociais, me distraindo da minha própria miséria. Eu deveria tê-lo afastado já naquele momento. Mas ele era como um raio de sol em meio a nuvens de tempestade e sentir seu perfume amadeirado enquanto ele falava sobre seus anos fora do país e perguntava sobre a minha vida, foi como sentir o aroma de terra molhada após a chuva. Confortante.

A melancolia me tornou poético, aparentemente.

Ao final do almoço, quando eu me despedi de todos, vendo, no olhar de meu irmão, a promessa de que exigiria saber sobre o que havia me deixado naquele estado, Shisui me levou até a saída da casa dos meus pais e eu tinha certeza de que ele perguntaria o motivo de ter uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, mas ele não o fez. Ele somente sorriu e se despediu.

Eu não poderia ter ficado mais agradecido.

Na semana seguinte, Shisui e seu pai estavam lá novamente. O sorriso imenso dele tão presente quanto a minha melancolia, embora ela tivesse permitido que eu sorrisse de volta daquela vez.

Estávamos sentados próximos à piscina quando minha mãe passou por nós e disse que eu parecia melhor e que isso a deixava aliviada. Eu dei como resposta um sorriso e assim que ficamos sozinhos, eu disse:

— Eu sei que você quer perguntar, vá em frente — Não o encarei quando as palavras saíram da minha boca.

— Como soube que eu iria chamá-lo para comer doces? — Ele disse e eu o encarei, o cenho franzido. O sorriso dele só aumentou. — Sua mãe me disse que você gosta e eu realmente senti falta dos dangos, então pensei em aproveitar a companhia.

Eu o observei por tempo suficiente para ter certeza de que ele sabia. Senti o choro preso na garganta ao perceber o quão sensível ele estava sendo em não questionar a respeito do término e somente assenti, não confiando na minha voz naquele momento.

Horas depois, estávamos em uma loja de doces nos arredores do distrito Uchiha. Shisui tirou de mim meu primeiro riso sincero em semanas quando vi sua feição satisfeita ao provar o dango. Eu devia estar com uma expressão parecida porque ele sorriu também ao me olhar.

— O que trouxe você de volta ao país? — Eu questionei em dado momento.

— O trabalho — Ele respondeu. — A sede da empresa estava precisando de uma séria reforma na área que atuo. — Shisui se referia ao empreendimento que o meu pai e o dele dirigiam.

— Entendo — Eu respondi, levando o palito de doces à boca novamente.

— E você, Itachi? O que te mantém aqui? — Questionou e eu me surpreendi com a pergunta. — Nunca teve vontade de conhecer outros lugares?

Outro amor - ShiItaOnde histórias criam vida. Descubra agora