Indomável

Capítulo I

Acordei em mais um exaustivo dia e  novamente em minha loucura interna acabei sonhando com o " Garoto Mistério ", sim , já até dei um nome a ele, vocês de fato não devem estar entendendo muita coisa, bem, em primeiro lugar me chamo Raphael Henrique, tenho 17 anos e moro em São Paulo desde que nasci. Voltando ao que interessa desde os meus 15 anos, sonho com uma figura criada pelo meu subconsciente em forma de um garoto que sempre quando eu chego perto para ver sua fisionomia, ele some, ou eu acabo acordando...acreditam que já sonhei com ele uma semana inteira ?

Loucura ? talvez, sempre me pergunto porque ele aparece para mim e ele sempre me responde " você ainda vai me conhecer, espere mais um pouco ", realmente chego a duvidar muito disso, fazem 3 anos que sonho com ele e até hoje nem consegui ver quem de fato ele é...

Nunca meus sonhos com ele são os mesmos, sempre em lugares diferentes, eu já até me acostumei em procurá-lo em meu sonho, pois sei que ele está lá, não tenho muitas " informações" sobre sua pessoa, ele pelo que já percebi é alto e tem os olhos mais escuros que eu já vi, conversamos muito, sobre diversos assuntos, eu já pensei que estava ficando louco, acredito que isso não seja muito...normal.

Eu já desisti de fato, de algum dia "possivelmente" conhece-lo, a cada dia chego a conclusão que isso é uma alucinação da minha cabeça, ou talvez, só talvez uma leve carência.

Depois de me perder em meus pensamentos escuto meu celular tocar novamente, levanto sem muitas delongas e vou me arrumar para o meu primeiro dia na faculdade de arquitetura, por um lado estou animado e realmente muito ansioso, mas por outro nem tanto...talvez pelo fato de hoje rolar o tal "trote" que os estudantes costumam fazer com os calouros, se eu vou participar disso ? vai esperando sentado com uma xícara de café, com adoçante.

Vesti uma roupa básica, calça jeans, uma camisa pólo preta e um sapato social, não me considero tão bonito, sou magro, não muito alto, olhos castanhos e os cabelos levemente claro, em um tom meio castanho, quase loiro...me considero "pegável" no máximo.

Sai do meu apartamento ( Sim moro sozinho, foi uma luta sair da casa da minha mãe, mas por um milagre ou uma promessa de ir vê-la todo fim de semana, fez ela se convencer a me deixar morar na Zona Sul, finalmente sozinho) fui em direção ao metrô, coloquei meus fones em uma música da Lana Del Rey — Radio, minha favorita por sinal.

Fui cantarolando baixo e logo cheguei em minha estação, saí rapidamente, a faculdade só ficava uma quadra dali. De longe já podia ver pessoas saindo correndo dali puro tinta, outras com farinha e ovos na cabeça, nem preciso dizer que corri rápido para dentro da faculdade me esconder em algum lugar, entrei em um corredor e subi o primeiro lance de escadas, tentei abrir varias portas, para minha sorte estavam todas trancadas.

Escutei pessoas subindo e gritando algo do tipo "Eu vi um correndo para cá", ótimo estou fodido, minha última alternativa era o banheiro o lugar mais "seguro" que eu encontrei.

Entrei, fechei a porta e entrei em uma cabine, me sentia em um filme de terror, ao talvez em algo pior. Vocês devem estar pensando " Você é um cagão ? ", essa talvez não seja a palavra certa para me definir, eu posso dizer que tenho...amor a minha roupa e medo de morrer, porque já estamos cansados de ver vários jovens morrerem nesse tipo de " brincadeira"

Estava sentado em uma privada esperando eles irem embora quando ouvi alguns passos em minha direção, comecei a suar  e me encolhi ainda mais...

De fato, e novamente, estou fodido.

Eu apenas respirei fundo e me preparei para o pior, a pessoa apenas parou em frente a minha cabine, deu uma leve risada pelo nariz e saiu do banheiro.

De início não entendi muito bem, mas por um lado me sentido, sortudo e muito aliviado. Percebi que o barulho em todo o prédio havia acabado, fiquei mais uns dez minutos até ter certeza e peguei meu celular e saí, fui descendo as escadas ouvindo alguém falando sobre os bons modos e que muitos ali estavam realmente encrencados, escutei até barulho de ambulância vagamente, dito isso o homem que estava no portão da faculdade decidiu mandar todos para casa e que amanhã seria dado início as aulas.

Esperei a maioria sair e fui me dirigindo a saída com a leve impressão que havia alguém me observando, olhei para os lados e não identifiquei ninguém, devia ser coisa da minha cabeça, ainda eram dez e quarenta da manhã, decidi ir até o Starbucks que não ficava muito longe dali

Me sentei em uma mesa com o meu cappuccino e fiquei olhando um bom tempo o movimento. Senti meu celular vibrar, uma mensagem de Vitória, uma das minhas melhores amigas

" Vamos a uma boate que fica perto do seu apê ? "

Amanhã eu teria aula cedo...

" Desculpa Vih fica para próxima, tenho aula cedo amanhã "

logo ela respondeu

" Faz tempo que não saímos... um filme com pipoca na sua casa hoje umas oito ? "

Até que não faria mal, e estou com saudades dessa coisa

" Combinado! "

Me levantei e saí em direção ao metrô, e ainda estava com aquela maldita sensação de estar sendo observado... olhei ao redor novamente e novamente, ninguém. Bufei e continuei meu caminho, antes passaria no mercado perto de casa para comprar algumas coisas para hoje à noite.