TREZE.

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O sol mal havia alcançado o céu e eu já estava pronta para matar Luke Hemmings. Eram sete da manhã quando ele me ligou para dizer que não iríamos conseguir nos encontrar às dez, perguntando se eu podia ir até um restaurante no horário do almoço. "Não, eu não posso, Luke", queria ter respondido, externando toda a raiva que senti ao ouvir sua voz, mas comida boa de graça não tem como negar.

Repeti o mantra de Hanna sobre ser profissional e aceitei o convite.

O plano era voltar a dormir em seguida, mas não deu certo. Fiquei rolando na cama e xingando Luke mentalmente um milhão de vezes. Seu eu havia passado duas semanas sem sentir muita raiva dele, não me lembro mais. Agora eu só queria matá-lo com minhas próprias mãos.

Vou à cozinha, depois de duas horas tentando recuperar o sono e falhando, coo um café forte e levo meu cigarro aos lábios. Abro a porta de vidro e me sento no sofá da área externa com minha xícara em mãos.

Olhando para o gramado e a piscina, me pego pensando nele de novo, com raiva e afeição. Os olhos dele passam pela minha mente variando entre duas formas; primeiro, comprimidos, quase fechados, porque ele está rindo de algo legal que foi falado pelos amigos, depois arregalados, fortes e intensos, porque ele está irritado com algo.

Pensar em Luke me deixa mais estressada, mas não consigo controlar sua imagem divagando pela minha mente.

Busco meu celular para ligar para Louis, em meu quarto, e volto para o sofá, agora acompanhada por Picles, meu fiel escudeiro.

— Estou sem paz — digo assim que ele atende.

Bom dia, Marieva — responde animado. — Os pássaros já cantaram na sua janela hoje?

Rio.

— Você é ridículo, Mouille. — Reviro os olhos. — Está no trabalho?

Estou, e você?

— Em casa... Meu trabalho foi adiado.

Ouço ele murmurar algo para alguém do outro lado da linha.

E é por isso que você está sem paz, adivinhei? — murmuro que sim. — E o que há de tão ruim nesse adiamento se você é a pessoa mais atoa que eu conheço?

— Ei! Eu não sou atoa! — me defendo. — Eu tenho uma coluna, e qualquer outro hobbie que eu arrumaria só pra não precisar olhar na cara da banda de imbecis.

Claro. — Louis soa irônico. — Então o problema não tá no adiamento, está no fato de que você ainda tem que trabalhar.

— Certeiro como uma flecha de cupido! — aponto. — Por que eu não posso ser só mais uma herdeira sem responsabilidades?

Porque não teria graça — ele diz o que eu sempre digo. — E, veja, me parece que sua vida está bastante engraçada agora.

— Se com engraçada você quer dizer caótica e cheia de raiva, então, sim, ando rindo tanto que meus chacras até desalinharam — é a minha vez de soar irônica.

Que bom que você nunca ligou pra esse papo de hippie.

Quando a palavra "hippie" é inserida na conversa, começo a contar para meu melhor amigo como vem sendo a convivência com Ashton, e todas as vezes que eu sinto vontade de esgana-lo por causa do seu estilo de vida, que eu chamo de falso hippie. A conversa de perde em uma raiva deliberada de pessoas hippies que gostam de se fingir de pobre quando convém, mas logo Louis informa que tem que desligar.

Mas antes — diz —, com qual deles você vai se encontrar hoje?

— Luke. — Revirar os olhos é inevitável.

reputation || l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora