Capítulo II

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Capítulo revisado em: 21/07/2024

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O tempo passou com uma rapidez que Chifuyu se viu incapaz de acompanhar. Num piscar de olhos, completou-se um ano desde seu ingresso na Tokyo Manji. Embora ainda considerasse vários membros de sua divisão idiotas, seu incômodo diminuiu consideravelmente, e até passou a ver a gangue como sua segunda família.

Principalmente seu capitão.

Com certeza Chifuyu não poderia ter pedido por um ensino médio mais cheio de emoções; nunca brigou e curtiu tanto. O crescimento da Toman logo ocasionou no comando de Shibuya; de fato se tornaram uma gangue de motoqueiros e tanta. Chifuyu, aliás, conseguira uma moto usada de uns sempais mais velhos e foram precisos poucos reparos de Baji para ela ficar ideal. Animou-se com a ideia de ter seu próprio meio de transporte, mas, em parte, lamentou o fim de seus dias andando na garupa da GSX 250 de Baji.

Estava sendo ótimos tempos, mas, claro, sempre havia alguma má notícia à espreita. Assim como os membros da Toman cresciam de idade, outras gangues passavam pelo mesmo processo e abriam seus leques para certas atrocidades.

— Você soube o que aqueles cuzões da Moebius fizeram com o amigo do Pah-chin? — Baji apertava os botões da máquina do jogo de sobrevivência, obtendo mais três cabeças explodidas por tiros de fuzil. Seu rosto, porém, não mostrava satisfação com o mérito. Os botões sofreram com o contato mais brusco de seus dedos. — Um bando de filhos da puta covardes.

— Ouvi dizer que a namorada do cara tá na pior — comentou Chifuyu sem deixar os pensamentos vagarem para os detalhes da condição da pobre garota. A ferrari no projetor de seu jogo acelerou, ultrapassando os outros carros e conquistando a vitória. Como Baji, não comemorou a proeza. — Que desgraçados... quem eles pensam que são?

— Uns merdas que precisam ir pra lixeira, o lugar deles. — Baji soltou os analógicos, bufando. — Já deu pra mim. Vai continuar? — perguntou olhando o jogo de corrida de Chifuyu, que reiniciava automaticamente.

Chifuyu balançou a cabeça e se afastou da máquina, esfregando as mãos dormentes depois de tanto tempo socando botões.

— Também tô fora — declarou. De fato ele e Baji se iludiram ao pensar que o fliperama os ajudaria a esfriar a cabeça depois das últimas notícias.

Retiraram-se do estabelecimento e adentraram a noite estrelada. As ruas por algum motivo não estavam movimentadas, e Chifuyu achou bom, pois tornava a caminhada até o apartamento sossegada.

Ciente de que tanto ele quanto Baji estavam com os pensamentos meio comprometidos, afinal a iminência de uma disputa entre gangues sempre era algo com o qual se preocupar, Chifuyu disse:

— Pah-san... ele não vai querer deixar pra lá, não é? — Olhou para seu capitão.

O sorrisinho atroz no rosto de Baji era o indicativo de que Chifuyu precisava para saber que não era apenas o líder da 3ª divisão, Pah, a sentir sede de sangue.

— Claro que não, eu conheço aquele miserável — garantiu Baji com satisfação, socando a palma da mão. — Nem eu quero deixar para lá, ou aqueles arrombados da Moebius vão montar em todo mundo.

— Isso é verdade — concordou, como sempre agradado com o brilho nos olhos castanhos de Baji. — De toda forma, precisamos esperar a decisão do Mikey-kun. Não sabemos que posição a Toman vai tomar nesse caso.

Já tinham acessado o complexo de apartamentos àquela altura. Entraram no quarto prédio e subiram as escadas até o segundo andar.

— Pode ter certeza de que o Mikey não vai deixar barato. — Baji parecia elétrico com a ideia de esmagar vários ossos. — Espero que aconteça uma guerra. É melhor estar preparado, viu, Chifuyu?

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