palavras não ditas

irreal

não sei mais pra quem eu escrevo
você ainda tá aí?
você foi embora e eu nunca fechei a porta
e nunca me permiti espiar pra saber se você realmente se foi
às vezes me questiono se você sempre esteve aí; na expectativa da minha espiada
também não sei se te conheço mais
e se o que me resta for memórias irreais?
memórias que criei para meu próprio reconforto; para me consolar de um amor que nunca aconteceu
o famoso quase-deu-certo
só que é perigoso demais te espiar
me ajusto para caber nesse canto que me permito ficar, um bem longe da porta que nunca esteve fechada
se bem que eu amei mais uma versão inventada de você do que você de fato
e eu não quero que você (a real) volte
ela não cabe mais aqui
talvez se você voltar, seja apenas na minha ilusão
afinal, é o único lugar que você existe