capitulo único.

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Quando sai da sala de Gabriel naquela manhã me senti levemente assustada, digo, meu chefe já havia ressaltado algumas vezes como era uma das suas melhores funcionárias e que me encontrar em uma padaria com um caderno cheio de desenhos fantásticos foi um dos seus mais altos momentos de gloria. 

Ser designer de Gabriel Agreste era um sonho que me fazia deitar na cama todas as noites com um sorriso de satisfação, porém o que ele havia me pedido naquela manhã jurei que só pediria para os seus funcionais mais dedicados, os mais antigos, os mais concentrados (eu, definitivamente, não era uma das mais concentradas). 

Só que senhor Agreste teve a brilhante ideia de pedir - não - mandar eu desenhar as roupas para a sessão de fotos do seu modelo principal que, coincidentemente era também meu crush principal. 

Corri desesperada para a minha sala na intenção de trabalhar até o fim do dia. 

Meu plano era evitar qualquer pessoa ao máximo, principalmente o loiro que mais mexia comigo, senão acabaria jogando todos meus desenhos em cima dele.         

[ ... ] 

No fim daquela tarde, quando a empresa já parecia estar totalmente vazia, eu ainda me encontrava na mesmo lugar. Sentada na minha cadeira preta de rodinhas deixava os desenhos fluírem sem a menor dificuldade, por ironia ou não, todos os meus modelos pareciam ter sido pensados perfeitamente para o Agreste.    

Larguei o lápis na mesa, bufando:

 - Garoto idiota, lindo e idiota! 

- Quem é idiota? - alguém perguntou do outro lado da minha porta. 

Era o próprio Adrien, que me fizera dar um pulo na cadeira. Ele tinha avançado para dentro da minha sala sem se importar se eu queria ou não recebê-lo (que coisa, é claro que queria). 

- Olá - sorriu amigavelmente - quem é o idiota de quem você falava antes? 

Apertei os lábios com força, nem que ele arrancasse a resposta de mim com um beijo eu me atreveria a dizer.

- N-Ninguém - gaguejei, observando seu rosto formar uma expressão de "ok, vou acreditar".

Antes que me focasse nos encantos do loiro outra vez, me esforcei para mudar o assunto. 

- M-Mas - levantei do lugar, respirando fundo - Mas, posso saber, Adrien, está na minha sala por algum motivo? 

- Meu pai informou - pareceu dar uma pausa, só para ter certeza que as palavras ditas por si eram verdade  -  Que você será a responsável por desenhar as roupas do do meu próximo ensaio. 

E eu balancei a cabeça concordando, droga o que ele queria que eu dissesse? "Posso tocar seu tanquinho assim eu confirmo o tamanho para fazer suas camisas?"

Esperei um silencio estranho se instalar no ambiente, tipo um que fizesse o loiro querer correr dali, porém ele hesitou apenas dois segundos antes de dizer: 

- Pensei em ajudar. 

Minha careta que o questionava não o fez parar, pelo contrario, só o fez falar mais. 

- Senhorita Cheng, não sei se é de seu conhecimento, mas sou modelo desde os onze anos de idade, quando meu pai decidiu por isso. Nos últimos anos da minha carreira nunca pude participar da criação de nenhum projeto que fosse ser utilizado por mim, na verdade sinto que todas as designers da empresas fogem constantemente de mim, enquanto as modelos me perseguem. Já que com a senhorita é o contrario, e como mantemos uma relação amigável gostaria de pedir para participar do projeto de criação do próximo ensaio.  

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