22 - Eu fico

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Sakura abraçada com maior intensidade. Estremeceu internamente e sua pele arrepiou na nuca. Ele a olhou, ao senti-la se retrair em seus braços junto do arrepio. Achou de fato muito inusitada a reação dela, pois não parecia medo. O que era?


Deixou passar, recostando sua cabeça confortavelmente no travesseiro macio que dividiam, aninhou-a mais em seus braços. O calor era incomparável e não havia nada como ter alguém perto de seu coração, a sensação de ter alguém para proteger. Sorriu, caindo no sono.


(Em seu sonho o velho Madara, no Cemitério sob às Montanhas, também sorriu.)


O homem demorara pouco para adormecer, mesmo assim pareceu uma eternidade para Sakura, que foi fisgada por dezenas de perguntas e temores em seu coração. Estava atônita, ficou assim até que sentiu o respirar leve e aquecido dele em sua pele.


Madara ressonava sereno abraçado a ela. Seu coração latejou aquecido, foi quando a paralisia (estranhamente) cessou. Mesmo com liberdade de movimentos, Sakura permaneceu imóvel naquele futon, tentou entender o que estava acontecendo. Se era um sonho, seria o sonho mais vívido que teve.


A garota franziu o cenho, estava tendo visões de novo? Não, isto era ainda mais realista, não estava com a mente confusa. Não, ela sentia e sabia muito bem o que estava acontecendo. Ainda assim, de todas as coisas, jamais pensou que seria possível acordar nos braços de Uchiha Madara.


Teria ele a sequestrado? Essa era então a prova de que estava jovem, de que de alguma forma poderia estar mais forte e isso era ainda pior para Konoha. Eles tinham um problema sem dúvidas gigantesco, no entanto, de tudo isso a pergunta que mais martelava em sua cabeça era: 'Por que eu?'


Naquele quarto iluminado apenas por algumas lanternas, Sakura tinha os olhos alargados, não dormiria, jamais. Era impossível fazer isso nos braços de seu inimigo. Muito embora, não sentisse nenhum resquício de perigo, apenas conforto.


Quis olhar para ele, quis ver que era mesmo quem pensou ser, então começou a virar-se dentro do abraço dele. Mesmo reprimindo-se internamente por isso, a vontade era mais forte e ela virou-se com cuidado para não o acordar.


Observou então um rosto plácido, descansado. A pele clara, os longos cílios escuros e grossos, os lábios cheios, a profusa mecha de cabelos pretos lisos descansando sobre a lateral do rosto masculino angulado marcadamente jovem e viril.


"Lindo" Balbuciou com um suspiro, tornando-se imediatamente rubra pelo elogio que escapou de seus lábios.


Madara abriu os olhos.


Foi tão lento que ela viu as obsidianas negras aparecerem como o nascer de uma estrela cintilante no céu noturno. A luz relampejante das velas o iluminava, dando-lhe uma aparência etérea e Madara a fitou com intensidade. A moça estava deslumbrada, ele viu, mas não podia perder muito tempo com isso, precisava se certificar urgentemente de que aquilo que sentia era mesmo real.


Seus olhos rapidamente sangraram para o Mangekyō Sharingan, dilatando ao perceber que estava certo. "É mesmo você." Concluiu, com admiração e Sakura – ainda enrubescida – desviou os olhos dele ao ouvir a voz de barítono. Pensou em desvencilhar-se, mas não o fez... ao mesmo tempo que queria, não quis... e repreendeu-se por isso. "Eu procurei por você, Senju, sempre procuro." Ele aumentou seu aperto sobre ela. "Não te deixarei fugir mais. Fique, seja minha."

Inflexão (MadaSaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora