Doce

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No início as coisas eram simples, desde que se conheceram no trem os quatro garotos haviam se tornado inseparáveis, a ansiedade de conhecer Hogwarts era enorme e ter amigos com quem partilhar essa aventura era de uma alegria imensa.
Ao longo do primeiro ano os meninos fizeram outros amigos e pensando dramaticamente até inimigos, fizeram da vida dos fantasmas que rondavam pela escola um inferno, mas sua simpatia era sempre tão convidativa que os mesmos estavam sempre prontos pra lhe ajudarem nas peças, as vezes até os livrando da culpa.

A parceria era forte e uma das regras do grupo era que estariam ali sempre, uns pelos outros até o fim. Por isso, não era de se esperar que houvessem brigas entre eles, mas James estava ao ponto de iniciar uma pra que Sirius mudasse aquela cara de cachorro sem dono ou contasse o que tanto o impedia de dormir a noite.
O amigo estava preocupado e com raiva pelo afastamento do outro, Sirius podia ser ótimo jogador mas era péssimo como ator, estava cansado de todo aquele fingimento, afinal eram amigos e amigos não escondem as coisas uns dos outros.

Sirius estava finalmente no quarto depois de duas horas do sonar do toque de recolher, as velas ainda estavam acesas e seus amigos estavam juntos em frente a janela observando o professor levar um castor de volta ao galho certo, isso tudo no meio de muita neve com apenas um banquinho e uma lamparina. Aproveitou a desatenção dos amigos pra tomar um banho e se esconder embaixo da coberta logo após.

— Sirius - ouviu chamarem.

— Sirius - um pouco mais perto, seus olhos fechavam com força.

— SIRIUS - dessa vez um grito - ACHA QUE EU NÃO SEI QUE TA ACORDADO? - alguém muito furioso o empurrara da cama.

— JAMES - disse Pedro assustado — fala baixo, vai acordar o Lupin.

— Já estou acordado Pedro, mas obrigada. - o lobisomem sentava na cama coçando os olhos.

— O que quer Potter? - Sirius bufou voltando a cama.

— Então é assim que você me trata agora? pelo sobrenome como qualquer um! - se irritou, suas bochechas estavam como tomates.

— Cara você grita comigo, me empurra da cama e ainda quer o que? que eu te abrace? qual a sua James. - se levantou.

— Nós que queremos saber Sirius, o que deu em você?

— Não é nada. - resmungou se sentando de costas pros garotos.

— Faz uma semana que volta assim das corridas, não fala com ninguém sobre nada o dia todo, mal come e acorda toda noite gritando e xingando uma mulher. Vai contar pros seus amigos ou nós não somos mais isso? - Potter estava cansado de tentar esconder do melhor amigo o quanto estava triste com o afastamento e apenas deixou todos os pensamentos saírem.

— Chega James, se ele quiser fala ele vai falar, mas se não quiser é escolha dele e vamos respeitar isso, ponto. - Remus levantou a voz, soando mais sério que o costume, Potter resmungou e Pedro foi até Black com um doce nas mãos.

Passados alguns minutos o moreno começara a fungar e suas costas pareciam tremer sem parar, quando seu choro baixo fez-se presente James se sentiu o pior amigo do mundo, parecia que haviam lhe dado um soco no estômago, olhava pra Pedro em busca de respostas e o mesmo só o olhava em total desespero. Quando Remus viu que o outro estava mais calmo e sua respiração havia voltado ao normal, caminhou devagar até a cama e pós a mão no ombro de Sirius sussurrando coisas que os outros não puderam ouvir mas que fizeram ele concordar com um gesto e se voltar pros amigos.

Sirius ainda limpava as lágrimas enquanto falava, contava tudo o que havia passado até ali, sobre sua péssima relação com a família, sobre os gritos dos pais, sobre seus medos, seus motivos, sua tatuagem que até então era a primeira, seus restos de sonhos, sua única razão pra ainda estar vivo: os marotos, sua nova família.
Quando finalmente havia acabado o monólogo todos os meninos já estavam sentados junto à ele na cama, chorosos e arrependidos de te-lo julgado tão mal, de ter ao menos uma vez sua confiança questionada quando o que ele mais prezava era aquela amizade e eles não souberam aguardar o tempo necessário pra ver aquilo.
Pedro tomou que o garoto não falaria mais nada quando o mesmo encarou a parede atrás deles, levantou da cama e procurando nos bolsos os encontrou.
Deixou muitos bombons em sua mesinha, recebendo um sorriso pequeno como obrigado, disse um boa noite apressado e foi se deitar.
Remus também estava cansado, desejou boa noite aos amigos e esfregou os cabelos de Sirius com um "se tiver pesadelos hoje de novo, pode ficar com o outro travesseiro da minha cama", Black sorria maior, e bastante envergonhado, mas não ia negar a chance de dormir quentinho aquela noite.

— Me descul-

— Qual é James, não peça desculpas, eu fui um idiota por não ter contado pra vocês antes, sei que posso confiar nos meus amigos, só estava com vergonha. -  Sirius o interrompeu ainda um pouco sem jeito após as declarações.

— Eu sinto muito por tudo, você tem a nós agora não precisa passar por nada sozinho e sabe disso né? - o outro assentiu — e não se preocupa com os próximos feriados, vou pedir pra minha mãe mandar uma carta pra Dumbledore te convidando a passar os dias com a gente, ou melhor, todos os feriados!! - exclamou empolgado.

— Não precisa Potter, eu não quero atrapalhar e os pesadelos só veem quando está perto das datas que preciso voltar lá, não é sempre.

— Eu sei Sirius, mas ainda assim quero você lá comigo, é meu melhor amigo, minha mãe é ótima cozinhando, vai ser legal eu tô dizendo. - com um soquinho no ombro alheio, Sirius sorriu e concordou com o amigo. Não tivera pesadelos naquela noite, e em pouquíssimas depois daquela.

depois dos sessenta - wolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora