É engraçado, não é?
Como parece ser tão fácil conhecer as pessoas dentro do ônibus de acordo com o que elas estão fazendo.
Se estão lendo, ouvindo música, dormindo, conversando. Me resta imaginar o que elas gostam, fazem, trabalham.
Era exatamente o que eu estava fazendo agora. Observando. Imaginando. Criando.
A menina tinha por volta dos 20 anos, estava lendo, a curiosidade quase me fez perguntar-lhe sobre o que era o livro, tamanho era o entusiasmo com que ela lia. Imaginei que seria um romance, mas não sei o que me fez chegar a essa conclusão. Talvez fosse algum esteriótipo bobo qualquer.
Um rapaz subiu no ônibus. Sem muitos lugares vagos, sentou-se ao lado da garota. Não demorou muito para que puxasse um headphone da mochila. Como eu imaginei.
Talvez estivesse ouvindo rap, talvez rock. Difícil distinguir por qualquer esteriótipo conhecido por mim. Talvez ele estivesse ouvindo até mesmo música clássica, mas eu nunca saberia.
É engraçado, não é?
Como, mesmo quando parece fácil conhecer as pessoas, nós nunca seremos capazes de imaginar suas vivências, experiências e traumas.
Com esse pensamento final, desci do ônibus.
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Crônica do ônibus.
Short StoryAlgumas pessoas lêem, outras ouvem música, eu fico imaginando como cada um segue uma vida diferente, mesmo que pegue o mesmo ônibus todos os dias.