Prólogo

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Outubro de 2008

Rebekah acordou com o incômodo som do despertador. Levantou-se e rapidamente tratou de se arrumar.
Mais um dia na escola”, pensou a loira.
Depois de pronta ela se olhou no espelho, lembrando-se rapidamente que deveria tirar os seus brincos e pulseira, pois não era permitido nenhum tipo de joalheria na escola onde estudava.
Assim que desceu, a menina deu de cara com Angelita, vendo que a senhora estava falando algo com o jardineiro. Bekah não deu muita importância e caminhou para a cozinha, pegou uma garrafa de água e saiu em direção à porta dos fundos, pois assim Angelita não veria que ela nada comeu.
Bekah sofria certa pressão de sua mãe, Lilian, sobre não ter o corpo perfeito. Isso fez com que ela não comesse muitas coisas durante o dia, às vezes passando dias sem comer nada, mas Angelita notou isso e sempre fazia a menina comer algo. A senhora criou Bekah desde que era um bebê, sempre esteve ao seu lado, em todos os momentos, até mesmo em festas de escola. Como o pai da menina faleceu quando ela ainda era um bebê, a única pessoa que a menina podia contar era Angelita. Lilian, sua mãe, trabalhava em uma multinacional, e nunca estava em casa. Nunca esteve com a garota, e quando estava era para criticá-la sobre sua aparência.
Apesar de tudo, Bekah era uma garota amável e gentil, se preocupava com todos à sua volta. Seus melhores amigos são Jonathan Jenkins e Raymond Skinner. Os três costumavam ser inseparáveis na escola, mas são mais velhos que Bekah, e por isso ambos já tinham concluído seus estudos, estando na faculdade. Ambos foram para a Universidade de Cambridge, Jonathan faz Economia e Ray faz Direito. Já para Rebekah, ainda faltava um ano.
Quando a menina chegou na escola, as gêmeas Mia e Maya apareceram, como se já estivessem prontas para vir até Bekah e começar as implicâncias de todo dia.
— Veja só, se não é a chacota da escola. — Mia falou e riu alto, junto com a irmã.
— Aposto que a mamãe dela não estava lá para dar o beijinho de despedida. — Maya falou em um tom debochado, fazendo um beicinho, mas riu em seguida.
— Olha só, ela vai chorar… — As duas deram risada. — O que foi? Você teve uma infância difícil?
— A mamãe nunca esteve presente? Ou foi o papai que nunca foi a nenhuma festa da escola? — Maya questionou com escárnio.
— Qual é a porra do problema de vocês? — Bekah perguntou com a raiva explícita em sua voz. — Por que vocês se comportam como um fodido clichê?
Bekah saiu dali e foi em direção ao banheiro. Entrou em uma das cabines e começou a chorar sem parar. Lembrou-se do ano anterior, quando JJ e Ray ainda estudavam na escola, e aquilo não acontecia, pelo menos não com a intensidade que acontecia esse ano. Todos sabiam que seu pai havia falecido quando ainda era muito nova e que esse assunto mexia com a loira, mas as gêmeas sempre arrumavam uma maneira de tocar nesse assunto. Enquanto a garota refletia sobre o que foi dito a ela, já pensava em possíveis respostas, caso a atormentassem novamente aquele dia. Depois que Bekah acalmou-se, ela saiu  e lavou o seu rosto, seguindo para a sala de aula; o horário informava que seria aula de Álgebra. O cheiro de ambiente fechado que a sala exalava a fez lembrar da mesma aula, há um ano atrás.
“Ao entrar na sala, sentou-se na frente de Raymond.
— Sério? Olha isso! — O moreno apontou para o quadro onde estava escrito: "Se X é negativo, Z é o quê?"
— Ray, álgebra é importante. — A loira riu da cara que o amigo fez.
— Eu odeio álgebra! É inútil! — O moreno revirou os olhos.
— Não é inútil, é importante! —  Tentou justificar a garota.
— Para quê? — Indignado olhou para a garota.
— Para dar a gorjeta certa. — A garota riu um pouco alto.
— E também para coisas, talvez menos importantes, como administração, engenharia… — Jonathan se intrometeu no assunto.
— E para dar gorjeta. — A loira piscou para o amigo e sorriu, enquanto Ray resmungou em sua cadeira, voltando a olhar para frente.”
Agora, um ano depois, ela está de volta na mesma aula de álgebra, já que era boa demais e conseguiu avançar seu nível, estudando com os meninos. Ao finalizar a aula, Rebekah caminhou até o refeitório, parou em frente a máquina de vendas e escolheu um suco de uva light. Sentou-se em uma mesa sozinha e começou a tomar o suco, quando entraram pela porta as gêmeas e seus namorados. Mia namorava Joseph Kingsley e Maya o Thomas Nicholson. Bekah achava Thomas velho demais para ainda estudar ali, mas era o astro do time, juntamente com Joseph. Típico clichê que Rebekah tanto odiava…
— Ora, ora, se não é a solitária da escola. — Mia debochou, fazendo os outros três rirem.
— Sem os amiguinhos, ela não é nada.
— Megan…
— Mia. — Ela me olhou como se fosse óbvio.
— Certo. Sabe de uma coisa? Minha mãe costumava ter um Spitz-alemão-anão. É um cachorro pequeno... Eles são fofos, mas só querem ser o centro das atenções.
— Não sei se estou te entendendo. — A garota encarou a irmã e depois voltou o olhar para Rebekah.
— Não se preocupe, logo vai entender. O que acontece é, caso você não dê a atenção necessária, eles começam a latir e se tornam irritantes.
— Parece que são vira-latas idiotas... — comentou Maya.
— Sim, são idiotas. Uns cachorros de merda. Bonitos, mas nada mais.
— Assim como elas? — Joseph indagou, fazendo as duas olharem indignadas para ele.
— Sabia que iriam entender. Quão pequenas e patéticas vocês têm que se sentirem para tratar alguém assim? Só para aumentar suas autoestimas? Mas vocês têm seus motivos para serem assim. Talvez ninguém em casa aceite vocês. Ser um pé no saco não é algo que você nasce sendo, você se torna. É uma escolha! E tratar as pessoas como se fossem um lixo, não é a melhor forma de ter sua vingança com o mundo. Seja qual for o motivo, superem.

[...]

Como foi a escola hoje? — Jonathan perguntou no telefone.
— Normal, nada novo… — Ela disse sem ânimo algum.
Sério? Você está estranha! Sua mãe está em casa? — Ele indagou, preocupado com a amiga.
— Só estou cansada. — A loira respirou fundo. — E tenho atividade para fazer ainda.
Vou deixar você estudar, então — Jonathan disse, sem acreditar muito na garota.
— Não. Primeiro me conta como vai a faculdade. — Bekah se animou um pouco mais.
É muito bom, loirinha. Ray e eu mal podemos esperar para você vir logo para cá. — Jonathan estava animado.
— Onde está Ray? — questionou Bekah.
Ele conheceu uma garota, Cher. Ela estuda Medicina. — O garoto riu. — Eles não se desgrudam mais.
— Olha só, quem diria. — A loira riu. — E você, já arrumou namorada também?
O quê? — Jonathan pigarreou.
— Só perguntei, não precisa se engasgar todo. — Rebekah riu.
Você não tinha atividades para fazer? — O garoto perguntou divertido.
— Agora está querendo desligar? Está certo. — A menina riu. — Sinto sua falta, JJ.
Eu também sinto sua falta, Bekah — Confessou triste.
Rebekah Davenport, onde você está? — A garota se assustou ao ouvir a voz da mãe.
— Ei, JJ, preciso ir. Amo você! — A menina finalizou a ligação sem ouvir a resposta. — Estou aqui, mãe!
Rebekah rapidamente levantou da cama, foi até a penteadeira e ajeitou seu cabelo, correu até o closet e trocou de roupa. Quando saiu de lá, sua mãe abriu a porta do quarto.
— Vim pegar algumas coisas e resolvi te ver. Meu Deus, sua aparência está horrível. Nem vou comentar sobre a roupa — a mulher esbravejou e saiu dali, fazendo Rebekah se sentir horrível ao olhar no espelho.

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⏰ Última atualização: Mar 30, 2022 ⏰

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