Vem Meu Amor

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Em todos seus anos de vida, Meredith nunca se imaginou vivendo um clichê tão grande como nesse final de semana. Ela acordou sorrindo se lembrando do dia anterior, tomou café da manhã no quarto pra evitar as várias perguntas de seus amigos sobre seu paradeiro, eles devem ter deduzido que ela estava fazendo sexo, mas, bem pior que isso, ela estava apenas andando por aí. Pior, obviamente pior, porque, só sexo é fácil de lidar, agora, as quedas na calçada, a risada alta, as piadas internas, isso são coisas que nem o álcool conseguiria apagar da memória dela.

Dois dias, só dois dias que eles se viram, só dois dias que ele se fascinou pelo sorriso dela. Seria possível se apaixonar em dois dias? Não sabiam nada sobre o outro, apenas que beijavam bem. Quando tudo acabar, quando o carnaval acabar, eles vão se encontrar? Sentar, conversar, ter um encontro convencional? Quanto tempo de Sampa pro Rio? Talvez só um feriado seja o suficiente para viver uma paixão.

Lá estava ele, parado na frente do hotel, bermuda e camiseta preta e boné, braços cruzados, céus, é o homem mais lindo do mundo. Ficou paralisada por uns três segundos presa no olhar dele, ela andou em direção a ele sem saber como cumprimentar, ele também estava inseguro de beija-la, não sabia se ela estava arrependida pelo dia anterior. Parou diante dele e sorriu, ele também sorriu.

— Você não está fantasiado. — Ela afirmou.

— Nem você.

— Eu estou com glitter. — Ela apontou pra si mesma.

— Glitter não é fantasia. — Ele virou a cabeça de lado, adorável.

— Tem razão.

Eles sorriram, estavam fazendo muito isso. Ele estendeu a mão, e ela entrelaçou os dedos entre os dele, então, um coro ridículo vindo de seus amigos, reproduzindo uma onomatopeia quebrou o silêncio.

— Fofos! — Carina gritou.

— Cadê a moral pra falar de casar no rolê, doutora Grey? — Alex falou provocando.

Andrew deu risada, ela revirou os olhos e mostrou a língua para eles.

Andando pelas ruas de mãos dadas, ele sempre achou isso besteira, sem significado, até conhecer as mãozinha dela e sentir uma necessidade constante de não solta-las. E ela não queria ser solta, o que era no mínimo estranho, em todos seus relacionamentos, a sensação de estar presa a alguém a frustrava, sufocava, com ele, não. Talvez porque não exista motivos pra isso, é só um feriado.

Longe do bloco acabar, Andrew já estava cansado da muvuca, começou a se distanciar, e Meredith automaticamente foi atrás, qualquer lugar que ele não estivesse pareceria solitário, não queria ficar um minuto sem a alegria que a presença dele causava.

— Espera aí, meu pé tá doendo! — Ela gritou por causa da música alta, e ele sorriu ao entender que ela estava indo junto.

— Vem cá, sobe em mim. — Ele respondeu se abaixando, ela deu risada e pulou nas costas dele.

— Se você me derrubar eu te mato.

Ela deitou a cabeça no ombro dele, ele foi a carregando até se afastarem da multidão, quando dobraram uma esquina numa rua vazia, ela desceu das costas dele, mas continuou abraçada.

— Pra onde vamos?

— Vamos pra casa da praia? — Ele falou de virando de frente para ela.

— É uma ótima ideia. — Ela deu um selinho nele.

Voltaram a caminhar, em total silêncio, não era desconfortável, mas era esquisito, no dia anterior eles só pararam de falar para beijar, então, ambos sem falar uma palavra era no mínimo estranho, mas nenhum dos dois sentiam necessidade de dizer algo. Eles evitaram as ruas mais movimentadas até chegarem na casa, quando pararam na porta, Andrew sentiu seu coração disparar, girou a chave, abriu a porta e a deixou passar primeiro. Quando ela entrou, olhou rapidamente em volta, colocou a bolsa em cima de um móvel e pensou que poderia ser uma péssima ideia, o sexo poderia ser horrivel e ela ainda teria que ve-lo por mais dois dias. Péssima ideia. Mas ela queria tanto descobrir onde isso ia dar.

Ele se aproximou e a abraçou por trás, tirou o cabelo dela do pescoço depositando beijos e mordidas leves ali, mas provavelmente ficariam marcas, ela respirou fundo, qualquer contato com ele ali parecia mais sensual que o comum. Ela se inclinou para trás, colando ainda mais seus corpos e deu mais espaço pra ele beijar.

— Você quer ir pro quarto? — Ele sussurrou no ouvido dela.

Encostada nele, ela podia sentir a velocidade que o coração dele batia, então antes de responder, ela pegou a mão dele que estava pousada na barriga dela e subiu até um pouco acima do peito, para que ele sentisse seu coração acelerado igual ao dele.

— O que isso significa? — A voz dela quase não saiu.

— Eu não sei. — Ele soltou a respiração na nuca dela fazendo -a arrepiar.

— Eu quero ir pro quarto, Andrew.

Ele saiu de trás dela, segurou sua mão e foi andando na frente em direção ao quarto, se sentiam como adolescentes prestes a perder a virgindade, as borboletas no estômago estavam ali. Entraram no espaço, e assim que ele fechou a porta atrás dela, a pressionou contra a mesma iniciando um beijo.

— Posso confessar uma coisa? — Ele falou baixinho quando terminaram aquele beijo e ela fez que "sim" com a cabeça. — Eu estou nervoso.

— Eu também. — Ela disse no mesmo tom. — Já passamos dessa idade, né?

— Acho que isso nunca acaba... Não quando é especial. Eu só não sei o que vai acontecer depois...

— Vamos descobrir juntos.

Voltaram a se beijar, dessa vez era diferente, nenhum dos dois saberia explicar como, mas era diferente. Um despiu o outro, peça por peça, as deixando espalhadas pelo chão do quarto, mas sem selvageria, eles se deitaram na cama: beijos, mordidas, chupões, apertos, carinhos. Tudo em câmera lenta, sem pressa, como se tivessem todo tempo do mundo para descobrir cada centímetro do corpo um do outro com a ponta da língua, todo tempo do mundo para um descobrir como e onde o outro gostava.

As respirações pesadas e os gemidos sussurados eram a única trilha sonora, os olhos verdes fixados nos olhos azuis, enquanto as mãos dele pareciam estar em todos os lugares do corpo dela ao mesmo tempo, era indecente. Quando ele a tocou intimamente foi impossível para ela se controlar, todos os seus sentidos estavam aguçados, estava extremamente sensível. Ele continuou a tocando exatamente do jeito que ela queria, o ritmo era acelerado e não demorou para que Meredith se desmanchasse sob os dedos dele. Pela primeira vez naquele dia, que se estendeu até a madrugada, incansáveis.

ClareiamôOnde histórias criam vida. Descubra agora