Adeus, Maven.

Capítulo 16

Daqui a alguns meses vai fazer 2 anos que você morreu pra mim. Sabe o que me dói mais? O que me machuca todos os dias como uma ferida que nunca para de sangrar, que não importa o que eu faça, eu nunca vou conseguir estancar o sangue e ela vai continuar aberta por mais um bom tempo? É eu não ter conseguido te salvar. Primeiro, eu sei que obviamente não tinha como eu fazer isso, mas nunca consegui me perdoar por não ter te salvado. Te salvado da sua mãe. Da sua morte. De você. Se eu tivesse 0,01% de chance de te salvar, Maven, não duvide de que eu faria tudo o que estivesse ao meu alcance e o que fosse preciso pra te salvar. Eu juro. Então é aí que eu lembro de alguém que uma vez falou que o nosso personagem de conforto é alguém que a gente se identifica. Eu já sabia antes que eu era obcecada por você devido eu me identificar com suas dores, mas agora, nesse exato momento, percebo que na verdade, a razão de eu ter ficado tão ligada a você é porque eu não consegui me salvar. Nunca consegui me salvar e muito menos cuidar de mim, das minhas feridas e mágoas; Meus traumas e minhas dores só foram me afundando e eu não fui capaz de me reerguer. Na minha cabeça se eu tivesse te salvado, eu teria salvado uma parte de mim, e isso bastava. Mas eu não te salvei. Falhei comigo e com você e descontei tudo em você, me permiti ficar obcecada por você de um modo que eu adoeci de luto após sua morte. Quase entrei em depressão por sua causa, e, minha nossa, você nem existe.
A culpa é minha por ter colocado tanta expectativa achando que ao salvar você eu também me salvaria. Mas no final, não consegui salvar nenhum de nós dos dois. Se você soubesse o quanto eu sofri com sua morte você ressucitaria apenas por pena. Me perdoe, Maven, por não ter sido capaz de te salvar.