Capítulo 3.

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— Eu ouvi vocês dois conversando sobre a endometriose e sobre ter filhos. Meu amor, você tem certeza disso agora? — a minha mãe perguntou, enquanto eu tirava os enfeites da sala.

— Mãe, eu acho que isso é um assunto muito delicado que eu e o Artur vamos pensar no tempo certo. — sorri de canto e coloquei algumas coisas dentro de uma caixa.

— Não quero me meter no relacionamento de vocês, mas ele vai embora e você vai ficar aqui. — acariciou o meu rosto e eu assimilei o que ela estava querendo dizer.

— Nós escolhemos isso, e vai ser temporário, só enquanto o irmão dele se recupera e ele organiza as coisas para morarmos na Europa.

— Você vai morar na Europa? — ela arregalou os olhos e o meu pai se aproximou, fez a mesma pergunta. — Você não ia contar para a gente, Chloe?

— Eu achei que... sei lá, havia mencionado.

— Não pode simplesmente ir embora para Europa com um cara que te colocou no meio de um tiroteio. Onde você enfiou o seu juízo? — dificilmente o meu pai ficava bravo, e quando ele ficava bravo, ele ficava muito bravo, e ele estava muito bravo. Olhei para o Artur e me senti como uma criança encurralada, sem saber o que dizer e sem saber aonde me esconder.

— A Chloe tem idade suficiente para tomar as próprias decisões. Vamos ficar bem no País de Gales e acho que nos conhecemos o suficiente para morarmos juntos. Eu não quero parecer grosso porque ela é a filha de vocês, e por mais que não tenha comunicado a própria decisão, ela tem certeza disso. — o cara grandão se aproximou e ficou ao meu lado, segurou a minha mão e aproximou o corpo do meu. — Senhor e senhora Cooper, eu acho super ultrapassado o lance de pedir a mão da filha aos pais porque a única pessoa que tem que aceitar isso é ela, mas seria falta de educação. Vou aproveitar a oportunidade e dizer que nos casaremos, e seria um honra receber vocês em nossa casa, em Pembroke.

— É muita informação. Acho que já basta. — mamãe suspirou e foi em direção a sua bolsa em cima do sofá. — Você não teve a mínima consideração pela sua família, Chloe. Cabe a você saber o que vai fazer da vida, mas não pode esconder o seu futuro das pessoas que lhe proporcionaram o presente.

Os meus pais saíram sem dar ao menos tempo de eu me explicar, para que eles pudessem me entender e saber que ficar aqui não seria tão legal. Abracei Artur e ele acariciou os meus cabelos, eu estava perdida, queria agradar os meus pais, o Artur, os meus amigos, estava esquecendo de me agradar.

— Querida... — a vovó se aproximou e tocou o meu ombro e me virei para olhá-la. — Eu vou ficar muito feliz se vocês se casarem e adoraria ir na festa chique que o seu marido vai dar. Quando vamos enviar os convites? Eu tenho um vestido lindo que a sua tia-avó Mary usou no casamento com o coronel Joseph.

Eu sorri e a abracei, a vovó era a pessoa mais sensata da família.

— Em breve, vovó. Faremos tudo juntas, ok? — a olhei fixo e ela sorriu. A vovó adorava festas, de natal, ano novo, Páscoa e aniversários, ela disse que os seus maiores sonhos eram me ver vestida de debutante e de noiva, contanto que eu estivesse muito feliz.

[...]

O fato de eu odiar despedidas nunca deixei tão explícito, combinei com Artur que não iria com ele até o aeroporto porque isso seria sufocante, mas depois do que aconteceu hoje eu só queria ficar perto, mais perto, até estar totalmente junto dele, não queria que ele fosse, ou queria ir também, desistir do seu irmão e deixar Artur completamente satisfeito estando finalmente comigo na Europa.

— Eu odeio decepcionar os meus pais, Artur. — levantei a cabeça e o encarei com os olhos marejados, enquanto esperávamos o horário do voo.

— Você precisa decepcionar algumas pessoas na vida para ser feliz. — suspirou e acariciou o meu queixo.

Meu Amado VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora