Happier Than Ever

Chapitre Unique

Ela abriu as duas faces da porta de uma vez.

-Por favor, nos deixem a sós. – Pediu aos guardas que fizerem uma ligeira referência e deixarem o local. – Agora você tem cinco minutos para falar. – indicou o grande relógio na parede.

-Você nunca tentou me escutar e depois de todos esses anos você me dá 5 minutos? – Ele tinha o semblante magoado enquanto a olhava do outro lado da sala.

-Não deveria te dar nem um segundo, mas como você não para de me encarar durante o evento ficou impossível prosseguir tal ação.

-Pare com as palavras rebuscadas, Princesa, estamos a sós. – Ele vacilou o sorriso quando disse o rotulo que ele costumava usar como um apelido sutil para eventos, no quais eles não podiam se assumir em uma época distante da situação atual.

-Perceval... – ela também tinha tais situações nas suas memorias. – Eu não quero te escutar. – Encolhendo os braços envolta de sua própria cintura, formando uma espécie de barreira, que para ele tinha sido um ataque. Um ataque a sua ferida mais dolorosa.

-Eu preciso de apenas um minuto. – Ele se retraiu tentando se recompor.

-Eu te dei cinco. – Ela engoliu a seco, demonstrando uma mágoa que ainda não tinha sido extraída pelos anos.

-Penelope, você foi tudo para mim. – A expressão dela mostrou que não acreditava em uma palavra sequer.

-Tirou isso de algum livro? Charles isso não explica, conserta ou minimamente ajuda as coisas.

-Eu sei que não, eu só preciso te dizer, preciso deixar claro que eu sempre amei você, mesmo quando você foi embora, mesmo depois de todos esses anos. – O riso anasalado dela o fez fechar os olhos com força.

-Eu não acredito em você. – Ela deu de ombros, incrédula de qualquer palavra proferida por ele. – Quem me amava era o outro Charles. Mas ele se foi, já tinha ido a tanto tempo. – Sua voz era pesada e concreta, ela sabia exatamente o que estava para dizer. – Eu era uma criança, tola e apaixonada. Amei você com tudo o que eu tinha, tudo que eu poderia ser. Encontrei caminhos para nosso amor e passei pelas piores batalhas, na linha de frente com o peito estufado e queixo erguido. A cada pedaço que o nosso namoro arrancava de mim e me fazia sangrar, eu, eu me convencia que era parte de uma grande história de amor, algo como uma grande tragédia grega em um passado distante, onde grandes romances se tornavam dramas. – Suas mãos gesticulavam trêmulas, enquanto lagrimas raivosas borravam a maquiagem nas extremidades de seus olhos castanhos noturnos. – Charles eu... – ela mordeu os lábios com força segurando o soluço que não iria escapar. Não agora. – Eu estava tão cega com tudo isso que quando perdi você, eu nem notei. Não. – Ela expirou pelo nariz de forma densa, negou direcionando os olhos para a mesa ao canto do sofá. – Eu não notei quando você se tornou distante, quando você passou a escutar mais seus amigos do que sua própria consciência. Eu só achei que estava fazendo algo errado... Jogando a culpa sobre meus ombros como um fardo predestinado a mim.

-Não diga isso. Pen, eu sempre estive ao seu lado, eu... – Ela respirou fundo sem segurar as microexpressões de repulsa que seu rosto deixava para trás.

-Fique quieto Charles. – Ela sussurrou. – Você não estava ao meu lado. E se aquilo era você ao meu lado... Eu espero que você permaneça o mais longe de mim possível. – ela gesticulou de modo agressivo com sua mão esquerda, mas logo fechou sua mão retraindo sua raiva.

-Você se fechou. Se fechou para mim, para...

-Fique quieto. – Ela já não controlava seu tom de voz. – Eu sou tão feliz longe de você. – O sussurro combinou com ela se virando de costas para ele. – Eu me recuperei de tudo que você me fez passar. Eu não atendia ligações de você com a voz embriagada no meio da noite dizendo que estávamos terminados. Eu não ficava preocupada se você pegaria uma de suas Ferrari, com sei lá quantos cavalos durante a noite. – Ela tinha a voz e as mãos trêmulas, com se fosse um ritmo ditado por sua alma. – Eu não imaginava se você acordaria no outro dia de manhã e decidiria seguir com a decisão de estarmos separados...