Porra. Eu era meio burro

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— Quer me explicar porque você parece chateado com seu café? Ou eu tenho que tentar adivinhar? – Jace perguntou, alguns dias depois, enquanto caminhávamos por uma loja no shopping da cidade, entre as emergências. 

Ele queria pegar algumas coisas para o aniversário de sua esposa, e era ir com ele ou ficar de mau humor na plataforma como eu tinha feito nas últimas 48 horas.

— Não estou com chateado. – Sim, mesmo para meus ouvidos, eu parecia um adolescente mal-humorado, a quem os pais tinham tirado o celular. Patético.

— Não? Você assustou os estagiários esta manhã, por exemplo.

— Boa. Eles quase me esguicharam enquanto deveriam estar limpando a ambulância.

— E eu peguei um bolinho de maçã e você nem tentou roubá-lo da minha mão.

— Você pegou?

— Não, mas prova que você não está prestando atenção em merda nenhuma.

Suspirei. 

— Você já conseguiu o que precisava?

— Veja, se você estivesse prestando atenção, saberia que não comprei porra nenhuma para Clary, e você não está ajudando.

— Você não precisa de ajuda. Basta comprar algo legal para ela.

— Legal? – Jace zombou. – Um novo micro-ondas é legal. Trocar o óleo do carro dela é legal. Nenhuma dessas coisas vai me fazer transar.

—Você é casado... você não precisa comprar coisas para transar.

— Falou alguém que nunca foi casado. – Quando eu não rachei nem um sorriso, Jace me deu uma cutucada forte. — O que há com você? Você finalmente tomou uma atitude com seu Anjo, e ele rejeitou você?

— Não exatamente. – Joguei minha xícara de café vazia em uma lixeira próxima. – Ele me beijou. –  O queixo de Jace caiu no chão, mas nenhuma palavra saiu. – Sim. Essa foi minha reação também.

— Puta merda, Alec. Devíamos tomar um pouco de champanhe e celebrar! – Jace começou fazendo uma estranha dança da vitória. – Vamos lá, não me faça comemorar sozinho. – Quando eu não entrei na brincadeira, ele parou de dançar e revirou os olhos. – Cara, qual é o problema?

— Qual é o problema? Isso deveria ser óbvio.

— Uh... – Ele acenou com a mão para que eu elaborasse.

— Ele não é gay. Ele está confuso. E ele não deveria ter me beijado.

Jace ficou lá piscando para mim. 

— Você está brincando. Me diga que você não está prestes a me foder psicologicamente, e que você não o afastou, ou algo estúpido.  

— Você não entenderia. – Eu disse, me afastando.

— Oh meu Deus. Oh meu Deus. – Jace gemeu frustrado. – Me diga que você não fez isso.

— Eu disse que você não entenderia.

— Sinto muito, mas vou precisar que você volte aqui e repita tudo isso no meu ouvido bom. Porque eu pensei ter ouvido você dizer que o cara por quem você está apaixonado desde sempre te beijou e você o afastou, mas isso não pode estar certo, porque você não é um idiota.

— Eu disse isso.

— Eu mudei de ideia, então. Você é um idiota.

— Jace, me dê um tempo aqui...

Não me esqueça (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora