Desligo o motor do carro, abro a porta e desço. Os dois já estão me esperando na porta, com sorrisos acolhedores e afetuosos.
Observo a mulher linda e deslumbrante se afastar e vir até mim com os braços abertos.
— Finalmente você conseguiu vir, querida.
— Oi, mãe. — retribuo o sorriso e a puxo para um abraço apertado.
Sinto falta de visitá-la mais vezes. A faculdade e o trabalho estão consumindo quase todas as minhas horas livres e geralmente não tenho tempo de vir em sua casa.
Mas tem outro motivo que me impede de vir aqui com frequência. E esse motivo está com os braços cruzados e olhando para nós duas.
Desvio o olhar e seguro as mãos de minha mãe.
— O novo corte de cabelo está lindo. — sou totalmente sincera. Os fios que antes eram longos, estão agora na altura dos ombros.
— Você gostou mesmo? — pergunta na defensiva, tocando os fios curtos.
— Claro que gostei. Te deixa mais jovem.
Ela sorri satisfeita e se vira para César, meu padrasto.
— Não fique tão longe, venha cumprimentá-la.
Preciso fingir tranquilidade ao vê-lo abrir um sorriso e se aproximar.
— Que bom que conseguiu vir hoje, Mayra. — a voz rouca de César me arrepia, como toda maldita vez!
Com casualidade, seus braços fortes me envolvem e me puxam para perto. É um abraço caloroso e quase inocente.
Quase.
Não há nada de inocente nas mãos grandes segurando minha cintura com mais força do que seria necessário. Não há inocência no beijo que ele deposita em minha bochecha — um pouco mais demorado do que seria necessário.
E não tem nada de inocente no modo como meu corpo fica sensível com isso. Em como quero esse corpo sobre o meu.
Mas ignoro meus desejos, como sempre.
Para evitar uma cena embaraçosa e constrangedora, envolvo seu pescoço e retribuo o abraço da melhor maneira possível. Odeio essa proximidade, os nossos peitos pressionados um no outro, meus braços o envolvendo e os dele fazendo o mesmo. Isso é demais para mim.
Me afasto rapidamente e percebo o sorriso satisfeito no rosto da minha mãe.
O sonho dela é que eu me dê bem com seu marido, mas tornei isso impossível desde o começo.
Os dois estão juntos há três anos e durante três anos eu evito qualquer tipo de contato com ele. Na cabeça dela estou sendo apenas rebelde por não querer minha mãe com outro homem que não seja meu pai.
Mas a verdade é que sou rebelde por querer meu padrasto.
Desejei a César desde a primeira vez que ela nos apresentou, quando eu tinha dezoito anos. Foi um inferno desde então, todos os jantares que ela fazia para recebê-lo, todos os passeios que ele organizava para nos tornar uma família. Todos os malditos presentes que me dava para que o aceitasse.
O meu desejo por ele nunca diminuiu ou passou, apenas foi se intensificando com o passar do tempo. Quando terminei o ensino médio, minha mãe decidiu que ele iria morar conosco, e foi então que pedi para morar com meu pai.
Não conseguiria aguentar morar no mesmo teto que ele. Já vivia sendo rebelde, brigando e gritando só para irritá-lo. Eu precisava que minha mãe entendesse que eu não gostava dele. Morar com meu pai foi a maneira mais fácil que achei para lidar com isso.
Hoje, com meus vinte e um anos, ainda quero desesperadamente o meu padrasto. Já não sou uma adolescente fantasiando com o namorado da mãe. Sou uma mulher adulta que deseja o marido da própria mãe.
Eu vou para o inferno.
— Pois é. — me afasto de César e dou um passo para trás. Só por garantia.
— Como está a faculdade? — pergunta minha mãe.
— Está bem. Final de semestre é mais puxado, mas estou conseguindo acompanhar tudo direitinho.
— Nas férias você poderia passar mais do que um final de semana com a gente. César e eu sentimos sua falta.
Quando me mudei para a casa do meu pai, foi combinado que eu passaria os finais de semana com ela, e até fiz isso no começo, mas depois passei a diminuir a frequência cada vez mais. Atualmente só venho uma vez por mês.
— Sua mãe está certa, é sempre um prazer ter você aqui. — diz Cesar.
E simples assim, sinto meu corpo esquentar.
A pior parte de tudo isso é saber que ele também sente isso. É saber que ele me deseja da mesma maneira. Não é uma atração que parte apenas de um lado, ela vem dos dois e isso piora tudo.
Contudo, tomo para mim a responsabilidade de nos manter distante.
— Acho que conseguirei passar mais tempo, sim. — digo a ela, mas com peso na consciência, pois sei que isso não acontecerá.
Minha mãe assente animada.
— Podemos organizar uma viagem para a praia, seria ótimo, não seria?
— Seria incrível.
Cheguei faz menos de cinco minutos e já me sinto exausta emocionalmente. Preciso me afastar do motivo da exaustão.
— Mãe, posso descansar um pouco? Passei a noite na casa do Mike e quase não dormi. — a parte de passar a noite na casa do Mike é verdade, mas dormi maravilhosamente bem, obrigada.
Minha mãe ri baixinho e me olha com malícia.
— Consigo imaginar mesmo.
Preciso ignorar meu rosto esquentando e agir com tranquilidade, mas não a corrijo. Mike é meu melhor amigo e também meu namorado. E é gay. Nosso namoro é uma farsa que nós dois gostamos. Ele para esconder sua sexualidade dos pais homofóbicos e eu para fingir para minha mãe e César. Dá certo para os dois.
Olho de relance para César e percebo que sua atenção está focada em mim. Ele não gosta de Mike, diz que meu namorado é muito crianção. Não está errado, mas amo meu amigo exatamente por isso.
Arrumo minha mochila no ombro, ignorando o olhar do homem.
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Meu padrasto - Conto erótico (Amostra)
Roman d'amourMayra está a anos tentando ignorar o desejo que sente por César, seu padrasto, mas é difícil ignorar quando ele da indícios de sentir o mesmo. Por mais que tente lutar contra o desejo avassalador que sente, ela não tem certeza se conseguirá resistir...