Sem culpa, sem passados

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Jinyoung buscou o máximo que pode externalizar sua boa imaginação na tentativa de criar uma desculpa aceitável que explicasse a todos daquela casa os motivos que levaram Jaebeom a aparecer com o rosto inchado e machucado.

Sunhee estava assustada com tudo aquilo, mas não retrucou muito quando apenas disse que Jaebeom tentou lhe defender de um alfa qualquer.

Talvez aquilo fosse um pouco de verdade também.

Já sua mãe apenas lhe olhou com aquele típico olhar que Jinyoung era acostumado na sua juventude. Ela sabia que estava mentindo, mas também não fez nada além de ajudar Sunhee a procurar curativos.

O ômega não era nenhum especialista naquela área, mas obrigou Jaebeom a sentar na cama, depois dele tomar um banho, para que pudesse ao menos cuidar um pouco dele.

Só estavam ambos no quarto e, de certo modo, aquilo era um alívio.

"Você está fazendo errado, Jinyoung" Jaebeom sussurrou, fechando os olhos e sentindo a pele arder.

"Yah! Então como faz?" Perguntou um tanto trêmulo. Ainda não tinha se recuperado de todo aquele amontoado de sensações.

Jaebeom riu baixo, pegando o algodão e antisséptico, e explicando como era o correto a ser feito na hora de limpar um curativo.

Jinyoung prestava atenção e buscava memorizar tudo que o alfa falava. Ele deixou colocar os band-aids. Ficou feliz por conseguir um elogio final avaliativo do outro.

O ômega guardou as coisas assim que terminaram tudo e voltou a sentar de frente para Jaebeom. O silêncio entre eles se instalou muito brevemente, sendo quebrado por um suspiro desgostoso de Jaebeom, que buscou deitar na cama e ali permanecer.

Jinyoung apenas se esgueirou até ele, ficando mais próximo e deixando os dedos contornarem o rosto abatido e machucado.

"Me desculpe, Jaebeomie." Sussurrou com pesar.

Jaebeom abriu os olhos lentamente, encarando-o.

"Desculpa pelo quê?"

"Pelas coisas que eu te disse" proferiu com os lábios trêmulos. "Eu estou refletindo sobre muitas coisas que parecem fazer sentido agora." Continuou com o carinho no rosto do mais velho, buscando sempre por coragem para encará-lo, porque estava envergonhado de si mesmo. "Sungjun nunca me amou. Acho que... pude ter a certeza hoje. Ele adorava me mostrar como um troféu para você, porque sabia que te atingiria. Ele sempre soube da sua perda e todos os dias pisou nela e eu fiz parte disso. Eu disse coisas horríveis pra você naquela época.

Eu era tão mesquinho e cego de paixão... eu fui uma pessoa horrível e me igualei a ele, só por birra... para agradá-lo. Sungjun nunca quis formar uma família de verdade comigo, mas ele queria apenas jogar isso na sua cara. E eu sinto muito por não ter percebido isso." Terminou em lágrimas, sofrendo internamente por aquilo.

Jaebeom voltou a ficar sentado, puxando Jinyoung para si. Encarava-o nos olhos. Apreciava aquela verdade que Jinyoung carregava neles, assim como nas palavras.

"Você não tem culpa de nada"

"Para de dizer isso! Eu tenho culpa sim, Jaebeom! Você sabe que sim!" Jinyoung disse mais alto, com a voz quebradiça e culpada.

Jaebeom soltou um riso cômico, chiando em seguida por causa do corte na boca.

"Você ama ele Jinyoung."

"Amava!" Jinyoung o corrigiu rapidamente.

"Amava. Você o amava." Jaebeom sorriu levemente. "É normal que você fosse levado pelas coisas que ele dizia."

As Aparências EnganamOnde histórias criam vida. Descubra agora