Twenty Three

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Levo algum tempo para digerir a imagem da minha irmã agarrada ao Corbryn mesmo que tenha sido uma brincadeira, mas acabo conseguindo.

Graças à minha nova obsessão.

Essa fotografia. Eu não consigo parar de pensar no que Sav disse a respeito de Gaby e não consigo parar de olhar para essa foto no Page Six, é como se nela estivessem contidas todas as respostas do universo. Estou olhando para ela enquanto entro na estação Columbus Circle do metrô.

Momentos atrás eu deixei meu taco e minha luva no apartamento de Corbryn, que fica próximo do parque. Sem tirar os olhos do celular, desço as escadas com certa pressa e tomo o trem que segue na direção do centro da cidade. Seguro-me nas barras de ferro e nesse momento vejo pular para dentro do m vagão uma garota vestida em estilo meio hippie, com uma calça verde colada. Por um triz ela consegue entrar antes que as portas se fechem. A garota carrega sacolas nos dois braços.

- Uau - ela diz, aliviada por ter conseguido entrar. Mas a ponta de uma sacola de pano fica presa na porta e a jovem a puxa com força.

Quando consegue soltá-la, seu corpo gira sem controle junto com as sacolas.

Alguma coisa bate com força no meu cotovelo e eu me encolho involuntariamente.

- Ai. - A garota coloca a mão na boca.

- Você está bem? É a minha maionese?

- Maionese? - pergunto, esfregando o cotovelo com a palma da mão enquanto o trem faz uma curva no túnel. Por que será que o osso do cotovelo dói tanto?

- Eu tenho potes de pesto de maionese nesta sacola. Eu mesma fiz. Vou dar isso para uns amigos. Ah, Deus, será que...? - Há horror em seus olhos quando ela checa o conteúdo da sacola de palha que leva no ombro.

A dor no cotovelo me afligindo e ela verificando o estado dos seus condimentos?

- Não se preocupe comigo. A sua maionese me atacou sem motivo, mas eu não vou prestar queixa - resmungo baixinho, fazendo careta de dor. Ela olha para mim e se dá conta da situação.

- Você está bem? - ela diz. Faço que sim com a cabeça.

- Sim, estou. Agora pelo menos meu dedão do pé vai ter a companhia do cotovelo...

- A maionese atingiu seu dedo do pé?

- Não, um taco de beisebol agrediu o meu pé ainda há pouco. Parece que os objetos inanimados da cidade resolveram se voltar contra mim hoje - respondo, sentindo a irritação diminuir. - E a sua maionese, vai sair dessa com vida?

Ela faz um aceno afirmativo com a cabeça e abre um sorriso. Nós estamos chegando à próxima parada.

- Sim, ela sobreviveu. Desculpe por ter machucado você.

- Deixa pra lá. São os perigos de se viver numa cidade grande.

A garota olha para a minha mão. Eu ainda estou segurando o meu celular. A foto está bem visível na tela.

- Que casal fofo!

- Ah. Certo - eu digo, levantando o telefone.

- Os dois parecem muito felizes juntos - acrescenta a Garota da Maionese.

- Acha mesmo?

- Definitivamente - ela responde sem hesitar.

- O que acha que o cara deveria dizer a ela?.

- Como assim?

- Para que ela saiba como ele se sente. A jovem abre um largo sorriso.

- Ora, ele devia simplesmente dizer a ela o que está sentindo. Se ele gosta dela tanto quanto gosta de pesto de maionese, deve m contar de uma vez.

- Vou levar essa sugestão a ele - digo quando o trem chega ao centro da cidade.

Sigo pensando no assunto enquanto subo as escadas da estação e saio para a rua. Sei que esta situação com Gabrielly não é tão simples quanto maionese, e não é apenas porque maionese é uma das comidas de que menos gosto.

☾︎☀︎︎

O The Lucky Spot está uma zona, cheio como nunca. Não tenho tempo para pensar, nem para planejar nada. E é claro que não tenho tempo para descobrir o que fazer com os novos pensamentos estranhos que invadiram a minha mente.

Eu preciso bolar uma estratégia para isso, mas eu nem mesmo sei o que significa "isso".

Que somos mais do que amigos? Que o que eu sinto é real? Que quero descobrir se ela sente o mesmo? Qual é a palavra que define este sentimento? É como se o meu peito fosse um trampolim e o meu coração estivesse dando saltos nele. Acontece que eu nunca pratiquei essa modalidade antes e, se fizer isso de novo, eu talvez acabe caindo de cabeça no chão. Ou de bunda no chão. Ou até mesmo de cara no chão

Então tá. Com um bar cheio numa sexta-feira à noite, não vai ser fácil descobrir o que fazer com essas emoções pós-pesto de maionese.

Durante o movimento intenso da noite, eu me ocupo de cuidar dos pedidos de compra em meu laptop, contar a Gabrielly sobre o que aconteceu no metrô e ajudar no atendimento atrás do balcão; enquanto isso, no escritório dos fundos, Gaby estuda algumas ideias para uma nova campanha de marketing. Nour avisa do balcão, balançando uma garrafa vazia

- Vou pegar outra - digo, e então vou até o escritório, onde Gabrielly está empoleirada em uma cadeira reclinável, vestindo jeans e uma blusa de alça. Quando eu a vejo, imagens se congelam em minha mente: a foto em que aparecemos juntos, a ocasião na esquina da 43, o pesto de maionese, a pasta de dente, as palavras que ela disse a Krystian na outra noite. Meu coração parece pular em meu peito e eu me pergunto se é essa sensação do coração se acelerando subitamente que faz existirem livros, filmes, músicas e poemas sobres pessoas se apaixonan....

- Ei, olá - ela diz, e a suavidade em seu tom de voz me delicia. Mas o que me arrebata é sua doçura. Essa doçura parece pessoal e reservada apenas a mim.

Sim. Sim, é por isso que existem livros, filmes, músicas e poemas sobre apaixonar-se por alguém. Olho para Any com admiração. Mesmo que a gente ainda não tenha transado neste escritório, nem no bar - embora eu queira fazer isso -, eu não estou pensando em sexo agora. Estou pensando nela e nesse caos de palavras que se instalou na minha cabeça como uma sopa de letras.

- Olá para você também - respondo brandamente e aponto o armário atrás dela. - Preciso de uma Belvedere.

- Eu pego. - ela coloca o iPad na cadeira, levanta-se e estende os braços na direção da porta do armário.

Quando ela faz esse movimento, a sua blusa se ergue, deixando descoberta uma pequena parte de suas costas.

- Você está linda, Gaby. Ela olha para mim e sorri.

- Você também. Na sua casa mais tarde? Ou na minha?

- Talvez tudo se resuma a sexo para ela. Talvez ela queira apenas isso e nada mais. Ainda assim, eu preciso saber.

- Em qualquer uma. Tanto faz para mim - respondo.

E no instante em que Gaby abre o armário, eu me aproximo dela silenciosamente, para lhe dar um beijo no pescoço.

Sou então tomado por uma dor aguda quando a porta atinge a minha cabeça em cheio. Uma dor que começa e migra por todo o meu corpo, passando por cada uma das minhas pobres células.

Eu repito "filho da puta" não sei quantas vezes, porque isso dói como o diabo!

- Ah, meu Deus, ai, meu Deus! Você está bem? - ela diz em pânico,com as mãos nos meus ombros.

Minha mão direita cobre o meu olho e a minha cabeça vibra como se eu tivesse sido golpeado na têmpora com um taco de beisebol.

- Acho que você me acertou na cabeça - digo, embora isso tenha ficado bem óbvio e não necessite de explicação.

- Oh, não, Deus... - dessa vez ela sussurra as palavras e fica me encarando como se o meu olho tivesse saltado para fora da órbita.

- O que foi? - pergunto, e, embora eu m tenha certeza de que não estou cego de um olho, já que consigo enxergar, suspeito que o meu rosto não esteja muito bonito.

- Esse é o maior inchaço que eu já vi na vida!

- Esse é o maior inchaço que eu já vi na vida!

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Desculpem a demora.

Descem os erros. / Capítulo não revisado.

Até a próxima.

Ass: Ewellyn.

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